
Mais uma vez a Escola Secundária de Raul Proença foi a melhor escola do distrito de Leiria nos rankings baseados nos resultados dos exames realizados pelos alunos no final do ano lectivo 2011/2012. Olhando para o ranking de todas as escolas do jornal Público, onde a escola caldense ocupa a 29ª posição, regista-se uma subida acentuada relativamente ao ranking do ano passado (no qual tinha ficado em 54º lugar), tornando-se na terceira melhor escola pública numa lista onde cabem às privadas de Lisboa e Porto os lugares cimeiros.
Com um total de 572 exames realizados, a Raul Proença registou uma média de 12,18. Uma média acima do valor esperado, fixado em 10,51 e calculado “com base no número de provas realizadas na escola e o contexto em que se insere”, neste caso com o índice 4, referente a um contexto socioeconómico mais favorecido. No Ranking 2 do jornal Público, que exclui as escolas onde foram feitos menos de 50 exames, o resultado da escola caldense é ainda melhor, subindo para a 25ª posição nacional.
A segunda escola caldense a surgir na tabela daquele diário, na 43ª posição, é o Colégio Rainha D. Leonor, com 255 provas e uma média de 11,76 valores (quando no ano passado tinha ficado no lugar 88). Se tivermos em conta apenas as escolas onde foram prestadas mais de meia centena de provas, o colégio privado sobe para a 38ª posição. Neste caso não há referência quanto ao valor esperado, nem quanto ao contexto em que a escola se insere.A última escola caldense a figurar no ranking é a Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, no 314º lugar. Aqui registou-se uma média de 9,71 valores em 127 exame, uma décima acima ao valor esperado, num contexto de nível 2, apenas um número acima do mais desfavorecido. No ranking que se cinge a escolas onde foram prestadas mais de 50 provas a escola surge na 296ª posição.
Também a Escola Bordalo Pinheiro regista uma grande subida relativamente às tabelas publicadas pelo Público no passado ano lectivo anterior, nas quais tinha ficado no lugar 547.
No ranking Expresso/SIC a ordem mantém-se, com a Escola Secundária de Raúl Proença a surgir no 32º lugar no ranking de todas as escolas (59ª em 2011, 25ª na listagem de escolas com mais de 100 exames), seguida do Colégio Rainha D. Leonor na posição 44 (81 no ano passado, 34 nas escolas com mais de 100 exames) e da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro em 178º (lugar 462 em 2011, posição 152 na listagem das escolas com mais de 100 exames).
No concelho de Óbidos, a Escola Josefa de Óbidos alcançou a posição 452 no ranking geral (lugar 430 na listagem das escolas com mais de 50 provas realizadas). A média de 9,06 valores em 76 provas ficou abaixo do valor esperado (9,24), tendo-lhe sido atribuído um contexto de valor 2.
Escolas salientam trabalho dos alunos e dedicação dos professores
“Estes resultados são uma consequência do nosso trabalho e da nossa postura relativamente aos exames e ao prosseguimento de estudos”, diz o director do Agrupamento de Escolas de Raul Proença, José Pimpão na reacção à divulgação dos rankings escolares. Numa escola voltada para o prosseguimento dos estudos, onde apenas 6% dos alunos frequentam cursos profissionais, os rankings trazem reconhecimento de um trabalho “feito não apenas virado para os resultados, mas que permite que os alunos tenham uma oferta completa, tendo por exemplo muita diversidade no Desporto Escolar”. Admitindo que internamente ainda há vontade de melhorar, o responsável diz que “é um facto que os nossos alunos estão melhor preparados”.
José Pimpão tem a “convicção firme de que um aluno do concelho ou arredores que queira prosseguir estudos tem na Raul Proença a melhor opção”, o que torna Caldas da Rainha numa “muito boa opção em termos de educação” para as famílias que estejam à procura de um lugar para viver.
