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Carla Jesus, professora de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, foi uma das vencedoras do prémio Professores Inovadores da Microsoft. O gigante informático premeia anualmente 800 professores de todo o mundo que aplicam as tecnologias da informação ao serviço do ensino.
Para além de ser professora de informática, Carla Jesus, de 38 anos, tem 12 livros publicados nesta área, muitos deles sobre software da Microsoft, e é ainda formadora no centro de formação de professores (que funciona na Escola Bordalo Pinheiro).
Foi nesse contexto de trabalho com os programas do gigante norte-americano que surgiu o convite para o concurso – condição indispensável para participar –, pela própria directora de Educação da Microsoft Portugal.
A professora caldense participou com uma actividade em parceria com uma colega de Física e Química, Carla Valentim, que consistia em os alunos realizarem um filme sobre as ligações químicas, editado no programa Windows Movie Maker. Este trabalho foi também realizado no âmbito do projecto europeu Hi-tech, que durou um período inteiro e utilizou outras ferramentas para além daquele software.
Ser uma das vencedoras é, para Carla Jesus, o reconhecimento do trabalho que fez até aqui, mas também uma oportunidade para continuar o trajecto de implementação das tecnologias da informação no ensino. “Para além de reconhecer que o professor é dos mais inovadores, a Microsoft disponibiliza uma série de recursos para continuarmos a sê-lo”, disse a professora à Gazeta das Caldas.
Formada em Engenharia Informática, a procura das novidades e a sua introdução no ensino foi sempre “uma curiosidade natural” para a docente.
Smartphone pode ser um amigo
Carla Jesus acredita que as novas tecnologias podem ser um apoio importante na aprendizagem de qualquer área disciplinar. “Ajudam muito à apreensão de conhecimentos”, sustenta.
O grande problema é a falta de formação dos professores “para os habilitar” a utilizar as novas tecnologias a seu favor.
A docente dá como exemplo a utilização dos tablets em contexto de aula, que “pode ser muito produtiva, mas não sem um plano de trabalhos bem definido”. Carla Jesus refere que aqueles aparelhos permitem, inclusivamente, ser utilizados em modo bloqueio em apenas uma aplicação, “para o aluno não se dispersar”.
A presença de um guião é fundamental também quando se leva uma turma para fazer uma pesquisa na sala de informática.
Mesmo os smartphones, que são muitas vezes um inimigo dos professores na sala de aula (e a professora reconhece que também já teve esse tipo de problemas) podem “de vez em quando e em algumas aulas, ser um aliado”, afirma.
Com este prémio, Carla Jesus espera que haja cada vez mais receptividade dos colegas professores para as actividades que possa propor. A professora destaca que já nota muita receptividade nas propostas que faz para formações de professores, pelo que já existe algum trabalho realizado, “mas é preciso fazer muito mais”, conclui.
A Hora da Programação
A escola secundária Rafael Bordalo Pinheiro recebeu na passada terça-feira, 9 de Dezembro, a iniciativa Hour of Code (Hora da Programação), uma iniciativa desta professora, integrada na semana mundial da programação. A finalidade deste evento é desmistificar a programação e mostrar que pode ser feita por qualquer pessoa, de qualquer área.
O evento das Caldas da Rainha foi baseado na aplicação Light-bot – disponível para terminais Windows, IOS e Android –, que convida o utilizador a resolver problemas através da programação, permitindo aprender os conceitos básicos de sequenciação, procedimento e ciclos.
Carla Jesus explicou à Gazeta das Caldas que a programação não faz parte do programa de ensino em Portugal, mas é importante tanto para os alunos que seguem Engenharia Informática, como para os de Matemática, de Física e de Química, que também têm cadeiras de programação no ensino superior mas, se não forem autodidatas, “chegam à faculdade e não sabem o que é uma linha de código”.
Joel Ribeiro
jribeiro@gazetadascaldas.pt
