Evento mais antigo de Rio Maior cresce, é revitalizado e presta homenagem à “raínha da festa”, a cebola
Carlos Leal, de Alvorninha, participa na Feira da Cebola há 55 anos. Começou por ir vender com os seus pais e continuou o negócio de família. Também os seus sogros são ceboleiros e acabaram por “juntar as bancas”. Atualmente vende cebola no certame, juntamente com a esposa, os sogros e também com a neta, Matilde Félix, de 18 anos, que estuda na universidade, mas nesta altura vem ajudar os avós a manter viva a tradição.
Este ano levou para o certame cerca de seis toneladas de cebola, de produção própria. “Gosto muito desta feira, tenho boas recordações e também nos dão muito boas condições para trabalhar”, disse o ceboleiro à Gazeta das Caldas.
São os ceboleiros de Alvorninha que mantêm viva a FRIMOR – Feira Nacional da Cebola de Rio Maior. São à volta de uma dezena, a que se junta mais um ceboleiro de Óbidos. São, também, dezenas de toneladas que se podem encontrar no certame, que decorre até domingo. Carlos Leal conta que este foi um ano bom para a cebola, pois choveu pouco e esta hortícola não necessita de muita água. “E não houve grandes pragas este ano a atacar a cebola, que é um pouco mais pequena que em anos anteriores, mas de boa qualidade”, acrescenta.
Há muita cebola em sacos mas a mais tradicional, e que salta à vista, é a encabada. Uma tradição que, referem, está a perder-se devido ao trabalho que exige. “A cebola tem de ser apanhada de manhã cedo, para a rama não partir e é bastante trabalhoso”, explica a jovem Matilde Félix, que conhece bem a arte de entrançar as cebolas.
A FRIMOR abriu portas na tarde de segunda feira, 1 de setembro. A cerimónia de inauguração contou com a presença do secretário de Estado da Agricultura, João Moura, que destacou a “identidade regional” de Rio Maior, dando nota de alguns produtos de “excelência”, como o pão, a cebola e o sal. O governante falou da perda, nos últimos anos, de vários serviços do ministério da Agricultura, e também da falta de importância que era dada à formação e ensino ligado ao setor. “Hoje a agricultura é uma atividade altamente tecnológica, precisa, eficaz e respeitadora do meio ambiente”, disse, exortando os jovens a apostar no setor.
Sucessora da antiga Feira de Setembro, que celebra 303 anos da sua existência, a FRIMOR foi-se adaptando ao longo do tempo e, deixando de ser apenas uma feira popular, passou incluir programa composto por atividades desportivas, recreativas e culturais, ao longo de uma semana. Nesta edição, a Câmara de Rio Maior quis prestar homenagem à “rainha” da festa, a cebola, desde logo com a inauguração da Avenida dos Ceboleiros. A aposta na identidade desta feira é a grande novidade da edição deste ano, a par da divulgação.
De acordo com o presidente, Filipe Santana Dias, uma estratégia de oito anos levou a um “aumento do número de visitantes ao nosso concelho superior a 50%”.
Entre as novidades desta edição está o evento desportivo Cebola Run, a aposta nos vinhos locais e regionais, com cerca de 20 expositores, provas e conferências temáticas. Também o pão está em destaque, com a presença de quatro produtores/expositores e “lançando uma semente, que quiçá, poderá evoluir para uma feira dedicada ao pão de Rio Maior”, acrescentou.
Foi criado o espaço de animação Frimor Fest, com 25 expositores de street food, doçaria e licores, decorrem sessões de showcooking, espaço de restauração e a presença de 20 expositores de artesanato, a par do Espaço Frimor Fun Park para os mais novos. David Antunes, Xutos & Pontapés e Nininho Vaz Maia garantem a animação musical.
Dirigindo-se ao governante, Filipe Santana Dias lembrou que a agricultura continua a marcar a FRIMOR, com um reforço da presença de empresas com atividade ligada ao setor agrícola, e destacando que são os ceboleiros de Alvorninha os responsáveis por manter viva esta tradição.


































