Praticar actividades desportivas e culturais pode afastar as crianças da delinquência

A pertença a um grupo permite aumentar a auto-estima e afastar os jovens de comportamentos desviantes. Esta a premissa que levou a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) das Caldas da Rainha a estabelecer um protocolo com diversas associações do concelho no sentido da integração de jovens nas suas actividades.
A parceria foi formalmente estabelecida na Câmara das Caldas, no passado dia 20 de Novembro – Dia Internacional dos Direitos das Crianças – com 10 instituições e irá envolver numa primeira fase 10 crianças, com idades entre os seis e os 14 anos. “Vamos iniciar apenas com estes jovens porque trata-se de um projecto-piloto e poderá ainda ser necessário limar alguns pormenores”, disse o presidente da CPCJ, Jorge Varela, que considera que a sua integração em actividades desportivas e culturais são uma forma de evitar comportamentos desviantes.
De acordo com o responsável, muitos dos casos envolvidos nesta parceria reportam-se a famílias que não disponibilizariam fundos necessários para ter os filhos integrados em actividades, e desta forma a sua integração será feita sem custos para os jovens nem para as famílias.
Nesta primeira fase o custo será suportado pelas próprias associações. O transporte está a ser estudado e será visto caso a caso.
António José Ferreira, representante das associações culturais e desportivas na CPCJ, lembrou que os clubes, sempre que possível, já realizavam este trabalho junto dos mais necessitados e “rapidamente responderam a este desafio”. No entanto, reconheceu que não se trata de uma resposta fácil, pois muitas das crianças vivem paredes meias com a colectividade sem que a possam frequentar, resultado do que diz ser a “condição de desigualdade em que as crianças vivem”.
António José Ferreira disse ainda que espera que outros projectos possam nascer da parceria entre a CPCJ e as associações do concelho.
Também a vereadora da Acção Social, Maria da Conceição Pereira, destacou o papel social das associações. “É nos tempos mais difíceis que temos que nos unir para dar uma resposta em conjunto pois os recursos não abundam”, disse.
A autarca deu também nota do trabalho feito pela comissão, de forma voluntária, assim como da disponibilidade permanente dos seus membros. “Muitas vezes é durante a noite que é necessário intervir, aos fins-de-semana e no período de férias”, disse, destacando a forma discreta como executam o seu trabalho, garantindo assim a segurança e bem-estar das vítimas.
Do grupo inicial de associações aderentes fazem parte a Associação Recreativa e Cultural Catarinense, Clube Náutico Lagoa Azul da Foz do Arelho, Caldas Sport Club, Hóquei Clube das Caldas, Acrotramp Clube das Caldas, Sporting Clube das Caldas, Associação Cultural e Recreativa do Nadadouro, Caldas Rugby Club e a Associação Cultural, Desportiva e Recreativa Arneirense e a Associação Recreativa e Cultural do Coto (ARECO).
A CPCJ está a funcionar nas Caldas desde 2003, inicialmente abrangendo também os concelhos de Óbidos e Bombarral, mas agora cada concelho tem a sua própria comissão. Actualmente acompanha cerca de 250 crianças a residir no concelho caldense.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt