A partir da próxima segunda-feira, 16 de Março, as consultas de Psiquiatria no Hospital das Caldas da Rainha passam a ser feitas por seis psiquiatras do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), do qual faz parte o Hospital de Santa Maria, no âmbito de um protocolo de cooperação entre aquela instituição e o Centro Hospitalar do Oeste (CHO) que a Gazeta das Caldas tinha anunciado em primeira mão.
Para além de assegurarem, de segunda a sexta-feira, as consultas da especialidade no Hospital das Caldas, os clínicos irão prestar consultadoria ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Oeste Norte.
O protocolo, com a duração de três anos, foi assinado a 6 de Março, numa cerimónia que teve lugar no Museu do Hospital e das Caldas, com a presença dos principais responsáveis das duas instituições e do vice-presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), Luís Pisco.
Este último salientou a importância deste acordo, por ir resolver o problema que existia na área da saúde mental nesta região. “Este é um bom exemplo de como os centros hospitalares podem funcionar em rede”, disse Luís Pisco.
Desde a saída da única psiquiatra do CHO, Paula Carvalho, havia apenas um médico a meio tempo a dar consultas daquela especialidade no hospital das Caldas. Foram exactamente as carências daquele serviço que fizeram com que Paula Carvalho “batesse a porta” e pedisse a sua exoneração.
Foi, no entanto, a própria Paula Carvalho, quando ainda era responsável pelo serviço de Psiquiatria do CHO (e única psiquiatra a tempo inteiro) quem estabeleceu as pontes com o Hospital de Santa Maria.
Curiosamente, o acordo foi formalizado e divulgado publicamente no mesmo dia em que se realizou o jantar de homenagem a Paula Carvalho.
Questionado pela Gazeta das Caldas, o presidente do CHO, Carlos Sá, garantiu que se tratou de uma coincidência, acrescentando que nem sequer sabia que se iria realizar esse jantar.
Melhor produtividade para o Santa Maria
Para o CHLN o acordo também é positivo, não só porque os números da sua produtividade irão aumentar, mas também porque com um acompanhamento psiquiátrico nesta região poderão reduzir o número de internamentos de foro psiquiátrico no Hospital de Santa Maria.
“Muitos dos doentes que são internados poderiam não o ser, se fossem tratados em ambulatório, como vão passar a ser”, explicou o director do serviço de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria, Daniel Sampaio, que assegurou a qualidade dos profissionais que virão às Caldas.
O coordenador da equipa será Pedro Levy, mas Daniel Sampaio disse que irá “acompanhar de perto estes processos”.
Daniel Sampaio referiu ainda que conta com os profissionais do hospital caldense para estruturar não só a consulta externa, mas também organizar da melhor forma o Serviço de Psiquiatria.
De acordo com o presidente do CHLN, Carlos Martins, este é o primeiro acordo de afiliação desta instituição no território nacional. Há um ano tinham materializado a afiliação com dois hospitais centrais de Cabo Verde.
“Uma das nossas missões é a de assumir este apoio a outras instituições e deslocalizarmos os nossos serviços para uma política de proximidade às populações”, referiu.
No entanto, Carlos Martins salientou que o objectivo é que a médio prazo o Hospital das Caldas passe a ter os seus próprios psiquiatras. Actualmente o CHO tem a decorrer um concurso com duas vagas para assistente hospitalar de psiquiatria. O concurso permitirá, até ao final do ano, integrar dois médicos psiquiatras no mapa de pessoal próprio do CHO. O problema é que nos concursos anteriormente lançados nunca houve candidatos.
Segundo Carlos Sá, “este é apenas o primeiro de uma série de protocolos que iremos assinar, ao abrigo de um processo de afiliação que estamos a desenvolver com o CHLN”. No entanto, o responsável não quis adiantar quais serão os outros serviços que irão contar com a colaboração do centro hospitalar lisboeta.
Em relação aos projectos lançados no âmbito do Núcleo de Intervenção na Área da Saúde Mental (NIASM), como é o caso das equipas comunitárias que fazem a articulação dos cuidados de saúde primários com o hospital, Carlos Sá garantiu que o CHO irá manter a sua coordenação.






























