Rebuilt e West of Mine são dois projetos distintos, mas têm uma filosofia comum: recuperar imóveis antigos, mantendo a identidade que os torna únicos
O parque imobiliário mais antigo, sobretudo quando se encontra devoluto, pode ser um problema para as cidades. A sua recuperação contribui para aumentar a oferta de habitação e combater a desertificação dos centros históricos, mas é, igualmente, um importante contributo para a preservação da própria identidade destes espaços urbanos e da sua história.
Foi neste contexto que surgiram, nas Caldas da Rainha, dois projetos que têm em comum a paixão de trazer para os dias de hoje edifícios pensados noutros tempos, preservando a sua identidade.
Para o casal Rita Monterroso e Pedro Simão, advogada e empresário do ramo do fitness, tudo começou em 2013 quando procuravam casa para a família. “Encontrámos um apartamento pequeno na Rua Visconde Sacavém ao qual achámos graça, mas que estava em muito mau estado”, conta a causídica.
Foi a primeira remodelação que fizeram e assim nasceu o projeto Rebuilt (rebuilt.pt). A intervenção é feita com o objetivo de dar à habitação as comodidades indispensáveis para os dias de hoje, como o isolamento térmico, telecomunicações, redes de água e elétrica atualizadas, mas mantendo o aspeto vintage. “Tentamos ‘descascar’ materiais antigos que já não se usam hoje, como o tijolo burro”, realça Rita Monterroso, acrescentando que tentam também reutilizar ao máximo objetos antigos da própria casa para utilizar na decoração.
Projetos procuram manter identidade original, atualizando as condições de conforto
A recetividade que tiveram do mercado foi muito positiva. “Arrendámos rapidamente, por um preço justo, mas compensador e decidimos continuar”, conta Rita Monterroso. Entretanto, a Rebuilt já recuperou cerca de 10 imóveis, todos em zonas antigas e centrais da cidade. O público alvo tem sido composto por pessoas entre os 30 e os 40 anos, sobretudo portugueses, mas também alguns estrangeiros.
Rita Monterroso afirma que está é “uma ocupação muito absorvente, mas que nos dá muito gozo”, acrescentando que, não sendo esta a principal atividade do casal, tem sido muito importante, também, a sensibilidade da equipa da Rebuilt em relação às características do projeto. Numa das obras, a equipa conseguiu encontrar de um chão muito bonito, mas irrecuperável, uma tábua assinada pela pessoa que aplicou o chão, com data da aplicação. “São coisas que conferem personalidade e alma aos nossos projetos”, conclui.
WEST OF MINE. Um pouco diferente é a história de Sara Pessoa Amorim. O design de interiores sempre esteve nos seus horizontes. Há dois anos deixou o seu emprego de decoradora para fundar a West of Mine (instagram.com/westofmine), uma empresa com a qual se dedica à recuperação de imóveis antigos.
“Sou perdida por edifícios antigos, com revestimentos cerâmicos e afins”, confessa. Gostava em particular de um edifício no Largo João de Deus, mas “não tinha dinheiro para o comprar, muito menos para as obras”, pelo que decidiu começar por um apartamento mais pequeno, que só necessitava de remodelação interior.
O projeto de Sara Pessoa Amorim tem como mote “Exploring, investing & creating” (explorar, investir e criar). O processo passa por encontrar imóvel, adquiri-lo e transformá-lo para depois vender. “Faço acima de tudo espaços funcionais. Quando começo ainda não tenho um cliente, estou a trabalhar no abstrato e não posso personalizar muito, senão limito o meu público alvo”, conta. No entanto, os projetos tentam sempre aproveitar a história do próprio imóvel e a decoradora procura também imprimir o seu cunho, de modo a que, quando coloca o imóvel no mercado, este não seja “apenas mais um”.
“Quanto mais história tiver o edifício, mais atrativo se torna. Na construção antiga os pormenores eram todos muito bem pensados, enquanto na construção recente os prédios são todos muito idênticos”, sustenta.
Os investimentos da West of Mine têm sido feitos nas Caldas, em construção com mais de meio século. “Hei-de chegar aos centenários”, preconiza Sara Pessoa Amorim.
Quem procura, por norma, “são pessoas que já estiveram fora e regressaram, mas também pessoas que estão a vir, ou a regressar, de Lisboa”, refere.
Entretanto, a empresa começou, igualmente, a trabalhar para o cliente final, sobretudo em Lisboa. n






























