Escola primária de Barrantes é agora uma escola ao ar livre para crianças dos 3 aos 6 anos
A antiga escola primária de Barrantes, em Salir de Matos, foi reabilitada e arranca este mês com uma comunidade de aprendizagem para crianças dos 3 aos 6 anos, no âmbito do projeto “Sementes e Rebentos”.
Fundado pelos caldenses Andrea Rebelo, de 30 anos, licenciada em serviço social, e Elton Malta, de 37 anos, formado em comunicação social e em publicidade, a escola é a concretização de um sonho antigo.
“Tudo começou por causa do nosso filho mais velho, o Brian. Em janeiro de 2020, houve a necessidade de ele ir para a escola. Começámos procurar escolas que nos interessassem nesta área, mas não encontrámos aquela escola que idealizávamos. Assim, decidimos criá-la”, conta Andrea.
O casal lembrou-se de aproveitar a “escola abandonada” de Barrantes, onde o filho tinha andado. “Na primeira reunião que tivemos com o presidente da junta, Flávio Jacinto, ele disse-nos que tínhamos caído do céu”, continua. A junta cedeu a exploração do espaço e ofereceu as tintas, janelas e uma porta nova, e o casal, com a ajuda de familiares, pôs mãos à obra durante os fins de semana, desde o começo do ano. “Agora a energia está criada e estamos prontos para receber as crianças”, afirma a mãe de três petizes.
A escola tem inspirações nas metodologias da Forest School, Montessori e Reggio Emilia, tendo por base o retornar às “raízes” e o desejo de voltar a sintonizar com o “ritmo da natureza”. “Costumo dizer aos pais que nos visitam que é preciso uma aldeia para educar uma criança, e é isso que queremos criar nesta escola”, continua. A ideia passa por envolver os séniores e tirar os seus conhecimentos da “prateleira”. “Temos canteiros e queremos que os vizinhos venham ensinar as crianças a cuidar da terra, por exemplo.”
“Acreditamos muito no desbloqueio da capacidade de fazer: eu faço o percurso e no fim tenho um resultado. Logo percebi que tenho um poder no mundo, ou seja, não sou um ser passivo. Em vez de ser só uma atividade para ficar depois num dossiê, poder ser algo que fica num projeto do qual eles podem usufruir”, acrescenta Elton, responsável pelo “Rap Nova Escola”.
“Queremos que a dinâmica da escola tenha muito isto: a comunidade, a criação de laços. Todas estas conexões ajudam a criar seres humanos mais fortes em termos de estrutura emocional e de personalidade. O nosso objetivo também passa por combater a epidemia do isolamento”, continua. “As crianças de agora, daqui a 20 anos, vão ser adultas”, relembra, salientando a mudança potenciada pela educação.
A comunidade de aprendizagem será de segunda a sexta, das 9h às 17h, horário que é flexível. Conta com uma educadora e uma auxiliar formadas em educação em espaços exteriores, a par da formação basilar em educação básica e pré-escolar.
Aos fins de semana têm lugar workshops, palestras e playgroups abertos a todos. Temas como a parentalidade consciente, a gestão de conflitos ou a inteligência emocional serão visados. O casal também quer dinamizar campos de férias cujo conceito é o dos “projetos”, que permitam desenvolver competências práticas da vida. O espaço já está a ser alugado para festas de aniversário.
Segundo o município das Caldas da Rainha, há 13 escolas não públicas no concelho.































