Pedro Coito, o responsável pelo distrito Oeste da Ordem dos Médicos (OM) chamou “potencial coveiro de instituições multicentenárias” ao Conselho de Administração que esteve à frente do CHO, liderado por Carlos Sá e que levou a cabo a sua reestruturação, implicando a fusão das unidades hospitalares das Caldas, Peniche e Torres Vedras.
À Gazeta das Caldas, o representante dos médicos diz que faltam recursos humanos e camas nos serviços de internamento das Caldas e de Torres Vedras.
Para a Ordem dos Médicos, o Conselho de Administração (CA) do CHO “foi um fiel executor dos objectivos e das orientações da tutela”. Quem o diz é Pedro Coito, o responsável pela OM no Oeste e que considera que em final de mandato (três anos), este CA “não deixa saudades”. Acrescenta ainda que, apesar do bom relacionamento institucional, este não será recordado “como um factor de união e progresso, mas sim como o potencial coveiro de instituições multicentenárias”.
Para o representante dos médicos, o CA não teve a sensibilidade que era necessária para “avaliar as consequências em termos da qualidade da prestação clínica e os efeitos sobre a motivação e condições de exercício profissional dos trabalhadores das várias áreas de actividade”. Acusa até os administradores de passarem a ideia de que tomavam decisões após audição dos colaboradores pois até foram “criadas” comissões de acompanhamento, mas, “aparentemente, antes de reunir ou ouvir propostas já tinha tomado as suas decisões”, disse.
Segundo o médico, as urgências dos dois hospitais (Caldas e Torres) “não respondem eficazmente às necessidades, estão sempre superlotadas e estranguladas devido à dificuldade de transferir os doentes para os serviços”.
Para o responsável, o aumento de nove camas no Hospital de Peniche, no período conturbado do Inverno passado, “foi tardio e não fruto de previsão atempada da sua necessidade” e resultou “da pressão institucional e mediática”. Ainda assim, foi “insuficiente” para as necessidades e por isso teme que a situação se agrave, apesar de já terem sido “reabertas seis camas em Peniche”.
Não tem ajudado haver ainda carências ao nível dos Cuidados Primários e de Unidades de Cuidados Continuados – que conjugadas com o agravamento das condições socioeconómicas das populações – prejudicando a qualidade dos serviços prestados no CHO.
Pedro Coito diz também que as prometidas obras no SU (Serviço de Urgência) das Caldas “nunca se concretizaram” e que este “está carenciado de meios humanos, por muitas falhas nas escalas, com as equipas globalmente diminuídas”. Queixa-se ainda que estas equipas integram profissionais médicos que não têm ligação às instituições, o que “compromete a celeridade e a qualidade dos cuidados prestados aos doentes”.
Para o OM, a fusão das unidades hospitalares nas áreas de influência de Torres Vedras e Caldas da Rainha “não se traduziu nos resultados que se anunciaram”.
Para o médico, no CHO foram criadas dificuldades por causa “do encerramento de serviços e da saída de profissionais médicos qualificados, que não foram substituídos”. Esta situação contribuiu para a redução da satisfação e motivação dos profissionais que, “muito frequentemente, viram degradar-se as suas condições de trabalho, sobretudo por redução no dimensionamento das equipas”.
Para a Ordem dos Médicos, o CHO revela-se incapaz de cativar médicos e doentes e afirma que estes últimos estão a “fugir para unidades privadas”. Diz que os mais experientes têm pedido aposentações antecipadas e que médicos “mais jovens e qualificados” também não permanecem. O que resulta no envelhecimento dos serviços “que ficam sem condições que tornem atractivas a ocupação das vagas postas a concurso, ou as condições oferecidas para a formação de internos de especialidade”, disse o médico.
Pedro Coito considera que há “incapacidade de resposta” do CHO às solicitações, na área de internamento e de ambulatório, além de “desinvestimento na sua diferenciação técnico-científica e na insuficiente articulação com os Cuidados Primários e Continuados”.






























