Quebrar a unanimidade

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Editorial-940x400Fernando Costa recebeu a medalha de honra da cidade com a aprovação unânime dos partidos da Assembleia Municipal. Inclusive dos partidos da oposição e de deputados que foram dos seus maiores críticos nas décadas em que o então presidente da Câmara esteve no poder.
Ele próprio fez questão de agradecer aos seus opositores o terem votado favoravelmente.
Luís Ribeiro sublinhou que, mais do que esta medalha, a maior homenagem a Fernando Costa foi a do povo das Caldas que lhe garantiu sete vitórias consecutivas.
Pelos vistos, nas Caldas da Rainha, para se ser homenageado basta estar muitos anos no mesmo cargo, independentemente do mérito desse desempenho.
Convém, contudo, refrescar a memória e recordar que foi nos últimos 30 anos que as Caldas da Rainha perdeu a oportunidade de ter seguido por um caminho diferente. Foi durante estas décadas que, à medida que o património da cidade se degradava, se apostava alegremente numa construção a esmo, sem qualquer planeamento nem vislumbre de qualquer sentido estético.
Foi durante os anos em que Fernando Costa esteve à frente dos destinos da cidade que este nunca mostrou uma ideia estratégica para aquilo que deveria ser o aproveitamento da sua História e do seu património. Não valorizou aquilo que, agora no século XXI, poderia fazer a diferença: uma cidade termal bonita, com edifícios de fachada azulejar (que agora se prepara para trazer para Portugal mais uma distinção da UNESCO), harmónica, com espaços verdes, com construção planeada, com vias pedonais e ciclovias, com um centro histórico requalificado e pujante, com esplanadas, galerias de arte, restaurantes e, sobretudo, um fluxo de turistas (estrangeiros e portugueses) permanente, interessados em visitar uma localidade que poderia ser uma referência nacional.
Ou seja, Fernando Costa falhou no mais importante.
Louve-se ao homenageado a infraestruturação do concelho (que foi necessária e que marcou uma época, apesar de muitos equipamentos estarem hoje abandonados). Louve-se-lhe a vinda da ESAD para as Caldas e o apoio que lhe deu, bem como a saudável teimosia em trazer a Escola de Hotelaria e Turismo para a cidade.
Mas não se esqueça que o mesmo homem que frequentemente desconsiderava em público os seus opositores, foi também o responsável pelo alinhamento com a política do betão que assolou Portugal (envolvendo os partidos do arco do poder) e que desfeou e desfigurou as Caldas da Rainha. De forma tão irremediável que as obras da regeneração urbana não passarão de um paliativo menor e sintoma que nunca acreditou que o projecto fosse financiado.
Foi durante o mandato de Fernando Costa que Caldas da Rainha foi dos últimos concelhos do país a ter um PDM aprovado (e, ainda assim, devido ao voluntarismo, algo ingénuo, de um vereador da oposição, que resolveu pegar naquilo que o presidente desprezava).
Não foi por acaso: o presidente da Câmara dos mandatos seguidos detinha o pelouro das obras e dava-lhe jeito decidir arbitrariamente o que se podia ou não podia construir nas Caldas da Rainha. Um poder que soube exercer ao sabor dos interesses que nem sempre foram os do bem público.
E graças à ausência de PDM, o concelho não conseguiu aderir aos programas Polis, que beneficiaram outros municípios de forma decisiva.
Por muitos defeitos que tenha a nova administração local, esta pelo menos conseguiu abandonar muita da conflitualidade anterior. E estreou-se em questões que podem parecer de pormenor, mas que não são insignificantes nem menores: cumprir dentro do possível horários (em vez de fazer alarde da falta de pontualidade) e limpar de forma mais significativa a cidade. Não sem críticas e erros.
Ao presidente anterior faltou-lhe a capacidade de aceitar a crítica, o que o actual parece ainda suportar candidamente. Esperemos que não volte aos velhos hábitos da autarquia.
Louve-se ao homenageado a infraestruturação do concelho (que foi necessária e que marcou uma época, apesar de muitos equipamentos estarem hoje abandonados). Louve-se-lhe a vinda da ESAD para as Caldas e o apoio que lhe deu, bem como a saudável teimosia em trazer a Escola de Hotelaria e Turismo para a cidade.
Mas não se esqueça que o mesmo homem que frequentemente desconsiderava em público os seus opositores, foi também o responsável pelo alinhamento com a política do betão que assolou Portugal (envolvendo os partidos do arco do poder) e que desfeou e desfigurou as Caldas da Rainha. De forma tão irremediável que as obras da regeneração urbana não passarão de um paliativo menor e sintoma que nunca acreditou que o projecto fosse financiado.
Foi durante o mandato de Fernando Costa que Caldas da Rainha foi dos últimos concelhos do país a ter um PDM aprovado (e, ainda assim, devido ao voluntarismo, algo ingénuo, de um vereador da oposição, que resolveu pegar naquilo que o presidente desprezava).
Não foi por acaso: o presidente da Câmara dos mandatos seguidos detinha o pelouro das obras e dava-lhe jeito decidir arbitrariamente o que se podia ou não podia construir nas Caldas da Rainha. Um poder que soube exercer ao sabor dos interesses que nem sempre foram os do bem público.
E graças à ausência de PDM, o concelho não conseguiu aderir aos programas Polis, que beneficiaram outros municípios de forma decisiva.
Por muitos defeitos que tenha a nova administração local, esta pelo menos conseguiu abandonar muita da conflitualidade anterior. E estreou-se em questões que podem parecer de pormenor, mas que não são insignificantes nem menores: cumprir dentro do possível horários (em vez de fazer alarde da falta de pontualidade) e limpar de forma mais significativa a cidade. Não sem críticas e erros.
Ao presidente anterior faltou-lhe a capacidade de aceitar a crítica, o que o actual parece ainda suportar candidamente. Esperemos que não volte aos velhos hábitos da autarquia.

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