Flávio Marques, um dos participantes que protagonizaram o programa da RTP Chefs Academy, tem uma forte ligação às Caldas da Rainha. Decidiu participar no concurso para mostrar o curso que tem, na área da História, e abrir uma nova perspectiva de carreira. Satisfeito com o que aprendeu no programa e com a experiência que viveu, não tem ainda um projecto definido para o seu futuro, mas gostava de poder conciliar a História com a gastronomia e o fado.
Flávio Marques, de 30 anos, decidiu concorrer ao Chefs Academy para mostrar o seu curso universitário e abrir uma nova perspectiva de carreira, tendo em conta as dificuldades que tem tido para encontrar emprego na área de formação: a História.
Neste programa um grupo de cinco conceituados chefs pega numa turma de 16 concorrentes com poucos conhecimentos de cozinha para os tornar em verdadeiros especialistas da culinária. Ao longo do programa ensinam-lhes receitas e as técnicas necessárias para as concretizar e com o requinte da cozinha moderna.
Flávio Marques já tinha tentado o mundo da culinária quando terminou o ensino secundário. Inscreveu-se num curso da Escola de Hotelaria de Lisboa. “Na altura não havia bolsas de estudo e não foi possível continuar a estudar”, conta.
Optou pelo formato da estação pública em relação ao Masterchef, da TVi, pelas características do programa. “Como não há eliminação, todos os 16 concorrentes participaram nas 16 semanas de aulas e têm acesso a tudo o que os chefs têm para nos ensinar”, explica.
Apesar de não ter integrado o grupo de finalistas – depois de ter estado durante muitos episódios entre os melhores classificados – o balanço que faz da participação é positivo. Destaca a maior exigência que houve nesta segunda temporada do programa, o que até foi benéfico, uma vez que os conhecimentos adquiridos foram mais aprofundados. “Os pratos do Chef Kiko foram sempre de cozinha internacional, o que nos permitiu aprender tipos de cozinha que normalmente não temos contacto. O que pensamos saber quando vamos para o programa é muito pouco”, afirma Flávio Marques.
Os cerca de quatro meses de aulas e desafios deram-lhe uma base de conhecimento que, embora admita não ser igual a um curso profissional de cozinha, “é uma base para seguirmos a aprendizagem e iniciar uma carreira”.
O que mais o surpreendeu foi a abordagem das pessoas na rua. “Tem sido muito bom, nunca pensei são tão abordado pelas pessoas, nem que o feedback fosse tão positivo, tanto nas Caldas como em Lisboa. As pessoas gostam do programa porque aprendem as receitas e é disso que o programa se trata, não está ali ninguém a explorar a vida dos concorrentes”, refere.
História, gastronomia e fados
O programa terminou as emissões no último sábado de 2014 e as gravações duraram até finais de Novembro. Depois disso Flávio Marques concluiu o Mestrado em História, que tinha interrompido para participar no programa. Teve um trabalho temporário no El Corte Inglês e esteve em alguns workshops e sessões de showcooking promovidas por um dos patrocinadores do programa.
Flávio diz-se “meio atordoado” com o que a participação no programa televisivo lhe trouxe, pelo que ainda não tem uma perspectiva clara do futuro.
Continua a preferir um emprego ligado ao que estudou, História, até pelo que investiu na formação. Ouro sobre azul seria um projecto em que pudesse juntá-la à gastronomia e aos fados. Num projecto próprio, ou não.
“Estou aberto a todas as possibilidades. Quero ver o que consigo do Centro de Emprego em termos de criação do próprio emprego. Quero estabilidade e um futuro, como toda a gente, estou saturado de trabalhos precários e temporários”, afirma.
Uma das possibilidades passa por se juntar a Mónica Pereira num projecto que a vencedora do programa tem para um novo restaurante. “Desde o início tornámo-nos muito amigos, temos muitas coisas em comum. É um projecto que vai às raízes da cozinha portuguesa com alguma inovação, e ela quer introduzir também a vertente dos fados”, conta Flávio.
Um caldense do Alentejo
Flávio Marques nasceu no Alentejo, mas sente-se caldense. Os pais vieram morar para o Arelho, no concelho de Óbidos, quando ele tinha 10 anos. Mudaram-se depois para as Caldas da Rainha, onde fez o ensino secundário, na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.
“Apesar de minha vida ser em Lisboa há cerca de 10 anos, tenho muitos amigos cá, sinto-me caldense e continuo a vir cá todos os fins-de-semana ver os meus pais. É a minha cidade, muito mais calma e com um custo de vida melhor que Lisboa”, retrata.
Quando teve que abandonar o primeiro curso de hotelaria, foi também nas Caldas que teve o primeiro emprego, trabalhando durante cerca de oito anos numa grande superfície comercial.
Também voltou a tentar fixar-se na cidade depois de concluir a licenciatura em História, “mas os poucos postos de trabalho na área, na Câmara Municipal, nos museus e na biblioteca, estavam ocupados”.
Abrir um restaurante na região, em Óbidos, até é uma ideia que lhe agrada. “Mas teria que fazer um estudo de mercado muito grande porque já há muita oferta e era preciso saber se há publico suficiente para um restaurante com fados em Óbidos”, concluiu.






