“Bastante satisfeita” está também a direcção pedagógica do Colégio Rainha D. Leonor, que salienta que os resultados reflectem “mais uma vez, o trabalho e a dedicação de todos os que contribuem para os bons resultados da escola”. A direcção pedagógica diz orgulhar-se “individualmente pelos resultados obtidos pelos alunos do Colégio, e colectivamente, por fazermos parte e contribuirmos para o excelentes resultados do Concelho de Caldas da Rainha”.
Já o director da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, António Veiga, manifesta uma “satisfação contida” dado que ainda não fez uma análise aprofundada dos resultados alcançados pelos alunos da escola nos exames nacionais do ano lectivo de 2011/2012. O director salienta o grande peso que os cursos profissionais têm na oferta formativa da escola, o que “não é fundamental, mas também conta”, para os resultados nos exames.
“Ainda não atingimos o que queremos”, diz o responsável, ressalvando uma “maior preocupação com os alunos como pessoas do que com os resultados. Não estamos aqui para formar elites”, diz. António Veiga salienta o mérito dos alunos nos resultados da escola, que este ano registou uma grande subida nas tabelas, e congratula as duas escolas caldenses que tiveram “muito bons resultados”.
Raul Proença domina também no 9º ano
Também nos exames do 9º ano a Raul Proença é a mais bem classificada entre todas as escolas caldenses no ranking do Público, surgindo no 112º lugar do ranking de todas as escolas e no 80º lugar do ranking das escolas com mais de 50 provas. Os alunos do 9º ano da escola obtiveram uma média de 3,38 valores em 214 provas. Segue-se o Colégio Rainha D. Leonor no 243º lugar (média de 3,13 em 261 exames) e o Colégio Frei Cristóvão no lugar 275 (132 exames, média de 3,10). Mas de acordo com o director do Colégio, José Dionísio, “a verdadeira média obtida pelos alunos da escola nos exames do 9º ano é de 3,20 valores”, o que alteraria a posição do colégio para o 2º lugar ao nível do concelho.
Depois, vem a Escola Básica 2,3 D. João II no lugar 335 (166 exames e média de 3,03). No lugar 396 está a escola que o Ministério da Educação considera estar em contexto socioeconómico mais desfavorecido, a EBI de Santa Catarina (média de 2,97 em 94 exames), seguindo-se a EBI de Santo Onofre no lugar 774 (120 exames e média de 2,73) e por fim a Bordalo Pinheiro, na posição 1122 (93 exames realizados, com uma média de 2,47 valores).
Já na listagem Expresso/SIC a Raúl Proença surge na posição 117, seguida pelo Colégio Rainha D. Leonor no lugar 244, pela D. João II na posição 253, Colégio Frei Cristóvão no lugar 258 e EBI Santa Catarina na posição 422. A escola com pior classificação é a EBI de Santo Onofre, na posição 825.
A Escola Josefa de Óbidos, no concelho vizinho, surge na tabela do Público no lugar 728 no ranking geral, subindo para a 641ª posição no ranking das escolas com mais de 50 provas.
Melhor resultados no 6º ano para Colégio de A-dos-Francos
No que diz respeito às provas realizadas no sexto ano, o lugar cimeiro das escolas caldenses cabe ao Colégio Frei Cristóvão, na 187ª posição (média de 3,34 valores em 176 provas). Para o director do Colégio, José Dionísio, “o trabalho insistente daqueles que acreditam no projecto, o mérito dos alunos que aproveitam a oportunidade, associado às expectativas alcançáveis, bem como o investimento dos pais num futuro promissor, tiveram resultados felizes”.
Estes resultados catapultam a escola para o primeiro lugar não só ao nível do distrito de Leiria, mas também entre os concelhos vizinhos, “entre as escolas que oferecem ensino gratuito”, salienta o responsável. José Dionísio orgulha-se de ver “os alunos do Colégio Frei Cristóvão entre os melhores”.
A escola caldense que surge a seguir na listagem do Público é a D. João II no lugar 290 (com 529 provas e média de 3,17), o Colégio Rainha D. Leonor (média de 3,07 em 320 provas), a EBI Santo Onofre no lugar 447 (191 provas e média de 3,02) e finalmente a EBI de Santa Catarina no lugar 455 (média de 3,01 em 118 exames).
