Professores concentraram-se frente à Câmara pela defesa da escola pública

0
634

Cerca de duas centenas de professores juntaram-se frente aos Paços do Concelho, na noite de 25 de Junho, em defesa da escola pública. No dia em que sindicatos e Ministério da Educação chegaram a consenso e foi suspensa a greve às avaliações, o grupo manteve-se mais de uma hora no local, envergando cartazes, enquanto alguns docentes se reuniam com o vereador da Educação e os presidentes da Assembleia Municipal e da Câmara em exercício, a quem entregaram um manifesto.
No documento é pedido o fim à política educativa seguida pelo Ministério da Educação e Ciência, destacando como “extremamente nefastas e gravosas” algumas das suas medidas. Os professores criticam a diminuição do investimento na Educação, a criação de mega agrupamentos e a constituição de turmas com elevado número de alunos, a falta de recursos materiais e humanos nas escolas e o aumento do horário de trabalho das 35 para as 40 horas. Denunciam também a criação de falsos horários zero e o despedimento de milhares de professores contratados. No caso das Caldas, os professores rejeitam a manutenção do financiamento de contratos de associação a colégios privados quando, na mesma zona, existem escolas da rede pública com capacidade de resposta.
Manuela Silveira, uma das representantes dos professores, garante que as escolas públicas caldenses podem acolher grande parte das turmas que são contratualizadas anualmente com o Grupo GPS e estão a utilizar todos os meios de que dispõem para pressionar que isso aconteça. “Foi-nos dito que foram satisfeitos os pedidos de turmas feitos pelas escolas públicas na reunião da rede escolar”, disse a docente, que espera agora que a proposta seja cumprida e que “só se contratualizem com o privado as turmas que não têm lugar nas escolas públicas”.
A decisão da tutela com o número exacto de turmas só deverá ser conhecida em finais de Agosto ou Setembro. Caso o resultado não esteja de acordo com as propostas das escolas públicas, os professores irão avançar com uma providência cautelar. Manuela Silveira chama a atenção para o facto do Estado, ao desvalorizar a escola pública e permitir um encaminhamento de alunos para os colégios privados, estar a duplicar a despesa, paga pelos contribuintes.
O presidente da Câmara em exercício, Tinta Ferreira, afirma estar de acordo com os professores em algumas das suas reivindicações, nomeadamente o elevado número de alunos por turma, ou a preocupação com a mobilidade de alguns professores com vários anos de serviços, mas garante que não compete a este órgão tomar decisões nessas matérias.
O autarca disse à Gazeta das Caldas que foi atribuído às escolas o número de turmas solicitado, o que permite que a taxa de ocupação dos estabelecimentos seja mais equilibrada. “Foi sempre o que defendi, que não se acabe com as valências e a função importante que os colégios têm tido para as Caldas, mas que se equilibre melhor o número de turmas entre os dois tipos de estabelecimentos”, concluiu.
O manifesto, entregue aos autarcas, será também levado à Assembleia Municipal e enviado ao Ministério da Educação.

Fátima Ferreira

fferreira@gazetadascaldas.pt

- publicidade -