Os Salmoura convenceram José Cid: “prometo falar com a Câmara para vos subsidiarem um álbum”

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José Cid não actuava nas Caldas da Rainha há 20 anos | BEATRIZ RAPOSO

Aos 74 anos, José Cid veio às Caldas fazer a festa, mas não veio sozinho. O “Tio Zé” – assim lhe chama o público – fez-se acompanhar de uma big-band para o concerto que animou a Avenida 1º de Maio no dia 14 de Maio, véspera de feriado municipal.
Embora as atenções estivessem voltadas para o cantor de “Cai Neve em Nova Iorque”, quem também deu nas vistas foram os Salmoura, caldenses que abriram o espectáculo. E José Cid também reparou neles, prometendo-lhes uma reunião com a Câmara para explorar a possibilidade de a autarquia lhes subsidiar um álbum.

Costuma ser a noite em que as Caldas sai à rua e este ano não foi excepção. A Avenida 1º de Maio estava repleta para assistir ao concerto de José Cid, que aos 74 anos continua a conquistar miúdos e graúdos.Antes do Tio Zé subir ao palco, os Salmoura começaram por temperar a noite com música cem por cento em português. A banda caldense, vencedora do concurso Caldas Dá-te Música 2016 (promovido pelo Centro da Juventude) animou o público com originais como “Amanhã Eventual”, “Pior que Eu” ou “Voto”.

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Sempre divertidos e com sentido de humor apurado, os Salmoura também chamaram a atenção do veterano Cid, que elogiou várias vezes o seu desempenho ao microfone. Palavras de incentivo que se estenderam aos bastidores: “o pessoal gostou de vos ouvir, não fui só eu”, disse José Cid, deixando no ar a promessa de contactar Tinta Ferreira para agendar uma reunião com a banda caldense.
“São músicos honestos e com muita qualidade, por isso vou propor à autarquia que lhes subsidie a gravação de um álbum”, acrescentou.
Rita Couto, vocalista dos Salmoura, não esperava que a noite terminasse com José Cid a pedir-lhe o número de telemóvel. “Sentimo-nos muito apoiados e esperemos que surja a oportunidade para darmos o salto, porque não queremos ficar-nos só pela garagem”, afirmou. Já o homem das teclas, Natanael Gama, disse que “receber este tipo de apoio é inspirador e faz com que a banda tenha vontade de trabalhar com mais afinco”.
Sobre o papel da Câmara no incentivo aos talentos locais, o músico salientou que a cultura é a alma de uma cidade. “É importante ter bons hospitais e boas estradas, mas é a arte que cria empatia com as pessoas”.

Proeza desportiva nas Caldas

De frente para o palco, com os braços no ar e as letras na ponta da língua estavam filhos, pais e avós. Três gerações que aplaudiram calorosamente “Cai Neve Em Nova Iorque”, “Vem Viver a Vida, Amor”, “Um Grande, Grande Amor”, “A Cabana Junto à Praia”, “Como o Macaco Gosta de Banana” ou “Mais Um Dia”.
Com 10 músicos em palco, José Cid também interpretou algumas das baladas roqueiras do seu mais recente álbum “Menino Prodígio” e apresentou temas do próximo CD. “Os Rapazes do Campo e as Meninas da Cidade” e “João Gilberto e Astor Piazolla” foram os eleitos, o último dedicado a todos os artistas caldenses. Houve ainda tempo para que o músico convidasse o sobrinho Gonçalo Tavares a cantar a solo “Só Me Lembro De Ti”, seu original.
José Cid – que nessa mesma tarde tinha actuado no museu ferroviário do Entroncamento num evento de uma empresa – não vinha cantar às Caldas há 20 anos, mas lembra-se bem de como na altura ficou sensibilizado. “O presidente Fernando Costa ofereceu-me uma jarra do Rafael Bordalo Pinheiro que ainda hoje tenho em minha casa”, contou o artista, revelando que foi também nas Caldas que alcançou a sua maior proeza desportiva. Em 1991 obteve a marca de 2,10 metros na prova de obstáculos no campeonato nacional de hipismo.
Apesar dos seus 74 anos, José Cid afirma-se teimoso e resistente, anunciado vários álbuns ainda para este ano. Além de “Clube dos Corações Solitários do Capitão Cid” e “Fados, Fandangos, Viras e Malhões”, o músico tem em mãos um projecto ligado ao jazz.
Ao público caldense o Tio Zé prometeu voltar no final do ano com um concerto solidário de apoio à Cruz Vermelha.

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