Portugal é dos países da Europa com mais mortes em acidentes com tractores

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IMG_3109O dia 11 de Novembro foi o Dia do Tractorista nas Caldas da Rainha, numa acção de sensibilização para a alta mortalidade dos acidentes com tractores em Portugal e na região. A afluência foi grande e ficou dado o mote para a continuidade do evento nos próximos anos.
António Dias, de A-dos-Francos, é tractorista e já viveu na pele o que é ter um acidente de tractor. Um dia o tractor com que pulverizava uma cultura virou, depois de ter resvalado num combro.
“Olhei para trás por qualquer motivo e quando me apercebi já não consegui segurar o trator”, contou à Gazeta das Caldas.
Felizmente a máquina tinha cabine, o que impediu o capotamento completo e também que António Dias sofresse graves lesões. “Se não tivesse protecção, se calhar não estava aqui”, reconhece.
Tudo o que bastou foi uma pequena distracção. A força do balanço da água, que ocupava cerca de metade do depósito do pulverizador, fez o resto.
Esta foi uma das poucas histórias de acidentes de tractor com final feliz. Os acidentes com tractores são os que têm uma mortalidade mais elevada em Portugal. Segundo a Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária, a principal causa é o capotamento, responsável por 70% das 21 mortes que aconteceram em Portugal em acidentes de tractor em 2013. Portugal foi o terceiro país da Europa com mais mortes neste tipo de acidentes, superado apenas pela Polónia e pela Itália.

16 mortes em dois anos no Oeste

Na região Oeste, entre 2013 e 2015, foram 16 as pessoas que morreram e 33 ficaram feridas em acidentes com máquinas agrícolas.
São dados suficientes para se organizar um dia do tractorista. A ideia partiu da Associação Nacional de Formadores de Segurança Rodoviária (ANFSR) e depressa ganhou parceiros em diversas entidades ligadas a esta questão, como a Autoridade para as Condições do Trabalho, a Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT), a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, a Autoridade Nacional de Protecção Civil, a GNR e os Bombeiros das Caldas.
A acção, que decorreu ao longo do dia 11 de Novembro na Exposte, juntou mais de 100 pessoas, entre tractoristas e mais de 30 alunos da Escola Profissional de Agricultura de Desenvolvimento Regional de Cister.
António Dias diz que “é bom avivar as pessoas porque são coisas que aparecem sem nos apercebermos, vejo pessoas que fazem aventuras e todos os cuidados são poucos”.
Sobreiro Duarte, presidente da ANFSR, salienta também que a sensibilização para estas questões da segurança são muito importantes. Muitas das mortes podem ser evitadas com uma utilização correcta dos sistemas de retenção e segurança. Para os tractores sem cabine, existem arcos de segurança que evitam o esmagamento em situações de capotamento.
Virgílio Santos, coordenador de formação da delegação do Oeste da DRAPLVT, acrescenta que para além de todos os factores de risco, como a eventual falta de equipamento de segurança das máquinas e as dificuldades provocadas pela orografia dos terrenos (muitas vezes com inclinações acentuadas), é também preciso não facilitar.
A acção contou com simulacros realizados pelos bombeiros das Caldas, nos quais Rui Faria explicou os procedimentos em casos de capotamento com tractores sem protecção.
Os organizadores ficaram satisfeitos com a acção e surgiu mesmo o desafio de tornar em permanência o 11 de Novembro como o Dia do Tractorista.

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Joel Ribeiro
jribeiro@gazetadascaldas.pt

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