A azáfama das quintas-feiras no Mercado Abastecedor das Caldas não tem paralelo nos outros dois dias da semana, mas é digna de registo. Objetivo da autarquia é, também, relocalizar este mercado
É quinta-feira e, ao final de tarde, com o céu a escurecer, a azáfama é grande na zona do Belver. O Mercado Abastecer das Caldas, mais conhecido como Mercal, conhece às quintas-feiras, semana-após-semana, o seu dia mais agitado.
O Mercal realiza-se três dias por semana, às segundas, quintas e sextas-feiras. No inverno, funciona das 18h30 às 21h00, no verão entre as 19h30 e as 22h00.
Os vendedores são, muitos deles, produtores, e vêm não só do concelho, das freguesias não urbanas, como também dos arredores.
Segundo a Câmara, o Mercal conta atualmente com 46 vendedores, “dos quais 26 são vendedores mensais e 20 diários ou ocasionais”.
O objetivo principal é “o abastecimento de pequenos e médios comerciantes, comercializando os produtos em maior escala, peso ou dimensão”.
Os compradores “são na sua maioria pequenos retalhistas que têm espaços comerciais na cidade e periferia desta, como é o caso dos vendedores da Praça da Fruta e de minimercados”, mas também de mercearias, restaurantes, instituições sociais, como lares. É um mercado direcionado para os comerciantes, não sendo destinado à venda de bens a consumidores finais. Pelo menos, assim está definido, embora na prática nem sempre se verifique.
Neste mercado é possível encontrar variados tipos de fruta, hortícolas, doçaria, frutos secos, flores, sacos e embalagens.
Situado há 17 anos (desde 2006) nesta zona do Belver, o Mercal ganhou essa designação quando se fez essa mudança. Anteriormente localizava-se nos terrenos onde hoje se encontra o CCC, de frente para o Mercado do Peixe.
Quem ainda se recorda desses tempos é Maria Isabel Carvalho que vem de São Martinho do Porto, onde tem uma banca na Praça. “Ainda vendi em frente ao Mercado do Peixe, depois deixei de vender aqui e fui para São Martinho do Porto, mas venho aqui sempre à segunda e à quinta-feira, porque gosto dos produtos e dos vendedores. “Até podia ir ao armazém, mas venho sempre aqui, apanhar frio, porque gosto muito, sou fã”, resume, notando que o mercado “está a funcionar bem, se fecharem as portas, para lhes dar tempo, vai funcionar melhor, tal como acabar com a venda ao saco, ser só para revenda”.
Vendedores sem tempo
Rafael e Francisco Pereira, de 29 e 23 anos, respetivamente, são irmãos. Naturais do Olho Marinho vendem neste mercado há cerca de seis anos. “Os meus pais sempre venderam na Praça da Fruta e nós começámos a vender no Mercado Abastecedor”, conta o jovem Rafael. “A quinta-feira é o dia mais forte, de longe. Aliás, a sexta-feira não compensa e a segunda-feira é muito fraco”, resume.
A vender batata, hortaliça, bróculos e repolhos, mal tem tempo para conversar. “O mercado devia abrir meia hora mais cedo para os vendedores, para preparamos as encomendas e descarregar as carrinhas”. É que a azáfama é tal que, em meia hora, no máximo uma, está o mercado praticamente feito.
“Acho que também é importante divulgar mais que existe este mercado”, considera.
As mudanças que a maioria defende até estão regulamentadas, como por exemplo essa questão das entradas serem apenas acessíveis meia-hora depois da chegada dos vendedores, para que estes tenham possibilidade de descarregar a sua carga e de organizar as encomendas. Atualmente, mal chegam os vendedores inicia-se o mercado numa azáfama que não lhes permite essa gestão.
Muitos defendem também que deveria ser feito cumprir o regulamento relativamente à venda de bens a consumidores finais.
Bernardo Marques vem do Bárrio (Alcobaça) e vende aqui há cerca de oito anos. “É um mercado com procura, funciona bem, mas há coisas a melhorar, como as entradas”, diz.
Joaquim Artur vem de Barrantes, na freguesia de Salir de Matos, vender no Mercal desde que este existe. “A minha mãe vendeu durante 40 ou 50 anos na Praça e no terreno perto do Hospital onde está o CCC”.
À quinta-feira vem muita gente, das Caldas, Bombarral, Cadaval, Rio Maior, Benedita, etc., são donos de negócios que vêm abastecer-se”.
À segunda é muito fraco e à sexta-feira “somos quatro vendedores e cinco ou seis compradores”. mas à quinta-feira é uma azáfama. “Há muita gente que vem aqui aviar-se para fazer mercados para Setúbal e Alentejo, porque aqui é tudo muito fresco, é a diferença para os mercados de Lisboa”, concretiza.
Um bar de apoio
Às quintas-feiras este mercado conta ainda, desde 2015, com um bar de apoio, que é explorado por Carlos Farinha, que reside em Alfeizerão, há mais de 30 anos.
“Também faço o mercado semanal das Caldas às segundas-feiras”. A especialidade é mesmo o frango assado na brasa, mas há muitas outras opções. “O Mercal funciona bem, mas são poucas horas”, diz, defendendo a importância do bar para o mercado.
Deslocalização para breve
O objetivo da autarquia é transferir, também este mercado, para a zona dos Texugos. “Estamos em articulação com a CCDR/LVT a resolver alguns pormenores de acordo com os instrumentos de planeamento territorial para elaboração do projeto”, salientou fonte da autarquia em respostas enviadas ao nosso jornal.
A passagem para o novo local prevê a Câmara, será feita ainda “neste mandato”.
15 de agosto com animação
Um cartaz junto ao mercado anuncia a feira do 15 de agosto deste ano. Questionada pela Gazeta, a autarquia esclareceu que a Feira do 15 de Agosto se irá realizar nos dias 14, 15 e 16 e que, “no sentido de dar uma nova vida e dinamizar este evento, o município este ano está a definir um programa de animação”, não adiantando mais pormenores. ■































