Plano Municipal de Ação Climática das Caldas da Rainha deverá estar concluído no próximo ano
A utilização acentuada dos combustíveis fósseis na mobilidade, a industrialização, a urbanização, a progressiva permeabilização dos solos e as alterações no seu uso e ocupação dos solos, com um aumento da desflorestação, levou a um aumento significativo da temperatura e, com isso, a alterações climáticas. “Já estamos com mais de 2,5 graus de aquecimento no globo e as perspetivas que se avizinham não são animadoras, pelo que terá de haver uma progressiva consciencialização para contrariarmos esta tendência da emissão de gases de efeito estufa”, alertou Luís Carvalho, do CEDRU – Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano, organismo que está a elaborar o Plano Municipal de Ação Climática das Caldas da Rainha.
Olhando para o concelho, destacou a “grande diversidade bioclimática”, sobretudo entre litoral e interior, que mostra que, no final do século passado, a temperatura média anual rondava os 13,8 e os 14,1º centígrados, conforme se estivesse no litoral ou no interior. Também a precipitação média anual era mais elevada na zona da serra, a sudeste do concelho, do que no litoral, em que os valores eram em torno dos 750 milímetros de precipitação anual.
De acordo com Luís Carvalho a temperatura média anual irá aumentar, num cenário mais restritivo, em torno de 1,6 graus centigrados. “Teremos um aumento das noites tropicais, em que a temperatura média do ar é superior a 20ºC. Poderemos ter, no limite, mais quatro a sete noites com temperaturas muito elevadas”, disse, acrescentando que, até ao final do século, também se deverão esperar nas Caldas “entre cinco a 14 dias com temperaturas superiores a 30º C”. Por outro lado, em termos médios anuais, haverá uma diminuição drástica da precipitação.
O aumento significativo da temperatura no concelho, a redução dos níveis de precipitação e aumento dos dias quentes leva a que tenham de ser pensadas soluções para os grupos mais vulneráveis como as crianças e os idosos, de modo a acautelar a sua qualidade de vida, destacou. Também a subida média da água do mar leva a preocupações na zona da costa e uma mancha florestal extensa em freguesias como Salir de Matos, Carvalhal Benfeito ou Santa Catarina, exige medidas de prevenção à ocorrência de incêndios.
“Sabemos, por exemplo, que temos mais de seis mil pessoas a residir em áreas de risco de incêndios florestais, temos 3500 pessoas em áreas de risco de cheias rápidas ou inundações”, exemplificou, fazendo notar que o plano que estão a desenvolver (e que deverá estar concluído no próximo ano) concretiza uma “atuação enérgica” para responder a estes desafios e perigos.
Luís Carvalho defendeu a continuação da aposta na melhoria da eficiência energética ao nível do edificado, da sustentabilidade e da melhoria do transporte, uma aposta na mobilidade pedonal, utilização da bicicleta e recurso aos transportes públicos. Considera também que é importante olhar para o espaço público urbano e aumentar os espaços verdes e os espelhos de água para amenizar as temperaturas.































