Pão de Ló é o ex-libris e também um motivo para paragem em Alfeizerão

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Ó Pão de Ló de Alfeizerão é sobejamente conhecido e é mais uma marca que a Ordem de Cister deixou neste território. A Casa Ferreira e a Casa do Pão de Ló dão continuidadade a esta imagem de marca

É impressionante como é que sob o nome Pão de ló encontramos uma tal variedade de bolos e também é interessante perceber que com os mesmos três ingredientes (os ovos, o açúcar e a farinha) as monjas de Cister conseguiam inventar uma tão grande diversidade de doces conventuais.
Em Alfeizerão a História do Pão de Ló remonta precisamente a 1834, ao momento da extinção das ordens religiosas. Ou por outra, a História do Pão de Ló de Alfeizerão tem de vir de um momento anterior a esse, que será ainda em pleno contexto dos Coutos do Mosteiro de Alcobaça, com a confeção do mesmo. Mas em Alfeizerão, a História que se conta começa com a extinção decretada pelo ministro da Justiça de então, Joaquim António de Aguiar.

Casa do Pão de Ló foi fundada em 1925 pelo pároco de então e pela irmã

A nora de Amália Grilo decidiu abrir o Café Ferreira em 1947

Conta-se que monjas (ou senhoras que trabalhavam no Mosteiro de Santa Maria de Cós) se refugiaram nesta localidade e que foram acolhidas pela abastada família de Amália Grilo e que terão então cedido a receita à família que o começou a produzir.
A fama do Pão de Ló de Alfeizerão vem, obviamente, da qualidade do produto, mas beneficiou amplamente do facto deesta localidade estar situada no eixo de ligação entre as duas maiores cidades do país, Lisboa e Porto.
A gula fazia então parar muitos dos que por ali passavam e a fama foi-se tornando cada vez maior, ao ponto de este ser um ponto de paragem de vários autocarros de excursões.

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Os herdeiros da tradição
O Café Ferreira é um dos herdeiros dessa tradição, tendo sido fundado pela nora de Amália Grilo, em 1947, já depois de praticamente duas décadas a produzir este icónico bolo sob uma sociedade intitulada de A.S. Ferreira & Companhia.
Conta-se que à vinda da Rainha Isabel II a Portugal foi aqui feito um Pão de Ló de 1,5 quilos para oferecer a sua majestade.
Logo ali ao lado é possível visitar o outro grande herdeiro da tradição, a Casa do Pão de Ló de Alfeizerão.
Este estabelecimento foi fundado em 1925, numa iniciativa do pároco de então, João Matos Vieira e da sua irmã, Adília Matos Vieira, com o objetivo de comercializar esta iguaria. Funcionava então noutro espaço, numa casa do outro lado da rua.
Há uns anos este estabelecimento recriou o Pão de Ló de Cós, numa parceria com a Associação Coz’Art.
O objetivo foi de aproximar a receita daquilo que seria o seu original. Como há sete séculos não havia açúcar refinado, este ingrediente foi retirado da receita e substituído por açúcar louro e mel.
Trata-se de um bolo mais seco, por oposição ao “molhado” que o mal cozido confere ao de Alfeizerão. Conta-se que à vinda do Rei D. Carlos I a uma casa nobre em Alfeizerão este terá provado um pão de ló mais mal cozido e que assim terá nascido o Pão de Ló de Alfeizerão.

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