
Depois da imigração, a ACCCRO debateu as dificuldades da restauração local. Segue-se nova tertúlia, a 26 de março, sobre a diversão noturna da região
“Quantos restaurantes estão abertos nas Caldas ao domingo?”. Foi com esta interrogação que Luís Gomes, o presidente da ACCCRO deu início à tertúlia “O Futuro da Restauração: Concorrência ou Aliados?” que teve lugar, a 26 de fevereiro, na Galeria do Turismo. Moderado por Daniel Pinto, diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO), o evento contou com o edil caldense, Vitor Marques e de Ilda Cruz, em representação do Turismo do Centro.
De volta aos restaurantes abertos ao domingo, são de facto “muito poucos” os que servem almoços e jantares neste dia. Luís Gomes defendeu a ideia dos restaurantes serem aliados, combinando abrir alternadamente. “Temos que servir bem quem nos visita”, referiu o responsável.
Daniel Pinto defendeu que o restaurante deve ser um espaço onde é possível conhecer melhor a região. Ilda Cruz, do Turismo do Centro, referiu que a ida a um restaurante “deve ser uma experiência criativa e as próprias ementas devem preocupar-se em conter os produtos endógenos para proporcionar uma experiência diferenciada”. A convidada gostaria também que houvesse tecnologia que permitisse encurtar o tempo de espera “que aguardamos pelo funcionário para fazer o pedido ou poder pagar”.
Na sua opinião é preciso apostar no serviço de forma a poder proporcionar uma boa experiência ao cliente próximo, assim como aos turistas.
José Eloi, do restarante Maratona relembrou que houve nas Caldas uma iniciativa da ACCCRO que procurava um prato feito com produtos típicos local da região e assim surgiu a Tronchuda, que sugeria aos restaurantes que fizessem um embrulho de couve, dando espaço à criatividade, pois as Caldas “é também uma Cidade Criativa”. Na sua opinião este evento poderia ser resgatado, em vez de apostar na quinzena de outros produtos como a da codorniz.
Paulo Santos, do Trigo & Bolota, chegou com uma proposta de redução do IRC (que é de 21%) “para os 10% e o remanescente deveria ser obrigatoriamente canalizado para a massa salarial. Seria uma boa e justa medida”, disse.
O empresário quer dar melhores condições aos funcionários, evitando assim a debandada de mão de obra qualificada para o estrangeiro “onde pagam melhor”. Tatiana Henriques, do restaurante Coletivo, que fica ao cimo da Praça, falou sobre a dificuldade conseguir funcionários e, sobretudo, “quem queira trabalhar ao domingo”. A empresária disponibilizou-se para participar em iniciativas como a Tronchuda, que possam envolver todos os restaurantes da região e que são cerca de 120.
Por seu lado, Pedro Felner, do Maria dos Cacos, acha que é a concorrência que nos “faz querer ser melhor e a ter projetos cada vez mais ambiciosos”.
Na sua opinião, na restauração é necessário ter “produto, preço, serviço e ambiente”. E este último ainda falta nas Caldas: “é preciso apostar no ambiente cosmopolita e não apenas na centralidade”. O empresário referiu-se ao facto das Caldas estar perto de Lisboa, próximo da Nazaré e de Peniche, mas “precisa de abrir novos espaços ligados à região que tragam inovação e diferenciação ao mercado”. É necessário que a cidade atraia turistas “que queiram cá vir “e não apenas aqueles “que se perdem por Óbidos e vêm aqui parar”.
A cidade “precisa de ter marcas e um projeto de marketing em volta de conceitos, seja das termas, seja a cerâmica para que as pessoas queiram cá vir”. E para tal “nem é preciso muito dinheiro, é preciso ter ideias que saiam fora da caixa”, rematou. Seguiu-se Archil Shinjikashvili, do Geo Wine & Supra, que apontou que há falta de gente para trabalhar na restauração. E que são necessárias iniciativas pois “são esses eventos trazem gente às localidades”. Contou ainda que chegou a ter o restaurante aberto ao domingo, mas hoje “não consigo ter funcionários e também não há clientes. Só tinha despesas…”, disse o chef georgiano que considera que faz sentido trabalhar em conjunto, pois quando está cheio, recomenda um concorrente onde sabe que o cliente vai ser bem servido. Sente também falta de mais espaços noturnos e “é uma vergonha ter que recomendar espaços no Baleal ou na Nazaré”. Para o empresário faz sentido aliar a diversão noturna aos restaurantes e não tem dúvidas que estes fazem um ótimo trabalho na promoção das Caldas .
Hugo Bingre, da Hamburgueria Casa do Bingre, considera que a concorrência é saudável e gostava que a Avenida 1º de Maio (onde se situa), se transformasse numa zona que se dedicasse à restauração. “Quantos mais melhor, agora temos todos que elevar a fasquia e oferecer boa qualidade aos clientes”, disse o empresário que concorda na aposta de mais eventos para atrair mais gente às Caldas. Contou que se mantém a trabalhar aos domingos “por achar que o devo fazer, por quem nos visita”. Hugo Bingre também sente falta de pessoal, problema igualmente, por Ricardo Figueiredo, do Restaurante Cocos Bar, que fica na Foz e que tem que fechar em vários períodos dos dias, por esse motivo. Emanuel Gomes, do Restaurante Poço do Zé, um espaço que abriu em 2011, que também trabalha aos domingos, referiu que é preciso “apostar forte nas pessoas e também na sua formação específica”. A sessão foi encerrada pelo edil caldense, Vítor Marques, que sublinhou que é preciso unir vontades para colocar as Caldas no mapa. Referiu também que há a intenção de apostar em eventos para atrair público. A próxima tertúlia da ACCCRO decorrerá será a 26 de março e será sobre espaços noturnos.■






























