A mostra “Liberdade através de técnicas de impressão manual” envolveu a ESAD e o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do CHOeste.
A liberdade através da arte foi a proposta de trabalho estabelecida entre a ESAD.CR e o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do Oeste e cujos trabalhos dos utentes no workshop de serigrafia resultaram na mostra “Liberdade Através de Técnicas de Impressão Manual”, que está patente no Museu do Hospital e das Caldas até 29 de outubro.
“Gostei muito de ter participado nesta atividade, foi muito interessante aprender a pintar com tintas e fazer serigrafia, que nunca tinha feito na vida”, contou Liliana Puyu, que é natural da Ucrânia, mas há 23 anos vive em Portugal, com o marido.
“Foi muito bom para mim, estive rodeada de muitas pessoas, todos felizes e contentes, empenhados em fazer as nossas obras de arte”, explicou a ucraniana, durante a inauguração da exposição, acrescentando que o workshop foi muito importante para si.
“Senti-me muito orgulhosa de mim, porque com a ajuda da professora Vera consegui dar vida a uma folha de papel e porque durante o tempo em que estive a fazer o trabalho senti-me muito calma e muito livre, parecia que estava noutro mundo, só tive pena quando acabámos os trabalhos e voltei a este mundo”, partilhou a utente do CHO.
Num emocionante testemunho, Liliana Puyu, que não vê o filho e o neto, que estão na Ucrânia, há três anos, disse que, para ela, “a aula foi muito curta”. “Gostava de permanecer mais tempo naquele mundo fantástico, porque no trabalho que estava a fazer via o meu filho, o meu neto e a minha nora, na esplanada, em Portugal, e não na Ucrânia, onde estão em perigo de vida constante há sete meses”, afirmou.
A ucraniana “gostava muito de repetir esta experiência”, que lhe fez “tão bem” à alma e terminou a agradecer a todos os que a tornaram possível.
Na inauguração da mostra, Patrícia Frade, diretora do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do Oeste, salientou o estigma associado à doença mental.
“Procuramos ter uma intervenção o mais precocemente possível”, referiu, notando que “está a haver uma consciencialização deste problema”, o que permite encontrar maior investimento na área, que torne possível a realização de projetos nunca viram a luz do dia precisamente pela falta de financiamento. A mesma responsável lembrou que “estão a decorrer as obras para o internamento da psiquiatria, que é algo muito importante, e temos uma equipa comunitária na fase final da sua formação, para conseguirmos intervir mais diretamente na sociedade”.
Por seu turno, João Mateus, da ESAD.CR, sublinhou a “viagem que parece ter libertado, durante aquelas duas horas, os artistas que fizeram estas obras” e aceitou o desafio de continuarem a desenvolver trabalho nesta área.
Já o diretor da escola das Caldas da Rainha, João Santos, agradeceu aos participantes por “ajudarem a olhar o mundo com outra esperança” e lembrou o estigma que existe numa escola de artes e design. O professor garantiu que vão tentar criar condições para que se possam realizar mais ações deste tipo.
E também Elsa Baião, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste, admitiu que esta ação poderá vir a ter maior regularidade, referindo que, nos dias que correm, “estamos todos sob uma enorme pressão, temos que estar alerta para os sinais e também para os sinais que o outro, que de uma forma ou de outra, acabam por ser manifestar”.































