Realizou-se no Campo Pequeno, no início do mês de Fevereiro, a Festa do Chocolate. Neste evento participaram artistas e pasteleiros da região que produziram autênticas obras de arte usando aquela matéria-prima que apresenta algumas semelhanças com o barro. Foi lá que Rita Frutuoso fez peças de olaria enquanto que o chef pasteleiro Paulo Santos fez esculturas em chocolate de grandes dimensões, contando com a colaboração de alunos da ESAD.
Rita Frutuoso é a responsável pela oficina de cerâmica da ESAD e está a realizar o seu mestrado em Design do Produto na escola de artes caldense. Para o seu trabalho académico decidiu investigar as semelhanças entre o mundo da culinária e o da cerâmica. E foi nesse contexto que desenvolveu “um projecto que desafia o chocolate a ser trabalhado numa roda de oleiro”, conforme contou à Gazeta das Caldas.
Nesta sua caminhada de estudo, Rita Frutuoso teve um conselheiro, Paulo Santos, responsável pela padaria “Forno do Beco”, que a ajuda esclarecer as dúvidas sobre a culinária e a desafiar a modesta experiência que a ceramista tinha até então em trabalhar artisticamente produtos alimentares.
E como o evento “O chocolate em Lisboa” quis apresentar novidades ao seu público, foi “ouro sobre azul” quando o chef Paulo Santos falou com os organizadores sobre este projecto de Rita Frutuoso de trabalhar a matéria-prima alimentar como se fosse olaria.
E como é trabalhar o chocolate como se fosse barro? “No início a experiência foi desmotivante pois não correu nada bem, pensei até que talvez não fosse possível”. Mas Rita Frutuoso não desistiu da ideia e persistiu em melhorar a técnica. Tentando perceber o que estava a correr menos bem, procurou encontrar soluções e com trabalho e esforço “consegui chegar a melhores resultados”.
As peças feitas em chocolate apresentam muitas semelhanças com aquelas feitas em barro, tanto que até se confundem, ou seja, no que diz respeito ao aspecto final, persiste a dúvida de que material é feita a peça. A autora explicou também que para preparar a matéria prima (seja chocolate ou pasta cerâmica), é preciso obter determinada consistência e homogeneidade para ser trabalhada.
Já no que diz respeito às diferenças, enquanto o chocolate é uma matéria “muito sensível à temperatura e por isso temos de ter em consideração o ambiente onde trabalhamos”, na cerâmica essa questão não se coloca. Por outro lado, a peça de cerâmica tem que ir ao forno, enquanto que a peça de chocolate necessita apenas de endurecer para ficar pronta.
No caso das peças desenvolvida no Campo Pequeno, o patrocinador de chocolate do evento foi a marca Callebaut e as peças que iam sendo criadas pelas mãos da ceramista causaram surpresa total nas pessoas que assistiram à iniciativa. “Muitas nem acreditavam que era mesmo chocolate e outras queriam comprar as peças para levar. Foi muito curioso ver a reacção das pessoas”, disse a autora que ainda acrescentou que as obras em chocolate são “totalmente comestíveis”.
Rita Frutuoso vai continuar a fazer peças de olaria em chocolate e até pondera vir a realizar uma exposição onde os visitantes possam comer as obras expostas.
Neste momento a responsável pela oficina de cerâmica na ESAD divide-se entre o seu trabalho e o final da sua tese de mestrado onde compara o mundo gastronómico com o cerâmico.
Um chefe inca de chocolate em tamanho real
Paulo Santos, pasteleiro e formador da Escola de Hotelaria do Oeste, desde 2005 que trabalha a escultura em chocolate em grande escala. Hoje continua a participar em eventos que têm o chocolate por mote, sempre a surpreender com esculturas de grande porte. Nesta terceira edição do Chocolate em Lisboa fez um chefe inca em chocolate, que mede 1,75 metros e que levou 180 quilos de chocolate. Para este trabalho Paulo Santos contou com a colaboração dos pasteleiros Hugo Florentino e Marlene Santos e de vários alunos das escolas de hotelaria do Turismo de Portugal.
Coordenou também a execução de um painel de “azulejo” com uma imagem de Machu Picchu, que mede 2,5 metros de altura por três de comprimento. Para este último usou chocolate negro, leite e branco. Ao todo o pasteleiro usou 120 quilos daquela matéria prima e teve a colaboração de Bárbara Annes, João Margarido e Nuno Malangatana que foram (ou são) alunos da ESAD.
Paulo Santos, empresário da panificação é também finalista de Artes Plásticas da ESAD e ainda consultor de Rita Frutuoso. O pasteleiro chama a atenção para o facto inédito de ser a primeira vez que uma autora está a fazer olaria em chocolate. “As peças exalam o bom aroma e só dá vontade de colocar leite quente dentro destas pois o chocolate vai derretendo”, disse o chef.
Presentes nesta iniciativa estiveram também as empresas Bombondrice, Boutique do Chocolate e Ginga d’Obidos.






























