
Os lavadouros do Vau, construídos em 1967, aproveitando um recurso de água natural que ali passa, e recuperados no ano passado, foram o cenário para uma tarde de recriação histórica, lembrando como era a lavagem da roupa à mão e o convívio que esta tarefa doméstica possibilitava. A iniciativa, que decorreu na tarde de sábado (6 de agosto), foi dinamizada pelo Rancho Folclórico e Etnográfico Estrelas do Arnóia, da Sancheira Grande (Óbidos), que recria esta atividade, a par de outras, representativas do mundo rural dos tempos antigos.
Às mulheres que simulavam a lavagem de peças de roupa nos tanques do lavadouro, juntaram-se os restantes elementos do grupo, que interpretaram uma dúzia de músicas do seu repertório. Esta atuação teve a particularidade de ser a primeira que o rancho fez, após uma paragem de dois anos devido à pandemia. E atuaram sem ensaio, explicou à Gazeta das Caldas, Luís Duarte, presidente e ensaiador do Rancho Folclórico Estrelas do Arnóia, que escolheu um repertório que se adequasse a este recomeço e escolheu os pares para o dançarem. Durante todo este tempo houve elementos que desistiram, outros que não atuaram porque o traje já não lhes serve, mas a certeza é que querem retomar a atividade e voltar a mostrar o folclore desta região.
O rancho, que nasceu em 1995 pela vontade da acordeonista Maria de Assunção Silva, conta com elementos dos 9 aos 70 anos, com uma média de idades entre os 20 e 30 anos e, a sua maioria, elementos da terra. A pandemia trouxe desistências, pelo que o grupo tem portas abertas a novos dançarinos e quem o quiser integrar é bem vindo, mesmo não sabendo dançar, salienta Luís Duarte. Basta que apareça nos ensaios que decorrem à sexta-feira à noite, quinzenalmente, na coletividade da Sancheira Grande.
Identidade da freguesia
Esta foi a primeira de um conjunto de iniciativas culturais que o executivo da junta de freguesia do Vau pretende dinamizar no espaço envolvente aos lavadouros, no centro da aldeia. Em abril, uma empresa de animação promoveu uma atividade para as crianças que frequentam o jardim de infância, mas esta foi a primeira dirigida a toda a população. “A aposta neste evento tem por objetivo envolver a comunidade e manter viva a identidade da freguesia”, explicou o presidente da Junta de Freguesia, Frederico Lopes, acrescentando que, além do folclore, apostaram também na realização de uma noite de fados, com a participação de Nani Nadais (fadista humorista), Andreia Matias, Avelino Santos e António Leitão. Na guitarra portuguesa esteve Pedro Marques e na viola de fado, Gilberto Silva.
Mais de 80 pessoas reservaram lugar para jantar, “o que é muito bom para uma primeira iniciativa do género”, realça Jessica Silva tesoureira da junta, acrescentando que as iniciativas culturais foram gratuitas, de modo a serem acessíveis a toda a população.
Para além da componente cultural, o espaço dos lavadouros é ainda utilizado por algumas mulheres do Vau para ali lavar a sua roupa, à mão. A requalificação deste espaço identitário da localidade foi inaugurada em janeiro do ano passado. Tratou-se de uma intervenção do anterior executivo, presidido por Frederico Lopes, (neto do autarca que mandou construir os lavadouros) com o apoio da Câmara de Óbidos, que financiou a obra, no valor de 44 mil euros. De acordo com Frederico Lopes, a requalificação daquele espaço, no centro da localidade, não tem só um aspeto estético, mas também um “sentimento de preservação de um dos edifícios que carateriza a freguesia”. ■






























