Quartel cheio para celebrar os 120 anos dos bombeiros caldenses

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BombeirosNo passado domingo, 20 de Setembro, os Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha comemoraram 120 anos, num dia que esteve solarengo, como não se encontram muitos na recta final do verão. A cerimónia, que se prolongou tarde dentro, ficou marcada pela benção de um novo veículo, por condecorações e, como não poderia deixar de ser, pelos discursos das entidades convidadas, que destacaram o número de associados da Associação Humanitária. Cerca de 20 mil, o número mais elevado do distrito de Leiria. Já fora do quartel, realizou-se um desfile técnico-operacional pelas artérias da cidade, ao som das sirenes dos veículos e da música da fanfarra, seguido de um jantar de convívio.

Conta a história que há 120 anos, um grupo de homens, entre os quais se encontrava Henrique Sales, o primeiro comandante dos bombeiros das Caldas, decidiu criar uma associação que se dedicasse a socorrer pessoas e a fazer o bem público. Na mesa de convidados que compunha o salão do quartel encontrava-se sentado o neto do comandante fundador que, mesmo a propósito, herdou o nome do avô. Presidente da Assembleia Geral da AHBVCR e também comandante, por 32 anos, Henrique Sales admitiu sentir-se mais novo, por ver “uma sala cheia de rapaziada”.
Abílio Camacho, presidente da direcção da associação, contou que foi graças a uma catástrofe que nasceu a corporação. “No ano anterior, o navio Roumania naufragou a sul da aberta da lagoa, na Foz do Arelho, tendo sido recolhidos muitos náufragos. A sociedade caldense e as suas principais figuras começaram a movimentar-se para encontrar uma solução humanitária que pudesse socorrer as populações de semelhantes catástrofes”, relembrou o presidente.
Apesar de também recordar o passado, o discurso do comandante Nelson Cruz concentrou-se mais no presente, nas dificuldades e nas conquistas do seu primeiro ano à frente do comando. A criação, com o apoio da Câmara, de uma Equipa Permanente de Reforço Operacional foi uma das vitórias, pois não existia, até ao momento, um grupo de bombeiros disponíveis a tempo inteiro para realizar uma operação socorro. Em menos de um ano de existência, esta equipa já soma mais de 300 intervenções. “Chegou a acontecer não existirem bombeiros suficientes no quartel para assistir uma pessoa que se encontrava a 500 metros. Tinham que vir bombeiros de Óbidos ou Benedita”, salientou o autarca Tinta Ferreira.
Tendo em conta o “ano extremamente difícil, em termos operacionais, com mais de 9400 ocorrências e a nível florestal mais de 180 solicitações de incêndio, das quais 52 foram fora do concelho”, segundo Nelson Cruz, a aquisição do novo veículo de Comando e Comunicações auxiliará os bombeiros na organização de operações mais complexas, permitindo uma “resposta mais eficaz”. Para transformar e equipar o veículo – doado pela empresa Matudis – a direcção da associação despendeu 12 mil euros. Em jeito de homenagem, os bombeiros decidiram baptizá-lo com o nome do seu presidente, Abílio Camacho.
Passados 120 anos, a AHBVCR conta com 110 bombeiros efectivos, 27 veículos e prepara-se para integrar mais oito elementos na corporação no próximo ano. Durante a cerimónia foram condecorados quatro bombeiros com a Medalha de Assiduidade de Grau Cobre (cinco anos de serviço), outros quatro com o Grau Prata (10 anos de serviço) e oito bombeiros com o Grau Ouro (15 e 20 anos de serviço). Nove bombeiros receberam a Medalha do Quadro de Honra.

Remodelação do quartel é o próximo passo

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Anunciada por Abílio Camacho e Tinta Ferreira, a remodelação das instalações do quartel é o seguinte objectivo. A candidatura aos fundos comunitários deve surgir no próximo ano e, assegurou Tinta Ferreira, o município contribuirá com o valor que não estiver coberto pelos fundos. Este ano, a autarquia já apoiou os soldados da paz caldenses com cerca de 100 mil euros.

Maria Beatriz Raposo
mbraposo@gazetadascaldas.pt

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