Residências criativas e literárias de Óbidos recebem autores dos quatro cantos do mundo

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Aresidência literária Ruy Belo, inaugurada em 2021, reúne cerca de dois mil livros da coleção particular do autor natural de S. João da Ribeira (Rio Maior)

Os chefs chocolateiros brasileiros, Abner Ivan e Natália Marinho, estão, desde o início do mês de fevereiro, numa residência criativa em Óbidos, a criar um laboratório científico, em chocolate, que estará em exposição no festival deste ano. Recentemente, a Banda Papercutz fez uma residência, na área da música, com a União Filarmónica de A-da-Gorda, do qual resultou o concerto de encerramento do festival Latitudes. Pelas quatro residências criativas (três dentro da vila e uma no complexo desportivo) já passaram também artistas circenses e de teatro, que vêm trabalhar em projetos com a comunidade, e jovens, como foi o caso do grupo de estudantes brasileiros que esteve em Óbidos no âmbito do projeto “Escolas que se abraçam”, que envolve vários países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

A Banda Papercutz fez uma residência, com a União Filarmónica de A-da-Gorda

A par das residências criativas existem duas residências literárias, a Josefa d’Óbidos, uma casa antiga recuperada pela autarquia e que desde 2015 recebe escritores, e a Ruy Belo, inaugurada em 2021 e que reúne cerca de dois mil livros da coleção particular, assim como diversas referências literárias e fotográficas ao autor, natural de S. João da Ribeira (Rio Maior). A sua criação surge da distinção de Óbidos como Cidade Literária, pela Unesco, e na estratégia de “olhar para os livros e  para a literatura como uma das principais forças de desenvolvimento económico e de coesão social deste território”.

Por estas duas residências já passaram dezenas de escritores, como foi o caso de Marina Tapia, António Pomet ou Begoña M. Rueda, no âmbito do intercâmbio de escritores com Granada, e dos moçambicanos Otildo Justino ou Francisco Panguana Junior, vencedores do Prémio Fernando Leite Couto.

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“Não há semana em que não recebemos um e-mail a pedir para fazer uma residência em Óbidos”, refere a vereadora com o pelouro da Cultura, Margarida Reis, especificando que há muita procura, principalmente, por parte de brasileiros e espanhóis. Este interesse por parte dos autores fortalece a estratégia de Óbidos como cidade criativa da literatura, no entanto, “têm de haver critérios na seleção”, salienta. E, se por um lado, é importante ter jovens autores, como os vencedores do Prémio Fernando Leite Couto, que ali permanecem um mês em residência literária, também “interessa” a Óbidos ter escritores consagrados, reconhece a autarca.

O objetivo passa por “acolher autores de todo o mundo, permitindo-lhes mergulhar num ambiente de refúgio propício para relaxar e criar trabalhos, bem como contactarem, de forma privilegiada, com Óbidos, a sua história e identidade”, refere a autarca. Mas a autarquia pretende também potenciar o território do concelho. Nesse sentido, perspetiva criar a residência literária Armando da Silva Carvalho no Olho Marinho, a terra natal do poeta, ficcionista e tradutor. Este autor (1938-2017)estará também em evidência no Dia da Poesia, que se assinala a 21 de março, com um espetáculo por jovens que musicaram poemas da sua autoria.

No âmbito da Rede das Cidades Criativas do Centro, criada recentemente, terão lugar residências criativas nos seis municípios que a integram, desenvolvendo projetos comuns à região.

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