Na listagem Expresso/SIC a ordem altera-se, com o Colégio Frei Cristóvão no lugar 190, o Colégio Rainha D. Leonor na posição 302, a D. João II no lugar 350, a EBI de Santa Catarina na posição 464 e a EBI de Santo Onofre em 693.
No concelho de Óbidos, o Complexo Escolar dos Arcos é a primeira escola a aparecer, no 531º lugar, seguindo-se o complexo Escolar do Alvito na posição 696 e o Complexo Escolar do Furadouro no lugar 977.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt
Caldas é o concelho com melhor média do país
Nas contas do jornal Expresso, Caldas da Rainha é o concelho onde se verifica a “média mais elevada do país” dos exames de 12º ano, com uma média de 11,82 valores num total de 1.137 provas realizadas. Logo depois surge o concelho de Oleiros (distrito de Castelo Branco), com uma média de 11,72 valores em 50 provas e no extremo oposto da tabela está o concelho de Pampilhosa da Serra, com 6,24 valores de média em 14 exames.
Em comunicado, a Câmara das Caldas da Rainha diz-se “orgulhosa” destes resultados que, para o vereador da Educação, Tinta Ferreira, se devem “a uma cultura de exigência de todos os agentes ligados à educação, à estabilidade directiva nas nossas escolas e a um ensino profissional diversificado e de qualidade”. Razões às quais se juntam “bons equipamentos, diversidade lectiva e uma comunidade escolar pró-activa que têm contribuído para a valorização de uma cultura de educação, desafiando todos a fazer melhor a cada ano”, lê-se ainda no comunicado.
Tinta Ferreira salienta ainda o “esforço e trabalho” dos alunos numa comunidade escolar onde “ninguém vira as costas ao desafio”, independentemente do contexto socioeconómico. “Não somos um concelho rico, vivemos dentro da média nacional e, como outros concelhos, temos alunos carenciados, mas há uma tradição de ‘boa educação’ que tem sido uma das bandeiras do concelho e um objectivo para onde todos têm convergido”, afiança o vereador.
J.F.
As listagens da controvérsia
Desde que os rankings dos exames nacionais começaram a ser divulgados que muitas vozes se têm levantado contra as listagens. A convicção que um bom sistema de ensino se reflecte em muito mais do que simples resultados é um dos argumentos mais frequentemente apontados contra a divulgação dos rankings.
Esta controvérsia é tema do livro “Good Education in na Age of Measurement”, do holandês Gert Biesta, professor na Universidade de Stirling, no Reino Unido, onde é ainda co-dirigente do Laboratório de Teoria Educacional. Em entrevista ao jornal Público, o autor defende que “o mais grave nos rankings é que são uma simplificação do que é uma boa escola ou do que é a educação”, pelo que “a sua publicação prejudica o debate que as sociedades democráticas precisam fazer sobre os objectivos e os fins da educação”.
O holandês que considera que os rankings são “antiquados”, diz que estes, em última instância “são um prejuízo para a democracia em si mesma. Os resultados dos exames são importantes, mas são apenas uma parte da fotografia”, dando aquilo que diz ser “uma visão superficial e, muitas vezes, uma única perspectiva do que se passa nas escolas”.
Gert Biesta rejeita a concorrência num bom sistema educativo. Por isso diz que “os rankings não devem ter lugar numa sociedade civilizada”, dado que criam um “mercado da educação” onde tanto alunos e pais como escolas criam estratégias para obter melhores resultados. “Em muitos casos, a questão deixou de ser o que é que a escola pode fazer pelos alunos, para ser o que é que os alunos podem fazer pela escola — como é que podem contribuir para as suas estatísticas. O grande perigo das escolas escolherem os alunos é o daqueles que mais precisam de educação serem os que menos têm acesso a ela. Quando isso acontece, eu diria que as escolas desistiram da sua responsabilidade educacional”, disse o professor ao Público.
J.F.






























