Os docentes das escolas caldenses mobilizaram-se em protesto às propostas do Ministério da Educação
O intervalo das 10h20 às 10h40 foi utilizado pelos professores da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro (ESRBP) para, na quarta e quinta-feira da semana passada, formarem um cordão humano em defesa da escola pública e valorização da profissão. “Em união pela educação”, “Quem ensina a voar não pode rastejar”, “dignidade profissional”, “respeito”, foram algumas das frases e palavras de ordem entoadas pelos docentes, acompanhados por auxiliares educativos e alunos, mas também antigos professores, já reformados, que fizeram questão de marcar presença nesta luta.
Em causa está a contagem do tempo de serviço, o fim das quotas de acesso do 5º e 7º escalões e a vinculação dos professores contratados. Sandra Sampaio, professora há 26 anos, efetivou há dois anos na ESRBP, a mesma onde tinha feito o estágio no início do seu percurso profissional. Pede dignidade pela profissão, para que os professores se sintam valorizados e o trabalho seja reconhecido. E acrescenta: “temos na escola dois mestrandos que querem ser professores. É por eles que também estou aqui hoje, para não sofrerem o que sofri porque estive quase 20 anos para efetivar numa escola”, disse à Gazeta das Caldas. Também a escola básica de Santa Catarina, que integra o agrupamento de escolas Rafael Bordalo Pinheiro, promoveu um cordão humano em protesto às propostas do Ministério da Educação.
Na quinta-feira, no primeiro intervalo da manhã, o protesto decorreu frente à EB de Santo Onofre, com dezenas de professores a formar um cordão humano. “Pretendemos que a Educação seja mesmo uma prioridade, que o governo olhe para as escolas de outra maneira, que lhes dê os mecanismos que são necessários para que escola seja do seculo XXI, melhor para os alunos, para as famílias, para que seja mesmo impulsionadora do futuro do país”, defende Carlos Hermínio, professor há 44 anos, dos quais 30 naquele estabelecimento de ensino. Também o diretor do agrupamento de escolas Raul Proença, João Silva, se juntou ao protesto, defendendo que devem estar todos unidos. Considera que as propostas que estão em cima da mesa são para resolver o problema do ministério a curto prazo, “não estão a tornar a profissão mais apelativa”. O também professor realça que é importante que também os pais dos alunos percebam que esta é uma “luta de todos” e faz notar que, apesar de lutarem, continuam a trabalhar diariamente para que os alunos tenham a melhor educação. “Os protestos são feitos no intervalo e será importante como aula de cidadania debater estas situações”, concretiza.
Na escola D. João II os docentes formaram um cordão humano ao longo da ponte pedonal que dá acesso à escola pouco passava das 8h00 da manhã de sexta-feira, mostrando também a sua indignação a quem, na altura, entrava, de carro, na cidade. Pendurada na estrutura metálica estava mesmo uma tarja de grandes dimensões com a frase “D. João II a lutar pela Educação”.
Vasco Sousa é professor de Matemática naquele estabelecimento de ensino há 5 anos. Pertence ao quadro de escola do Cadaval e está nas Caldas por mobilidade interna. Juntou-se com os colegas porque entende que chegaram a um ponto de rutura nas escolas. “Há uma insatisfação total, muito cansaço devido à burocracia e as questões salariais têm de ser revistas”, acrescentando que este é um problema de toda a comunidade educativa.
Esta luta, na opinião de Vasco Sousa, é também para prevenir o que poderá vir a ser um problema no futuro, a falta de professores, acrescentando que já se verifica a abertura de concursos para os quais não aparecem docentes.
Em Óbidos largas dezenas de professores e alguns auxiliares e encarregados de educação marcharam, na tarde de terça-feira, entre a Secundária Josefa de Óbidos e a Praça da Criatividade, onde depois permaneceram em vigília . ■































