Carnaval para agradar à troika e desagradar à maioria dos portugueses

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Se o Carnaval significa um momento da transgressão e de alegria em grande número de países que praticam o catolicismo, este ano em Portugal foi atravessado por uma renovação da polémica de 1992, em que Cavaco Silva também não deu a tolerância de ponto aos portugueses.
Caldas da Rainha, como nos concelhos vizinhos e no resto de Portugal, viveu estes dias a várias velocidades, culminando a terça-feira de Entrudo com um país a meio gás, com a maioria do sector privado em feriado contratual e grande parte da função pública a juntar esta prenda carvavalesca aos 13º e 14º meses deste e do próximo ano.
Contudo, os foliões de todos os carnavais do país não perdoaram deste vez, especialmente ao Presidente da República, Cavaco Silva, ao primeiro-ministro do momento, Passos Coelho, bem como a algumas das figuras do actual governo e das respectivas autarquias locais.
Para além disso os temas variaram entre o futebol, a troika e a senhora Merkel, que foram figuras quases comuns em todo o lado, bem como o nosso conterrâneo Zé Povinho.
Nas páginas interiores o leitor encontra as várias reportagens que a redacção da Gazeta das Caldas acompanhou, incluindo o Carnaval dos mais idosos e das crianças, mostrando bem que esta é uma data festejada pelos portugueses, apesar do medo que os nossos governantes tiveram das apreciações que a troika poderia fazer.
Mais fotografias dos carnavais das Caldas e da região poderão ser vistas na nossa edição electrónica.

Presidente da Câmara falha promessa de tolerância de ponto

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Nenhum funcionário da Câmara das Caldas usufruiu da tarde livre de 21 de Fevereiro que Fernando Costa tinha anunciado à Gazeta das Caldas, como tolerância de ponto do Entrudo.

É que o presidente não apareceu nos Paços do Concelho nessa manhã e nenhum dos 17 requerimentos entregues tinha sido assinado atempadamente.

O presidente da Câmara das Caldas da Rainha não decretou a tolerância de ponto, mas tinha dito que qualquer um poderia pedir a dispensa de meio-dia, desde que apresentasse um requerimento. “A partir da uma da tarde, os funcionários que quiserem podem sair”, garantira Fernando Costa ao nosso jornal na semana anterior.
No sábado à noite, durante o desfile de Carnaval, o autarca referiu que a Câmara iria funcionar com os serviços mínimos “para atender qualquer pessoa, porque tenho funcionários que estão dispostos a ficar da parte da tarde”. No entanto, disse, apenas “uma dúzia de funcionários” teria requerido para não trabalhar.
Na reunião de Câmara de 20 de Fevereiro o assunto foi discutido, mas os vereadores da oposição manifestaram-se contra o facto de só apenas alguns funcionários poderem ter a tarde livre. Fernando Costa ter-se-á ausentado da sala e na votação houve um empate, acabando por não ficar nada decidido.
Na manhã de terça-feira ninguém sabia como agir porque nada tinha sido anunciado oficialmente e apenas alguns funcionários é que souberam pela Gazeta das Caldas da possibilidade de usufruírem da folga da parte da tarde.
Segundo conseguimos apurar, o ambiente era de cortar à faca porque havia quem estivesse indignado com a postura de Fernando Costa, enquanto outros davam a entender que seria melhor nem sequer entregar o requerimento.
Ninguém quis dar a cara pelos protestos, dando a entender que havia medo de poderem vir a sofrer represálias no caso de criticarem o presidente da Câmara.
Apesar de o município estar a funcionar normalmente, foram poucas as pessoas a recorrerem aos serviços. O mesmo aconteceu nas Finanças e na Segurança Social, onde, ao contrário do que é normal, não houve filas durante este dia.
De resto, por toda a cidade, e mesmo com os serviços públicos abertos, o ambiente na terça-feira era o de um vulgar feriado.

Pedro Antunes

pantunes@gazetadascaldas.pt

Maioria das Juntas de Freguesia não abriram

A esmagadora maioria das Juntas de Freguesia dos concelhos das Caldas e de Óbidos seguiram a tradição e não abriram ao público. Isto porque, independentemente da decisão do presidente da Câmara, compete aos executivos das freguesias decidir sobre a tolerância de ponto. E a maioria considerou que o Dia do Entrudo é, como sempre foi, um feriado como outro qualquer.
Gazeta das Caldas ligou para as 16 freguesias das Caldas entre as 10h30 e as 11h00 da passada terça-feira, tendo repetido a operação, à tarde, das 15h00 às 15h30.
Resultado: só as Juntas de Alvorninha, Landal, Carvalhal Benfeito e Salir de Matos atenderam o telefone. As duas primeiras explicaram que só trabalhavam durante a manhã porque tinham tolerância de ponto depois das 13h00. As duas restantes laboraram todo o dia.
Já no concelho de Óbidos, e seguindo o mesmo método, apenas terão funcionado as Juntas das Gaeiras e da Usseira. A primeira teve tolerância de ponto à tarde, mas a segunda esteve aberta todo o dia, apesar de haver poucos fregueses para atender.
A-dos-Negros, S. Pedro, Olho Marinho, Vau e Santa Maria não atenderam o telefone, nem de manhã, nem de tarde.
A Junta de Freguesia de Sobral de Lagoa só funciona depois das 17h30 dois dias por semana, pelo que não foi contactada.

C.C.

Houve quem viesse às Caldas porque pensava que havia corso na terça-feira

Várias famílias da região apanharam uma desilusão na terça-feira à tarde, 21 de Fevereiro, quando chegaram às Caldas da Rainha e descobriram que o corso de Carnaval tinha sido antecipado.
Algumas crianças até vieram mascaradas e foi com algum desgosto que tiveram que voltar para casa.
Valter Costa, a sua família e um amigo, vieram de Alcoentre de propósito só para assistir ao corso. “Pensávamos que nos vínhamos divertir um pouco, mas os planos foram furados”, disse à Gazeta das Caldas.
Todos os anos gostam de se deslocar às Caldas da Rainha para ver o corso, mas desta vez foram obrigados a procurar divertimento noutro local.
Da Lourinhã veio um outro grupo de 10 pessoas que também se desiludiu com o facto do corso não se realizar na terça-feira. Segundo Mário Fontoura, depois de terem estado noutros corsos nos dias anteriores, quiseram ver algo de diferente e por isso deslocaram-se às Caldas. “Gostamos de vir aqui porque é sempre muito divertido e não se paga”, comentou. Mas desta vez não pagaram nem foi divertido.

P.A.

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