Restaurante de Óbidos recebeu cinco estagiárias francesas

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Gazeta das Caldas

Cinco jovens de 18 anos, estudantes de uma escola profissional de Nantes (França), estiveram a estagiar durante um mês nos restaurantes Traçadinho e Muralhas (Óbidos), propriedade do casal Ferreira. Quatro das estudantes regressaram a semana passada às suas casas, tendo ficado uma jovem que continuará o serviço de empregada de mesa durante o período das férias de Verão.

Quatro jovens que frequentam o curso de técnico de restauração e uma de cozinha, no Lycée Profissionnel Louis Armand, em Nantes (França), todas com 18 anos, estiveram a estagiar em dois restaurantes do concelho de Óbidos durante um mês. A ideia surgiu de uma conversa informal entre professores da escola francesa e José Ferreira, responsável pelo Traçadinho (Capeleira) e Muralhas (Óbidos) em Abril. Na altura, os docentes gauleses foram a um dos seus restaurante, no âmbito de um intercâmbio com a Escola Fernão do Pó, no Bombarral, e o empresário, em conversa, falou-lhes da dificuldade em encontrar mão-de obra qualificada. Dois meses depois, sem grandes burocracias, recebia as cinco jovens, que estavam a acabar o 11º ano.
Entre 7 de Junho e 5 de Julho o Traçadinho recebeu duas das francesas e o Muralhas três. Quatro já regressaram a França e só ficou Makeda Barreto de Castro que prolonga a sua estadia em Portugal pelas férias de Verão, ficando a trabalhar no restaurante de José Ferreira.
“No início do estágio já tinha pensado fazer cá todo o Verão e os professores aconselharam-me a experimentar primeiro para ver se gostava”, disse a jovem estudante, que quer ficar porque gostou do ambiente, do restaurante e dos portugueses.
A adaptação de todas as alunas foi fácil. Destacam que a língua foi o maior entrave, mas como os proprietários dos restaurantes estiveram emigrados na Suíça e falam fluentemente francês, acabou por facilitar a comunicação. Também os clientes foram informados do intercâmbio e que as “empregadas” não falavam bem português e acharam a experiência muito interessante.
Por outro lado, as jovens trouxeram uma lufada de ar fresco aos estabelecimentos. “Ninguém perde em ter contacto com uma escola destas, que prepara para uma profissão”, disse José Ferreira, acrescentando que os alunos tanto aprendem a trabalhar para restaurantes vulgares como para estabelecimentos premiados.
Heloíse Ferreira, filha dos proprietários, também destaca a técnica que as jovens apresentaram no trabalho, com à vontade em pôr a mesa ou abrir uma garrafa de vinho. “Em Portugal os jovens saem das escolas de hotelaria com a ilusão de que irão ser chefes de sala ou de cozinha, enquanto que estas vêm com a noção de que têm que começar por fazer os trabalhos básicos e não se negam a isso”, disse a também empresária, que tirou o curso de Gestão Turística na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste.
E o pai concretiza: “Estudam ser chefes e, por vezes, não aprenderem as bases. Ensinam-lhes a fazer risoto, mas não sabem fazer um arroz de tomate”, diz, adiantando que muitos desses jovens depois mudam de área por verificarem que a profissão não é exactamente como pensavam.

Intercâmbios a nível europeu

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O empresário da restauração desmistifica a ideia de que estejam a aproveitar para trabalhar com mão-de-obra gratuita, até porque ainda não se registou uma grande afluência de trabalho, o que deverá acontecer daqui para a frente. É antes a sua “participação social”, diz, fazendo notar que seria interessante que no futuro houvesse um intercâmbio de estágios nas áreas profissionais a nível europeu, como forma de preparar os jovens para a vida activa e ajudar as empresas com mão-de-obra.
“O ideal seria que, no futuro, os alunos da escola portuguesa, por exemplo do Bombarral, também tivessem aceitação por parte de empresas francesas e que haja uma maior mobilidade e abertura estes cursos profissionais”, opinou.
No caso deste intercâmbio, a escola francesa garante o seguro e a viagem das jovens, enquanto que o alojamento e as refeições foram asseguradas pela família Ferreira. As jovens ficaram a residir na Capeleira e o casal, no tempo livre, aproveitou para as levar a passear pela região e a conhecerem a vida nocturna.
Entretanto, José Ferreira já foi convidado para ir à escola francesa dinamizar uma semana de cozinha portuguesa.
No Traçadinho e no Muralhas estão também a trabalhar durante o Verão dois jovens, que já ali fizeram um estágio profissional pela escola de Constança.

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