Actuaram no sábado, 19 de Agosto, e causaram nos primeiros dias a maior enchente no recinto da Feira dos Frutos. No ano em que assinalam 36 anos de carreira, os GNR mostraram que têm energia para dar e vender, levando o público – de todas as idades – a cantar e dançar músicas que atravessam gerações.
Na noite anterior, foi Tiago Bettencourt quem estreou o palco da Frutos com um concerto informal e intimista. Já no domingo, 20 de Agosto, o cabo-verdiano Djodje trouxe às Caldas o ritmo das músicas africanas, naquela que foi a actuação com mais efeitos especiais e que atraiu mais público jovem.
A música continua até este domingo com Dengaz, Carminho e Xutos e Pontapés.
“Foi na Foz do Arelho que andei pela primeira vez de burro”. Foi assim que Rui Reininho, vocalista dos GNR, começou à conversa com o público e o deixou à vontade. Mais tarde, à imprensa local, o artista explicou que ainda hoje recorda essa aventura. “Foi no início dos anos 70 e eu era um miúdo. Fui de burro até uns moinhos que existiam na vila”, disse, acrescentando que passou várias vezes férias na Foz do Arelho, onde fez amigos e onde também se lembra de frequentar os bailaricos de Verão.
Mas o que em pequeno lhe chamava principalmente a atenção era a praia da Foz. “Achava imensa graça ao facto de se poder tomar banho na lagoa e no mar”, contou.
Ao público caldense, tantos anos depois, agradeceu o “silêncio respeitoso” durante as músicas mais calmas do concerto. “Mostraram que estavam com a banda, a ouvir-nos”, disse. Mas nos temas mais conhecidos – como “Efectivamente”, “Ana Lee”, “Pronúncia do Norte”, “Sangue Oculto”, “Morte ao Sol”, “Quero que Vá Tudo pró Inferno” e “Dunas” – os espectadores cantaram as letras do princípio ao fim. E também dançaram. Pessoas de todas as idades, famílias inteiras, fãs que até levaram vestidas t-shirts da banda.
Por estar nas Caldas da Rainha, Rui Reininho fez questão de dedicar uma canção a Rafael Bordallo Pinheiro, “esse grande artista”. “Macabro”, do álbum “Caixa Negra”, foi o tema escolhido e para o qual o vocalista dos GNR convidou todos os elementos do grupo – incluindo a própria manager – a cantarem ao microfone.
Sempre bem dispostos e com sentido de humor, os GNR despediram-se do “jardim florido” das Caldas, depois dos fortes aplausos e assobios do público os terem feito voltar ao palco por duas vezes.
Laura Cardoso, 51 anos, foi uma das espectadoras que dançou durante todo o concerto. “Adorei e ainda estou em êxtase! Fiquei muito contente por terem tocado os temas mais conhecidos, muitos deles que fizeram parte da minha juventude”, disse, elogiando o facto de a banda ter respondido à vontade do público ao regressar ao palco por mais que uma vez.
“VOCÊS ESCOLHEM A MÚSICA DO ENCORE”
Um dia antes dos GNR actuou Tiago Bettencourt, na primeira noite de concertos da Feira dos Frutos. O ex-vocalista dos Toranja começou com “Os Dois” e continuou com “Partimos a Pedra”, tema que integrará o próximo álbum, com lançamento previsto para Setembro. Perante um público tímido ao início, Tiago Bettencourt foi conquistando os espectadores à medida que tocava as suas músicas mais conhecidas. “Pó de Arroz” (letra de Carlos Paião), “Lugar” – “um tema que nunca passou muito na rádio, mas ganhou grande aceitação no Youtube” – “Laços”, “Canção de Engate” e “Morena” foram das canções que mais aplausos receberam.
Em “Carta” Tiago Bettencourt fez dos espectadores protagonistas, deixando-os cantar todo o refrão, e “Sara” foi dedicado a todas as Saras que estavam na plateia.
Tal como Rui Reininho, também Tiago Bettencourt elogiou a postura do público caldense. “Às vezes neste tipo de eventos as pessoas têm tendência a dispersar e conversar entre si, mas é impressionante o silêncio que se faz para a banda tocar”, disse.
