“Passei na Letónia cinco meses da minha vida completamente feliz e sem preocupações”, Luís Cá

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Luís Cá, 21 anos, Caldas da Rainha
Escola: ESAD/Curso de Som e Imagem
País de destino: Letónia
Escola anfitriã: Liepja Universitate, em Liepja
Período: 5 meses (um semestre).

GAZETA DAS CALDAS – Que apoios teve da universidade de origem e anfitriã?
LUÍS CÁ – Da ESAD tive a minha bolsa de Eramus. Da anfitriã tive o acolhimento. Uma rapariga que já tinha estado previamente em Erasmus, cá em Portugal, ajudou-me bastante e o gabinete de relações internacionais deles também foi muito prestável.

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GC – Como ultrapassou a barreira da língua, fazer compras, transportes?
LC – Para mim, acho que foi fácil. Inseri-me num grupo interessante e falávamos o mínimo de inglês para podermos entender-nos uns com os outros. Tive um curso de Letão para dizer as coisas básicas e no supermercado entendiam-me por gestos e nem falávamos. Depois comecei a cumprimentar as pessoas, umas vezes respondiam, outras vezes não, o que era um bocado frustrante, mas foi interessante.

GC – Quais as principais diferenças culturais?
LC – Em relação à cidade, foi a nível estrutural. Prédios muito altos, estradas muito largas, havia muitas árvores dentro da cidade. Tinha assim uma atmosfera bastante diferente. Mesmo as pessoas na rua, notava-se que as roupas eram muito diferentes… não víamos tantos idosos, pelo contrário havia muitas crianças.


GC – Que contacto teve com os outros alunos de Erasmus? E com os alunos nativos?

LC – Por acaso éramos poucos Erasmus. Só três. Estava a viver com um deles, um alemão, mas estávamos em cursos diferentes. Víamos menos o terceiro Erasmus, um rapaz turco. Porém quando havia eventos na faculdade íamos sempre juntos. Em relação aos nativos, eles acolheram-me bem e tentaram ajudarme mesmo que não falassem inglês.

GC – Onde viveu enquanto esteve na Letónia?
LC- Vivi num apartamento, perto do centro da cidade, a dois minutos da universidade, seis minutos dos bares e a 20 metros da minha casa tinha um minimercado para comprar as coisas essenciais.

GC – Planeia regressar lá em férias ou em trabalho?

LC – Sim. Talvez um mestrado na minha área de estudos [Artes e Design], que é muito parecida com o que eu estudo. Para já, mais em férias e para rever os amigos que deixei lá.

GC – Aconselha o Erasmus a outros alunos?
LC – Sim, devido à minha influência já consegui fazer um amigo meu ir e levou mais duas pessoas com ele, exactamente para a mesma universidade em que estive. E espero que corra tudo tão bem com ele quanto correu para mim.

GC – Que opinião têm os letões acerca de Portugal? Ideias pré-concebidas? Já cá estiveram? Só ouviram falar?
LC – A maior parte já tinha ouvido falar de Portugal, mas não conhecem. Conheci algumas pessoas que já conheciam Portugal, uma das minhas melhores amigas de lá já tinha feito voluntariado aqui, mas a maioria dizia “De tão longe? Porque vieste para aqui?”. Não tinham uma ideia pré-concebida e estavam sempre a fazer perguntas.

GC – Já agora, porque escolheu a Letónia?
LC – No início, a minha ideia era ir para a Hungria, mas como queria fazer um Erasmus para me divertir, ter a experiência Erasmus e sempre gostei dos países de Leste, escolhi a Letónia. Para já, porque ninguém tinha ido ainda, e eu quis ser o primeiro a ir, mesmo tipo à cowboy e dei-me bem.

GC – E o que é essa “experiência Erasmus” de que falou?
LC – É metermo-nos num país do qual não sabemos absolutamente nada a não ser coisas na internet. Como estudo e vivo nas Caldas com a minha família, nunca tive bem a experiência da faculdade. E o Erasmus foi ter essa experiência, tirando que estava a milhares de quilómetros, num país completamente diferente, sem conhecer ninguém. É a super-faculdade.
Mas a “experiência Erasmus” é também ter de começar tudo do zero, ter de decidir tudo sozinho. E tem a ver com a tua entrega ao programa Erasmus. Se tiveres má disposição não vais ter uma boa experiência, enquanto se te aventurares um pouco se calhar vais ter uma experiência que muda completamente a tua vida.

GC – A vida lá é mais cara?
LC – Quando fui para lá tinha-me informado e fui com uma ideia de que é mais barato, mas não é tanto quanto pensava. Foi o mesmo que estudar fora da minha cidade natal e tive de descobrir os lugares onde as coisas são mais baratas. O que valia mais a pena realmente era a vida nocturna.

GC – Como é a alimentação? Quais as principais diferenças face à gastronomia?
LC – Quando fui para a Letónia preocupei-me um bocado, porque gosto bastante de comer, mas acabei por ser eu a cozinhar a maior parte das vezes. Experimentei também a comida típica e ainda fiz, com o meu grupo de amigos, jantares étnicos com pratos de vários países.

GC – Como é a universidade lá? Que diferenças mais relevantes encontrou?
LC – A maneira como as aulas eram dadas: menos formais, principalmente na relação professor-aluno. As salas estavam dispostas em U e o professor nem se importava se estivéssemos a beber chá e a comer umas bolachas. Uma coisa engraçada que me diziam pessoas que nunca tinham ido de Erasmus, é que os professores nos facilitavam a vida, mas nunca liguei a isso. Na realidade pareceram-me tão exigentes quanto os meus professores daqui.

Positivo
– A experiência de estar noutro país tanto tempo sozinho
– O oportunidade de ir visitar os países em redor
– Ter conseguido criar do zero um grupo de amigos que se tornou uma família lá

Negativo

– É engraçado, isto parece um bocado impossível, mas não tenho pontos negativos no Erasmus. Parece um pouco inventado, mas é verdade. Passei cinco meses da minha vida completamente feliz e sem preocupações. Foi o Paraíso.

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