
A desactivação do relógio com mais de 200 anos da igreja paroquial de A-dos-Francos está a causar polémica na vila. Alguns paroquianos não estão de acordo com a substituição daquele mecanismo por um relógio computorizado previsto nas obras de restauro do templo. O padre José Gonçalves diz que uma avaliação técnica concluiu que o relógio está em mau estado e que a sua reparação não é viável, mas garantiu que este vai ser recuperado e permanecerá na igreja em exposição.
“A máquina do relógio é muito antiga, foi vista por técnicos e estes dizem que não tem arranjo”, disse à Gazeta das Caldas o padre José Gonçalves. Segundo o pároco, os técnicos transmitiram-lhe que já foram tentadas reparações em relógios idênticos em igrejas de outras localidades, sem sucesso.
O antigo mecanismo vai sofrer uma intervenção de restauro e permanecerá no mesmo local, em exposição, protegido por uma redoma de vidro. Será ainda instalado um novo mecanismo computorizado que vai comandar o relógio da torre e o toque dos sinos. A intervenção está orçada em cerca de 2000 euros.
Esta intervenção está integrada no projecto de recuperação integral da igreja e foi aprovada pelo Conselho Económico da Paróquia, que está a gerir as obras, adiantou o padre José Gonçalves.
No entanto, alguns paroquianos de A-dos-Francos estão indignados com a intervenção. “Se a igreja está a ser recuperada para ficar como antigamente, faz mais sentido ficar com o relógio antigo”, disse Dulce Almeida à Gazeta das Caldas, acrescentando que “há muita gente a querer o relógio de volta”.
Lurdes Alexandre também não concorda com a desactivação do relógio antigo e lamenta que a intervenção não tivesse sido devidamente comunicada aos paroquianos. “O relógio estava a trabalhar e quando demos por isso estava desmontado”, comenta. Ela própria diz que tem conversado sobre este tema com outros paroquianos e que “muitos não sabem o que se passa e quando sabem ficam admirados”.
Lurdes Alexandre sublinha que o relógio tem um elevado valor sentimental para a população e o que ele precisava era “de uma pessoa que lhe fizesse manutenção”.
António Monteiro, presidente cessante da Junta de Freguesia de A-dos-Francos, disse à Gazeta das Caldas que não se pronuncia sobre este tema enquanto autarca, mas enquanto cidadão gostaria de ver preservado “tudo o que é histórico na nossa freguesia”.
O padre José Gonçalves tem conhecimento do descontentamento, mas diz que provém de uma minoria que “não é expressiva”.
REPOR VERDADE HISTÓRICA
A igreja paroquial de A-dos-Francos está a ser alvo de uma intervenção de fundo com a qual se pretende repor aquele templo como era originalmente.
“Temos uma imagem de 1762 que mostra como era a igreja e as suas pinturas”, refere o padre José Gonçalves. Os trabalhos já estão a decorrer e incluem a recuperação do traço original do altar-mor e a recuperação de outros dois altares que foram retirados no passado.
As pinturas originais, que foram sobrepostas, também vão ser recuperadas. Os madeiramentos vão ser recuperados e, quando tal não for possível, serão substituídos e a instalação eléctrica vai sofrer uma actualização.
As obras, que rondarão um custo de 80 a 90 mil euros, deverão ficar concluídas no início do próximo ano. No entanto, tendo em conta a delicadeza que obriga alguns dos trabalhos, o prazo pode estender-se até Setembro de 2018.






























