Em Vila Nova de Alvorninha há 40 anos foi criada uma Associação Recreativa e Cultural que se tem mantido, apesar da desertificação do lugar. Mário Santos, actual presidente, é o sócio nº1 e foi o primeiro a presidir à colectividade que, recentemente, investiu 16.000 euros num novo telhado e 6.000 euros na construção de um espaço para preparar a participação no Carnaval das Caldas
A Associação Recreativa e Cultural Os Vilanovenses, de Vila Nova de Alvorninha, celebrou o seu 40º aniversário no domingo, 27 de Janeiro, com um almoço com mais de 80 pessoas. E como nos grandes panelões e nas mesas ainda ficou comida, bebida e sobremesas, disse o presidente da associação, Mário Santos: “há jantar! Enquanto houver comida as portas estão abertas”. E assim foi, um dia de festa no lugar de Vila Nova.
De manhã houve o tradicional jogo de solteiros contra casados no campo local e já depois do repasto cantaram-se os parabéns à associação e ainda a dois ex-presidentes que também faziam anos neste dia: João Carlos Santos e Rosa Venceslau (a primeira presidente, em 2010, com uma direcção totalmente feminina).
Esta colectividade situa-se numa aldeia com cerca de 30 casas habitadas, onde existem apenas seis jovens com perto dos 20 anos (três rapazes e três raparigas). “É uma população velha, os jovens sedearam-se noutras partes da região e não há pessoas em Vila Nova que queiram assumir estas responsabilidades”, notou Mário Santos.
A associação tem um salão, com cozinha e um recinto de festas exterior. Aí está a ser preparada a chamada Casa do Carnaval, que deverá estar pronta na próxima semana. Este novo espaço dedica-se à preparação da participação no Carnaval, para o qual a colectividade costuma levar meia centena de figurantes a marchar no corso das Caldas.
A associação também tem um campo de futebol com balneários em condições e um bar aberto todo o ano, mas que não gera lucro nem dívidas. “Como o lugar não tem população, o bar não é fonte de receita”, explicou o dirigente, acrescentando que a associação tem ainda uma carrinha de transporte.
Todos os anos a associação participa nas Tasquinhas e no Carnaval e organiza festas.
Sócio nº1 é o actual presidente

O actual presidente, Mário Santos é o sócio número um e foi o primeiro presidente. À Gazeta das Caldas lembra que, já depois de ter sido criada a associação em Diário da República, abriram um bar na casa de um particular, o que lhes permitiu angariar alguns fundos para começar a construção da sede, que arrancou com 83 contos (414 euros).
Até 1995 Mário Santos foi alternando a presidência um ano sim, um ano não. Depois fez uma pausa de nove anos para dirigir o rancho folclórico, mas em 2004 voltou para reabrir a colectividade que dois meses antes tinha fechado. Por lá ficou mais dois anos. Seguiu a sua vida, mas em Outubro de 2018 uma tempestade levou parte da cobertura e a colectividade voltou a fechar as portas. Mário Santos, já com 72 anos, retornou à presidência, e as portas abriram novamente com um telhado novo, que custou 16 mil euros (porque a colocação do telhado obrigou a pinturas e a arranjos na parte eléctrica do edifício).
Actualmente a ARC Os Vilanovenses tem 230 sócios, dos quais 150 são pagantes. As quotas custam 50 cêntimos por mês.
O dirigente salienta o papel das cinco mulheres que trabalham na associação “como escravas, com um afinco e dedicação inexplicáveis”.
Mário Santos receia que aconteça com as associações o que aconteceu com as escolas feitas nos anos 60 do século passado que entretanto foram encerradas. “Vamos ver cair um trabalho de décadas”, referiu. Entre a direcção está ainda Joaquim Almeida, de 75 anos, que conta mais de 30 dedicados a esta casa. “Já vi esta casa com três telhados”, contou à Gazeta das Caldas.
Associação é como uma Junta de Freguesia
Já depois do almoço vieram os discursos, com o presidente da Junta de Freguesia, José Henriques, a salientar a importância da associação no combate à desertificação e na ajuda à população.
Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas, relevou as boas condições patrimoniais que ARC Os Vilanovenses têm e confessou que já mandou várias pessoas verem a obra feita no telhado da associação, porque a considerou um bom negócio em termos de relação qualidade-preço. “Esta casa é como se fosse a Junta de Freguesia de Vila Nova”, descreveu o edil.
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