Na noite de 10 de Junho, pouco depois das 22h00, centenas de pessoas aguardavam no cais da Foz do Arelho a chegada da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que havia partido há menos de uma hora do Covão dos Musaranhos a bordo de uma embarcação.
Guiada por um barco com um grande cruz iluminada, e seguida por outras dez embarcações engalanadas e iluminadas, a imagem é recebida com muitos flashes vindos de terra. Os reflexos das luzes das embarcações dos pescadores e mariscadores da Foz do Arelho, Nadadouro e Vau, nas águas da Lagoa de Óbidos, são um momento de beleza captado centenas de vezes por pessoas de várias idades.
Antes, ainda durante a procissão marítima, há carros a ‘segui-la’ por terra, que vão parando onde podem para a fotografar ou simplesmente apreciar.
À chegada a terra, no cais, o coro canta e os fiéis seguram as velas enquanto aguardam. Em pouco tempo a imagem é levada em ombros pelos bombeiros caldenses (que também zelaram pela segurança na procissão marítima), até um altar montado na zona do cais.
O padre Eduardo fez a Celebração da Palavra e não se limitou a uma intervenção exclusivamente religiosa, chamando a atenção que as acções dos governantes na lagoa não têm tido sucesso.
Seguiu-se a procissão por terra com uma multidão a rezar e a cantar, em direcção à igreja de Nossa Senhora da Conceição, no centro da vila, onde se rezou missa.
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Pescadores da Lagoa juntos pela fé
Pedro Páscoa, neto de pescador, é um dos que inicia a procissão no Covão dos Musaranhos. Há sete anos que o faz por uma questão de fé. “Esta é uma procissão nocturna, o que a torna diferente”, notou.
A travessia dura entre meia hora a 45 minutos e à noite a água está mais mexida. “Os peixes chegam a saltar para os barcos por causa da luz”, contou.
A bordo do mesmo barco segue Milena Antunes que costuma participar, mas na organização. Sente que em termos de participação se mantém um número constante de pessoas, mas “a assistir tem estado mais gente, sendo que depende do tempo”. A terminar realçou que a procissão é também “um encontro dos pescadores da Lagoa”.
Pouco depois das 21h00, cerca de 15 pessoas assistem à partida dos barcos.
Entre elas falamos com Judite Luz, de Torres Vedras, que costuma passar os fins-de-semana nesta zona. Conta-nos que a primeira vez que assistiu à procissão foi há mais de dez anos e que não a viu a partir. “Os barcos não partiam daqui, mas há mais de cinco anos que partem”, disse
“Adoro ver a procissão, pela simplicidade e pela devoção dos pescadores, gosto muito e como tenho fé, sempre que posso venho assistir”, afirmou. “Já foram muito mais barcos, mas é importante que se mantenha para não perder a tradição”, concluiu.