A entrada de uma jovem de 14 anos no serviço de urgência pediátrica do hospital caldense depois de, durante quatro a cinco dias, ter ingerido uma bebida energética em vez das refeições deu origem a um estudo, publicado numa revista científica nacional. O artigo, da autoria de profissionais do serviço de Pediatria, dá nota que efeitos “potencialmente prejudiciais associados ao seu consumo [das bebidas energéticas] não são, na maioria das situações, do conhecimento público”. Com ele, os autores pretendem chamar a atenção para a “intoxicação por cafeína que, embora de difícil diagnóstico, é uma realidade”.
O caso a que o artigo se refere dá nota de uma adolescente, previamente saudável, com antecedentes de perturbação de hiperactividade e défice de atenção e discalculia, mas que estava sem terapêutica. Foi levada ao hospital pelos bombeiros depois de ter sido “encontrada pelos funcionários da escola com quadro de agitação psicomotora e discurso confuso”. Com diagnóstico de “possível intoxicação por cafeína”, devido à ingestão diária, desde há quatro ou cinco dias, de duas a quatro embalagens de uma bebida energética, em substituição das refeições, foi contactado o Centro de Informação Anti-Venenos, que forneceu as recomendações para o caso.
De acordo com os profissionais do serviço de Pediatria do hospital caldense, este caso “ilustra o papel do consumo excessivo de cafeína nas bebidas energéticas no desencadear de alterações fisiopatológicas e comportamentais”. O quadro clínico permitiu-lhes, mesmo, afirmar que se tratou de uma situação de “intoxicação aguda por cafeína”.
Risco de taquicardia e hipertensão
O mesmo artigo alerta para o facto do consumo de bebidas energéticas por parte de crianças com necessidade de medicação psicoestimulante aumentar o risco de taquicardia e hipertensão. Um quadro que poderia ter-se verificado caso a adolescente ainda mantivesse a medicação.
Os profissionais de saúde consideram que esta situação configura uma alteração de comportamento alimentar, tendo em conta que provocou um “distúrbio sério na forma como a adolescente se alimentou e no pensamento e emoções relacionadas com a alimentação”.
A intenção da jovem era a de perder peso e aumentar o seu rendimento escolar, o que “ia de encontro à publicidade referida nos produtos onde se enquadram as bebidas energéticas”.
O artigo foi escrito pelos enfermeiros especialistas Nuno Pedro e Ana Tavares, a assistente graduada em Pediatria, Anabela Bicho, e a directora do serviço de Pediatria, Luísa Preto, da Unidade das Caldas da Rainha.






























