A igreja de São Gião, na Nazaré, remonta ao tempo em que o reino das Astúrias ocupava parte do território hoje português, mas que apresenta vestígios visigóticos. Trata-se do único monumento nacional do concelho nazareno e que os especialistas consideram que remonta ao séc. VI.
Apesar disso, a igreja tem estado votada ao abandono nos últimos anos. A estrutura metálica degradada que a deveria proteger, é hoje um risco à segurança da própria igreja e de quem a visita, mas a Câmara lançou um concurso público que prevê um investimento de 245 mil euros para o restauro e consolidação estrutural do templo.
A Câmara da Nazaré aprovou a abertura do concurso público para “Restauro e Consolidação Estrutural da Igreja de São Gião” no valor de 245 mil euros. Segundo a autarquia, “a operação permitirá a visita ao local”, que é o único monumento nacional do concelho. Actualmente a estrutura metálica de protecção, que foi instalada para proteger a igreja, está bastante degradada pelo tempo, havendo vários painéis de metal no chão, em volta do monumento.
Este templo localiza-se no sopé da Serra da Pescaria, a 600 metros do mar, numa língua de terra arável entre o areal e uma encosta rochosa. O acesso é feito andando dois quilómetros por uma estrada de terra batida que passa junto a várias explorações agrícolas até chegar à Quinta de São Gião, um conjunto de casas rurais que se localiza ao lado da igreja.
Desde que foi descoberta, na década de 60 do século passado, a igreja foi catalogada como visigótica, uma vez que apresenta elementos dessa época (séc. VI).
Mais recentemente, os trabalhos de escavação evidenciaram características das igrejas asturianas do século X. Pressupõe-se então que esta seja uma igreja asturiana (do reino das Astúrias) construída com elementos de um templo visigótico que ali terá existido anteriormente.
No site da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) pode ler-se que “as próprias características arquitectónicas do conjunto afastam-no do universo visigótico e aproximam-no extraordinariamente do restrito número de templos asturianos, conforme se comprova pela existência de tribuna ocidental e câmara supra-absidal”.
A primeira intervenção arqueológica naquela achado deu-se em 1965, com Eduíno Borges Garcia e Fernando de Almeida. Um quarto de século depois, em 1990, tiveram lugar os trabalhos de protecção, com instalação de uma cobertura provisória, que foi destruída pelos ventos e reposta nos anos de 1996 e 1997.
Em 1998 ficou concluído o processo de expropriação, ainda que no ano seguinte tenha sido necessário recorrer a uma intervenção da GNR, da Câmara e do Instituto Português do Património Arqueológico (IPPAR) para remover um ocupante que persistia em viver nos edifícios que existem na quinta.
Depois foi instalada a vedação e a rede eléctrica e foi limpo o terreno e o caminho de acesso. Foi ainda instalado um sistema de bombagens no poço para controlar os níveis freáticos.
No início do milénio realizou-se a primeira fase de recuperação e reabilitação, que segundo a DGPC, consiste “num conjunto de operações de preparação da grande operação de reabilitação do monumento”.
Recentemente a recuperação da igreja foi incluída no Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial (que integra o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano da Nazaré) e candidatada a fundos comunitários.
Em comunicado, a Câmara esclarece que “desenvolveu várias diligências junto da tutela para travar a elevada degradação das infraestruturas metálicas que cobrem todo o monumento”.































