População partilhou memórias e objectos sobre a Lagoa de Óbidos

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Mais de 50 pessoas partilharam, durante o fim-de-semana de 26 e 27 de Janeiro, testemunhos orais, fotografias, documentos e objectos sobre a Lagoa de Óbidos. Os dados recolhidos serão agora trabalhados por uma equipa de investigadores que colabora no projecto do Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos e irão integrar a plataforma do programa “Memória Para Todos”, em finais de Fevereiro.

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Mariscador há 45 anos, Alberto Jacinto foi uma das pessoas que na manhã de sábado se deslocou ao INATEL para partilhar o seu testemunho sobre a Lagoa de Óbidos. Consigo levou uma berbigoeira e uma fisga que antes se usava para a captura das enguias. “Antigamente juntavam-se duas ou três pessoas da famílias, apanhavam umas enguias, enquanto as mulheres coziam pão, fazia-se uma caldeirada em família e assim se comemorava aquele momento de felicidade de comer enguias da lagoa”, lembrou à Gazeta das Caldas.
Natural do Nadadouro, Alberto Jacinto é descendente de pescadores e mariscadores. “Os meus bisavós já tinham um barco de pesca”, disse, recordando que começou a capturar ameijoa com oito anos, juntamente com o avô.
Entretanto muita coisa tem mudado na Lagoa. O assoreamento na zona das cabeceiras leva a que já se note naquela zona a falta de espécies como enguias, solhas e linguados. “A água não possui a profundidade necessária para estas espécies se esconderem dos predadores, nomeadamente as aves, e acabam por se deslocar”, explica.
Sobre o projecto em que participou, destacou a relevância de recordar as memórias antigas, para transmitir aos mais novos o que já foi Lagoa e também para “ver se conseguem sensibilizar os poderes para que ela permaneça por muitos anos”.

Gazeta das Caldas
Um búzio que era utilizado pelos mariscadores para comunicar |JLAS

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