Entre músicas, num ambiente informal e intimista, Tiago Bettencourt deu a palavra a Kid Gomez, teclista do grupo, que resolveu falar sobre o amor. “Hoje estou um bocado angustiado… por essa razão peço a todos os que tenham alguém que gostam que se sintam gratos por isso e se abracem uns aos outros. E que abracem também quem, como eu, hoje está com dores de amor”
Ao público, Tiago Bettencourt deixou também que escolhesse as músicas do encore. “Eu Esperei” – cuja letra foi escrita na altura do governo de Sócrates e aborda a esperança por um país melhor – e “Chocámos Tu e Eu” foram as canções pedidas. O cantor só não se lembrou da letra de “Poema de Desamor” (Alexandre O’Neill), uma das músicas que integrou o álbum “Tiago na Toca e os Poetas” em que Bettencourt apenas interpretou poemas de autores portugueses.
Para o fã Guilherme Fernandes, 21 anos, o facto do artista deixar no público a responsabilidade de escolher as últimas músicas do concerto “é prova da sua genialidade”. “Acho realmente incrível, é um risco enorme que ele corre, mas ao mesmo tempo é uma oportunidade excelente para os fãs pedirem as músicas que mais gostam ou sentem saudades de ouvir”, afirmou o jovem caldense, revalando que ouve Tiago Bettencourt (inicialmente como vocalista dos Toranja) desde pequenino.
“Já o tinha visto mais vezes e acho que o concerto nas Caldas foi excelente… a banda tocou todas as músicas que o público queria ouvir”, acrescentou Guiherme Fernandes, que levou desta noite uma recordação que ficará para sempre: a palheta de Tiago Bettencourt.
DJODJE CONQUISTOU OS JOVENS
Muita energia, simpatia e boa disposição. Foi este o ambiente do concerto de Djodje, cabo-verdiano que actuou no passado domingo na Frutos. O jovem de 28 anos fez o público caldense (maioritariamente jovem) levantar o pé do chão com ritmos africanos e um espectáculo cheio de surpresas. Desde bailarinos a explosões de confetis, Djodje trouxe às Caldas um concerto que levou os fãs a dançarem do princípio ao fim.
“Fico muito contente que num cartaz com tantos artistas a música africana também esteja representada. Cada vez mais Portugal é um país que recebe muito bem os artistas africanos”, disse Djodje, realçando que tem muito orgulho nas suas origens. Prova disso é que faz questão de cantar vários temas em crioulo cabo-verdiano. “La Ki Nos É Bom” é um exemplo. Esta é também uma música que fala especificamente sobre Cabo Verde: um país que não tem dinheiro, ouro, diamantes ou petróleo, um país que é pobre mas que tem mulheres bonitas, homens lutadores e um povo trabalhador.
No alinhamento de Djodje não faltaram ainda canções como “Namora Comigo”, “Poderosa”, “Beijam”, “Não Vai”, “I Love You”, “Vai Embora” e “Txukinha”.
“Caldenses” animaram palco durante a semana
Mimicat, que foi estudante na ESAD, subiu ao palco na passada segunda-feira na Feira dos Frutos. “Hoje vai ter um sabor especial porque é a primeira vez que vou actuar nas Caldas da Rainha”, disse a artista que iniciou o seu projecto musical quando estudava na cidade.
Em declarações à Gazeta das Caldas, Mimicat (que se chama Marisa Mena) disse que a cidade lhe traz bastantes boas memórias como é o caso do seu relacionamento de dez anos com o namorado. “O parque era um lugar onde íamos com muita frequência e que nos diz bastante”, disse.
Em relação à Feira dos Frutos, Mimicat afirmou ter ficado surpreendida porque “não sabia que era tão grande e com tanta variedade”.
A artista, em tom de brincadeira, disse que vieram para partir a loiça toda de Bordallo Pinheiro.
O segundo álbum que sairá a 22 de Setembro será um trabalho pop, com uma sonoridade diferente do anterior, mas sempre com o cunho soul. A cantora afirmou que este “é um álbum muito mais profundo e com mais significado. No fundo, é uma mistura do que já vinha detrás com o melhor do que se está a fazer na música moderna neste momento.”
No dia seguinte, terça-feira, foi a vez dos caldenses Plant actuarem.
A banda de rock, que actuou em casa, tocou a maior parte dos seus temas, desde os mais antigos aos mais recentes, como é o caso do “Fomos Fracos Demais”.
O concerto contou com algumas surpresas, como a presença de balões iluminados que faziam parte do cenário.
M.C.































