Parecem pequenos pássaros a esvoaçar, mas são morcegos os animais voadores que se avistam quando começa a anoitecer no Parque D. Carlos I, os quais puderam ser observados e ouvidos em melhores condições num evento organizado pelo Grupo Protecção Sicó (GPS) a 17 de Setembro, para assinalar o ano do Morcego.
Este evento fez parte da iniciativa das Nações Unidas destinada a divulgar e informar sobre os morcegos, que está a ser dinamizada em Portugal pelo Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB).
Foi a caldense Rita Lemos, associada do GPS, que convidou a associação a promover esta actividade nas Caldas. “Uma amiga minha que trabalha no hospital disse-me que quando abria as janelas apareciam muitos morcegos e achei que estes edifícios parecia ser um bom local para ‘hotel’ deles”, contou à Gazeta das Caldas.
Fez por isso uma visita ao parque e com um detector de ultra-sons (que permite ouvir os ruídos que estes animais produzem e que o ouvido humano não detecta) confirmou a sua presença.
Rita Lemos viu os morcegos a saírem de uma janela dos pavilhões do Parque, mas ainda não fez nenhuma visita para ver onde é que estes dormem. “O passo seguinte irá ser pedir autorização para entrarmos nos pavilhões e procurarmos onde estão os morcegos”, revelou.
Não mordem, não chupam sangue e ajudam a agricultura
A primeira Noite dos Morcegos das Caldas da Rainha começou com uma palestra na Casa dos Barcos, proferida por um responsável do GPS, Pedro Alves, onde foram desvendados alguns dos mitos sobre estes animais e avançadas algumas informações sobre os seus hábitos.
Em Portugal são conhecidas 26 espécies de morcegos, todas protegidas por lei, assim como os seus abrigos. Nenhuma das espécies presentes em Portugal consome sangue.
Os morcegos não são agressivos e não atacam, mas sendo animais selvagens podem assustar-se e reagir se os tentarem capturar.
As espécies que existem em Portugal são bastante pequenas, pelo que é frequente as pessoas pensarem que encontraram crias.
Para além do seu interesse científico e da importância como parte da biodiversidade, os morcegos são também um grupo de grande relevância ecológica. Cada animal pode consumir numa noite mais de metade do seu peso em insectos, eliminando assim grandes quantidades que poderiam constituir pragas para a agricultura ou ser vectores de doenças. Por isso, a importância económica dos morcegos é muito significativa.
Nas últimas décadas tem-se assistido a um declínio nas populações de morcegos, em particular na Europa. Uma situação que ocorre também em Portugal.
O declínio destas espécies deve-se a vários factores, que incluem a destruição de abrigos, a utilização de pesticidas, de biótopos de alimentação, a perturbação dos abrigos por visitantes, a colisão com aerogeradores e o atropelamento.
Depois da palestra, os cerca de 60 participantes rumaram até junto dos pavilhões do Parque, para poderem avistar e ouvir os morcegos que ali habitam.
Com recurso a detectores de ultra-sons, foi possível ouvir o ruído que estes emitem para se movimentarem no escuro, o que entusiasmou as crianças, jovens e adultos que participaram. Praticamente impossível seria conseguir uma fotografia dos morcegos a voar, porque são pequenos e movimentam-se rapidamente.






























