As declarações do presidente da Câmara do Bombarral, Ricardo Fernandes, durante a inauguração do Festival do Vinho, de que, na manhã desse mesmo dia (10 de agosto), a ministra da Saúde teria confirmado aos autarcas do Oeste que a localização do novo Hospital do Oeste será o Bombarral, colocou o socialista no olho do furacão.
Na ocasião, o autarca falou da união e da não cedência a “bairrismos locais, ou partidários”, aplaudindo o estudo que considera a Quinta do Falcão, no Bombarral, como a melhor opção, tendo em conta a equidistância relativamente aos outros concelhos. “Não por amiguismo, mas porque é a localização mais rápida, mais segura e com todas as condições para acolher esta infraestrutura”, defendeu.
Entendimento diferente tem o presidente da Câmara das Caldas, para quem as declarações do presidente da Câmara do Bombarral “foram despropositadas”. Vítor Marques diz que estiveram uma dezena de pessoas na mesma sala e que “mais nenhum ouviu aquelas palavras por parte da senhora ministra”.
O chefe do executivo municipal das Caldas já partilhou a sua “estranheza” relativamente às declarações do seu homólogo do Bombarral junto da Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM), tal como outros autarcas, e pretende abordar o assunto numa próxima reunião. “Esperamos que a CIM tome uma posição em relação a estas declarações da mesma forma que tomou relativamente a um artigo de um jornal [Público], que não estaria correto, até porque este assunto é mais grave”, disse à Gazeta das Caldas.
Entretanto, o grupo parlamentar do PSD já apresentou um requerimento, onde questiona Marta Temido sobre se as declarações do autarca do Bombarral correspondem à verdade e se a ministra já decidiu e comunicou a decisão da construção do novo hospital.
Unicidade na criação do Hospital
Os autarcas do Oeste reuniram com Marta Temido na manhã de quarta-feira, concretizando assim um pedido feito há vários meses pela OesteCIM. As dificuldades no acesso à saúde na região estiveram em cima da mesa, num encontro que juntou também a presidente do conselho de administração do CHO e a vice-presidente da ARSLVT.
De acordo com Pedro Folgado, presidente da OesteCIM, os autarcas foram informados que há investimentos a serem feitos nas unidades hospitalares de Torres Vedras e das Caldas, mas reclamam que as necessidades são mais amplas e manifestaram a sua “preocupação” relativamente à falta de recursos humanos, tanto nos hospitais como nos cuidados de saúde primários.
“Solicitámos que fossem tomadas medidas práticas e urgentes para reter ou trazer médicos para a região”, disse o autarca de Alenquer, acrescentando que sugeriram a ajuda de privados, nesta fase. O Ministério da Saúde terá ficado de avaliar a viabilidade dessa ajuda dos privados e comprometeu-se com uma resposta aos autarcas até ao final do mês.
Pedro Folgado explicou ainda que, relativamente ao futuro e ao novo Hospital do Oeste, a ministra quis ouvir cada um dos presidentes de Câmara, que foram unânimes na necessidade de um novo hospital. “O que se consensualizou foi criar uma única estrutura e ver o que fazer com as estruturas existentes em termos de saúde”, disse, acrescentando que o estudo poderá dar um contributo relativamente às valências que poderão vir a ter.
O presidente da OesteCIM fala de um “dado novo” com a criação de um Hospital, cuja centralidade permitirá que Sobral de Monte Agraço, que drena para Loures, Arruda e Alenquer que versam para Vila Franca, passem par ao Oeste e tirem pressão nestes hospitais. “Tirar a pressão de Loures e Vila Franca também é um novo parâmetro para a criação do novo hospital do Oeste”, referiu o também presidente da Câmara de Alenquer.
Os autarcas pediram ainda para que seja aberta uma rubrica, no Orçamento de Estado de 2023, para se começar a avançar com o projeto e que possa “indiciar do interesse do Estado Central em andar para a frente com a obra”, salienta. ■






























