Os sonhos das crianças podem construir máquinas

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machineO projecto belga My Machine chegou às escolas de Óbidos. Durante este ano lectivo será idealizada, concebida e construída uma máquina, envolvendo alunos do primeiro ciclo, universitários e estudantes do secundário. O objectivo é promover a criatividade na educação e permitir que as crianças concretizem as suas ideias através da construção de “máquinas” de sonho.
Neste momento os desenhos já foram apresentados aos docentes do Instituto Politécnico de Leiria e nas primeiras semanas de Janeiro, as crianças irão à ESAD para trabalharem o design das máquinas.
Uma máquina para crianças que têm medo do escuro e dos sonhos maus, ajudando-os a relaxar antes de dormir através da música, e uma outra para ajudar a fazer o laço dos atacadores dos sapatos, são apenas dois exemplos dos protótipos que irão surgir em Junho nas escolas de Óbidos. O projecto My Machine, originário de Kortrijk (Bélgica), arrancou em Óbidos este ano lectivo numa parceria entre o Parque Tecnológico, o IPL e as escolas de Óbidos.
Em Portugal este concelho é o primeiro a promover o projecto, que também já se estendeu a países como Eslovénia, França, México, Escócia e África do Sul, tendo como objectivo promover a criatividade na educação e permitir que as crianças concretizem as suas ideias através da construção das suas máquinas.
“Essas máquinas são soluções para resolver problemas da sociedade ou mesmo da nossa aldeia, recorrendo à criatividade das crianças e à sua forma simples de encarar o mundo, juntando-lhe depois o conhecimento e a capacidade tecnológica de instituições de ensino superior e empresas do Parque Tecnológico”, sintetiza Ana Sofia Godinho, da Câmara de Óbidos.
O My Machine arrancou em Setembro com cerca de 70 alunos de cinco turmas do 1º ciclo a desenhar as máquinas. Depois foi escolhida uma por turma, que foi apresentada pelas crianças a professores da área de robótica, electrónica e mecânica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do IPL (em Leiria) e discutidas as várias soluções.
Para Janeiro estão previstas visitas dos alunos à ESAD para trabalharem o design das máquinas, que depois serão construídas por alunos do secundário da Josefa de Óbidos.
“É importante que as crianças percebam que têm uma ideia e que esta pode ser concretizada”, diz Ana Sofia Godinho, destacando que este projecto tem o mérito de agrupar vários níveis de ensino.
Miguel Silvestre diz que o Parque Tecnológico de Óbidos se associou ao projecto porque “é importante que as crianças percebam que têm que ser criativas ao longo da vida, que muito provavelmente vão ter que mudar de emprego e que têm que estar preparados para esses desafios”.
Óbidos integra uma candidatura à UE com a Escócia, Eslovénia e a Bélgica para a criação de uma rede My Machine. “Uma das ideias desta rede é que uma máquina desenhada em Óbidos possa ter um design concebido na Bélgica e que depois seja construída na Escócia e vice-versa”, explicou Ana Sofia Godinho.

Projecto nasceu na Bélgica

Os técnicos de Óbidos tiveram contacto com o My Machine em 2011 aquando da visita de uma comitiva belga e desde logo começaram a trabalhar para a sua implementação também neste território. Um dos fundadores do projecto, Jan Despiegelaere, voltou a visitar Óbidos nos dias 24 e 25 de Novembro para falar com as várias entidades envolvidas no projecto.
À Gazeta das Caldas Jan Despiegelaere disse que quando esteve em Óbidos, há três anos, sentiu que ali havia a “mentalidade e espírito certos para implementar o projecto”. E revelou que havia muitos interessados noutros locais, mas que em poucos deles sentiu que poderia resultar, tal como aconteceria em Óbidos.  Realçou que é importante não fazer uma cópia, mas um projecto próprio, embora assente nas mesmas bases. “A forma como se processa é muito importante, tal como os parceiros que tem, se são empresas, autarquias ou universidade”, defendeu.
O My Machine funciona na Bélgica há cinco anos e, em cada um deles foram criadas entre 10 a 15 máquinas. Na Eslovénia desenvolveram 10 e em Óbidos vão começar com cinco.

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Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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