Produtos biológicos à venda na Praça da Fruta

Quem se dirige à Praça da Fruta, à sexta-feira, pode encontrar uma banca exclusivamente dedicada à venda de produtos biológicos. Numa área de venda de seis metros quadrados encontram-se dispostos diversos produtos hortícolas e frutas, assim como cereais, chocolates e bolos secos, chás e licores.
Sandra Martins, da Moita de Alvorninha, começou a vender na Praça em Setembro do ano passado e, embora os clientes assíduos, não ultrapassem os dedos das duas mãos, garante que vai continuar a promover e divulgar a agricultura biológica que, mais do que uma forma de produção, “é um modo de vida”.

Depois de já ter passado por diversas vezes à frente da banca de Sandra Martins, na passada sexta-feira, 16 de Março, a cliente Maria de Fátima Pereira resolveu experimentar as maçãs biológicas.
“Gosto de comer e sentir o verdadeiro sabor dos alimentos”, disse, enquanto explicava à vendedora que, no seu dia-a-dia, tem muito cuidado com a alimentação e o ambiente. Esta uma prática que é muito comum entre os clientes de Sandra Martins, que além de comprarem os produtos, também têm curiosidade em saber mais sobre este modo de agricultura e a autenticidade dos alimentos.

Sandra Martins começou a vender produtos biológicos na Praça há cerca de dois anos, integrada num projecto da ESAD. Juntamente com o marido, Octávio Martins, vendia parte da fruta produzida, de forma biológica, desde 2003. Quando deixaram de ter fruta interromperam as vendas, mas por pouco tempo. Pediram o cartão de feirante e, no ano seguinte, quando começaram a ter produção, regressaram ao mercado e, a pouco e pouco, foram diversificando a oferta com produtos que traziam de outros produtores, como é o caso das hortícolas, provenientes da Horto S. Silvestre, na zona das Fráguas (Rio Maior), e os alimentos secos e doces, provenientes de uma loja de produtos biológicos de Lisboa. Para as Caldas traz ainda licores biológicos confeccionados pela cunhada, Ana Martins.
Sandra Martins vai todas as quintas-feiras a Lisboa e traz os produtos que depois vende no mercado caldense, nas entregas que faz ao domicílio e também no mercado de Loures, onde está aos sábados.
Tem também uma newsletter que envia aos seus clientes mais habituais, com uma lista com mais de 40 produtos que tem disponíveis nessa semana.
Os preços variam semanalmente, principalmente nos hortícolas. Como Sandra Martins trabalha com margens baixas, essa variação também se reflecte no preço ao consumidor, explica.
A diferença entre os produtos convencionais e os biológicos varia. Por exemplo, um chocolate preto biológico custa dois euros, um custo não muito diferente do praticado nas superfícies comerciais, enquanto que nas cenouras a diferença já é maior, pois custam 1,70 euros o quilo na banca da Sandra Martins.
“Os preços são altos devido à pouca produção nacional de agricultura biológica e também aos custos, sobretudo de mão de obra”, explica a vendedora, adiantando que apenas recorrem a  métodos mecânicos.
Neste momento estar na praça “não é rentável financeiramente” porque ainda têm poucos clientes, embora alguns deles assíduos. Contudo, Sandra Martins garante que o negócio é para continuar e está consciente que demora tempo até ter uma boa carteira de clientes e que muitos ainda não sabem que existe esta alternativa no mercado caldense.
“A experiência diz-nos que as pessoas quando experimentam produtos biológicos normalmente voltam pois estes têm um sabor mais intenso”, conta.
Os produtos mais procurados são os hortícolas, conta a vendedora, acrescentando que a fruta, especialmente a maçã, é muito difícil de vender porque há muita concorrência.
“Noto que há uma maior procura pelos produtos frescos e, sobretudo, por pessoas que têm crianças”, explicou. Também os chás têm uma venda muito boa. De vez em quando Sandra Martins leva o termo com chá quente, que oferece às pessoas, permitindo-lhes provar antes de comprar.

UM MODO DE VIDA MAIS SAUDÁVEL

Já há pessoas a ter uma alimentação exclusivamente feita com produtos biológica. A da família Martins é quase total. Começaram com o leite, sobretudo por causa das filhas e à medida que foram conhecendo as vantagens do biológico, têm optado por estes produtos.
“A agricultura biológica não é só uma forma de alimentação, é um modo de vida”, diz Sandra Martins que nota diferenças ao nível da saúde desde que optou pelo natural. Por exemplo, as suas filhas, desde que consomem estes alimentos raramente ficaram doentes, pois “estes não desequilibram o organismo e resistimos melhor às doenças”.
O seu projecto de divulgação da agricultura biológica passa pela praça, mas também pelas entregas ao domicilio na região, que normalmente faz à quinta-feira à tarde. Dentro em breve pretende arrancar com a dinamização de workshops, estando previsto um sobre a utilização de ervas aromáticas. Possui também um blog na internet (biorainha.blogspot.pt) onde divulga a agricultura biológica e os produtos que tem para oferecer.
Sandra Martins está também a preparar documentação para oferecer às escolas da região acções de divulgação sobre agricultura biológica.
Para a concretização do projecto, Sandra Martins, que estava desempregada, contou com a ajuda do Centro de Emprego, num montante de 9000 euros, disponibilizado no programa de apoio à criação do próprio emprego.
Os interessados em obter os produtos biológicos poderá entrar em contacto com Sandra Martins através dos tel. 966568998 ou 917254967, ou pelo e-mail bio.rainha@gmail.com

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt