População dos Rostos protesta contra encerramento da Unidade de Saúde

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Mais de meia centena de pessoas, utentes da Unidade de Saúde dos Rostos, juntaram-se, protestando contra o seu encerramento

O único posto de saúde da freguesia do Landal fechou, por falta de médico, e a população tem de se dirigir às Caldas e outros concelhos

A população queixa-se que tem de fazer dezenas de quilómetros para se deslocar ao centro de saúde das Caldas ou, em alternativa, quando este está encerrado, ao do Bombarral e da Nazaré

Maria Leonilde Martins era uma das mais de meia centena de utentes que, pelas 10h00 da manhã da passada quinta-feira, 11 de novembro, se juntou frente à Unidade de Saúde dos Rostos, em protesto pelo encerramento daquele equipamento. Antes, a habitante naquela localidade já se tinha dirigido à freguesia vizinha, para, na extensão de saúde de A-dos-Francos, tentar obter receita para os medidamentos da diabetes.
“Há duas semanas que não tinha a medicação porque não temos cá médico para passar a receita e na farmácia já não aviavam”, contou a utente à Gazeta das Caldas. Maria Leonilde Martins ainda tentou aproveitar a viagem de quatro quilómetros para tentar marcar uma consulta para a filha, mas sem sucesso. “Disseram-me que só a poderá marcar para meados do mês que vem”, contou.
Já Maria Figueiredo teve de ir a um médico ao privado para lhe passar as receitas dos medicamentos que o marido necessita. O encerramento daquela Unidade de Saúde, no início do mês e depois de nos últimos cinco meses ter estado por várias vezes fechada por falta de médicos, tem levado a que muitos dos utentes se tenham de se dirigir aos centros de saúde das Caldas, Bombarral e até da Nazaré, para obter uma consulta.
O protesto coincidiu com uma conferência de imprensa conjunta do presidente da Junta do Landal, Armando Monteiro, e do deputado Hugo Oliveira, que desde junho tem questionado a ministra da Saúde, Marta Temido, sobre “o esvaziamento de serviços” daquela unidade que “não responde às necessidades da população”, entre outras questões. O social-democrata revelou que a resposta do Governo tem sido que “vai ser resolvido”, mas nada tem acontecido. Também aponta o dedo ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Oeste Norte, defendendo tratar-se de um “problema de vontade, eventualmente de competência, e de organização” do agrupamento dos centros de saúde, que não consegue colocar ali um médico.
Para Hugo Oliveira é “fundamental” que aquela unidade de saúde não encerre. Tem 476 utentes mas, de acordo com o deputado, “tem sido esvaziada ao longo dos tempos”, porque deixou ter algumas das valências e não permite que mais pessoas se inscrevam. O deputado critica, ainda, o encerramento, “por ordem do ACES Oeste Norte, com base num relatório que indicava uma suposta infestação de baratas”, numa posição corroborada pelo presidente da Junta, que garantiu que o problema podia ser resolvido em poucas horas, com uma limpeza por parte de uma empresa especializada.
Armando Monteiro lembrou ainda que 10 dias antes das eleições, foi assinado um protocolo entre a Câmara, a Misericórdia e o ACES “para que fosse aqui colocado um médico da Misericórdia, no início de outubro”, o que não sucdeu. A Junta fez ainda, recentemente, um investimento na ordem dos 12.500 euros na melhoria das condições da Unidade de Saúde e que incluiu a conservação do edifício, a construção de uma rampa de acesso para pessoa com deficiência motora, climatização dos gabinetes e a colocação de vidro temperado no balcão de atendimento.

Novo médico no início do ano
No dia seguinte, o presidente da Junta de Freguesia do Landal reuniu com a diretora do ACES Oeste Norte, Ana Pisco, a qual se “mostrou recetiva” às pretensões da população e garantiu que a unidade de saúde não irá encerrar.
A responsável está à espera do resultado de um concurso que possui 16 vagas em aberto e que anseia que, pelo menos três delas possam ser ocupadas, permitindo a colocação de um médico nos Rostos a partir de janeiro. Até lá, irá falar com o médico que presta serviço em A-dos-Francos para saber da possibilidade de se deslocar uma tarde à unidade de saúde da freguesia vizinha de modo a passar, pelo menos, as receitas dos medicamentos.
“Não é o suficiente mas é uma luz ao fundo do túnel, já dá uma resposta mínima aos nossos anseios”, considera o autarca.
Nesta reunião ficou ainda em aberto o que apelidaram de “plano B”, que consiste em encontrar um médico disponível para, ao abrigo do protocolo estabelecido com a Santa Casa da Misericórdia das Caldas, poder prestar serviço nos Rostos. “A Junta de Freguesia também se disponibilizou para colocar uma administrativa na unidade de saúde e em transportar o médico entre A-dos-Francos e os Rostos”, concluiu o autarca. ■

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