O novo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Soares, foi empossado no passado dia 7 de Janeiro nas instalações da Associação Humanitária Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha. Na tomada de posse, presidida pelo secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo d’Avila, Jaime Soares mostrou-se determinado em defender os interesses dos bombeiros, seja “contra quem for” e mandou recados para o governo, nomeadamente para o ministério da Saúde, dizendo que os bombeiros não estão disponíveis para financiar o Serviço Nacional de Saúde.
“Para nós [bombeiros] o cidadão doente não tem o mesmo sinónimo que para o Ministério da Saúde cidadão utente”, começou por dizer Jaime Soares, referindo-se à “tremenda injustiça” levada a cabo por aquele ministério no que respeita ao transporte de doentes. O novo presidente da LBP e também Presidente da Câmara de Vila Nova de Poiares eleito pelo PSD, reclamou do Ministério da Saúde a aplicação de uma taxa de saída para o transporte de doentes não urgentes “igual para todas as corporações”, acabando com a excepção criada para Lisboa e Vale do Tejo.
“Vivemos num só pais, que deve ser tratado na mesma dimensão por todos”, disse, apelando para que o Ministério “dê ordens a todas as ARS do país para que o tratamento seja igual para todos”.
O padre Vítor Melícias, o actual presidente da Liga, Jaime Soares, e o secretário de Estado Filipe Lobo d’Avila
- publicidade -
Jaime Soares quer também que a Comissão criada para analisar todo o sistema do sector da saúde, do transporte de doentes em ambulâncias, seja mais célere na execução do seu relatório final. “Os bombeiros não podem esperar 60 dias”, diz, pelo que já propuseram que em vez de se fazer uma reunião semanal, se façam duas reuniões por semana para diminuir para 30 dias o prazo de resolução do problema.
Contando com a presença do Secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo D’Avila, Jaime Soares mandou recados para o governo, nomeadamente para o ministério da Saúde, dizendo que os bombeiros não estão disponíveis para financiar o Serviço Nacional de Saúde.
Entre os compromissos assumidos pela nova direcção da Liga estão o de exigir ai governo a “urgente concretização” da tipificação dos corpos de bombeiros e a definição de um sistema de financiamento com origem no Orçamento de Estado. E Jaime Soares ressalva que os bombeiros sabem poupar, e sempre o fizeram, sob pena de já não existir nenhuma corporação. “Poupámos toda a vida e não fomos causa de qualquer endividamento público”, alertou o responsável que, como solução, sugeriu ao Estado o exercício de cortes no “desengordurar” de estruturas intermédias do Serviço Nacional de Protecção Civil, transitando essas verbas para as “tropas” no terreno.
O responsável realçou que querem colaborar com o governo e que não se querem afirmar como contrapoder, mas “também não temos receio de fazer guerra a quem puser em causa a nossa paz”, advertiu.
Entre as reivindicações está também a necessidade de alterações no ordenamento jurídico do sector, que permita a criação de uma estrutura própria representativa do agente de protecção civil bombeiro, e de uma política de estímulo ao associativismo e voluntariado.
A cerimónia contou com a presença da troupe dos Bombeiros Voluntários de Ovar
Os bombeiros querem também a revisão dos protocolos estabelecidos com o INEM, visando a cobertura total do país da emergência pré-hospitalar suportada nos corpos de bombeiros, “afirmando-os como parceiros imprescindíveis também no socorro em emergência”. Outra das reivindicações é a formação descentralizada dos corpos de bombeiros, sob a égide da Escola Nacional de Bombeiros.
O secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo d’Avila tomou a devida nota dos recados e garantiu transmitir aos ministro as mensagens deixadas pelos bombeiros. Sobre o orçamento de Estado explicou que ao nível da Administração Interna não haverá cortes na Protecção Civil, mas alertou que será necessário “optimizar recursos e aumentar a eficiência”.
O governante falou ainda da necessidade de criação dos agrupamentos, que irão juntar as corporações de determinado distrito e assim permitir uma melhor resposta do ponto de vista operacional. No sábado de manhã o secretário de Estado da Administração Interna tomou contacto com a Comissão Municipal de Operações e Socorro de Leiria onde verificou a articulação entre bombeiros voluntários e municipais e quatro corporações de bombeiros.
O governo está a preparar incentivos para a elaboração de cartas de risco municipais que vão interferir no modelo de financiamento das corporações de bombeiros em 2013. Previsto está também a criação da carreira de bombeiro especialista, uma reivindicação antiga e que não tem qualquer encargo financeiro para o Estado.
Esta cerimónia contou ainda com a presença do padre Vítor Melícias, presidente honorário da Liga dos Bombeiros Portugueses, que apelou aos valores da solidariedade e humanidade para combater a actual crise que o país atravessa. Também o presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, deu nota do voluntarismo dos bombeiros e apelidou-os de escola de virtudes. “Não creio que haja um cidadão que tenha batido à porta dos bombeiros e que estas não se abrissem”, disse, acrescentando que neste tempo de dificuldades espera que o Estado e autarquias “nunca fechem as portas aos bombeiros”.
Nesta cerimónia tomaram posse os 70 dirigentes eleitos da Liga Nacional de Bombeiros, entre os quais figuram António Marques, vice-presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha, Sérgio Gomes, comandante dos Bombeiros Voluntários de Óbidos e Mário Cerol, comandante dos Bombeiros Voluntários de Alcobaça.