Ordenamento e prevenção são fundamentais no combate aos incêndios florestais

0
531
Na prevenção dos incêndios é importante que cada entidade assuma as suas responsabilidades

É preciso que se adoptem hábitos preventivos, se denuncie as situações de perigo e se aposte no ordenamento florestal. Só assim se conseguirá prevenir incêndios florestais. Mas se tudo isto falhar, há que garantir a intervenção directa com a maior rapidez possível.
Foram estes os alertas deixados pelos diversos parceiros de Protecção Civil num colóquio subordinado aos Incêndios Florestais que se realizou no passado dia 20 de Outubro na Biblioteca Municipal da Nazaré. Um encontro onde se salientou a necessidade de todos assumirem um papel activo na prevenção dos fogos que todos os anos destroem centenas de hectares de mancha florestal.
“Continuamos a cultivar o social porreirismo e não denunciamos os nossos vizinhos e as situações com que nos deparamos. Mas depois acusamos os bombeiros de se atrasarem no combate. Com esta mentalidade não vamos com certeza a lado nenhum”, acusou Carlos Guerra, 2º comandante distrital de operações de socorro de Leiria.Mas é também preciso que quem tem responsabilidades institucionais não se imiscua delas. “As condições climatéricas e o ordenamento florestal potenciam ou previnem os incêndios. Não podemos influenciar as condições climatéricas, mas podemos intervir no ordenamento”, alertou o responsável, acrescentando que na luta contra os incêndios florestais “não podemos pensar que é o combate que vai resolver tudo”.
A necessidade de ordenar a floresta foi também salientada pelos representantes da Associação dos Produtores Florestais dos Concelhos de Alcobaça e Nazaré. Pedro Monteiro apontou a necessidade de garantir a acessibilidade aos terrenos, de reduzir os combustíveis, de ocupar activamente os terrenos – com a agricultura a assumir um papel fundamental – e de levar a cabo acções de silvicultura preventiva. Já o vice-presidente da associação, Albertino Teixeira, alertou que “há áreas no concelho que devem anos aos fogos, têm andado a pedir”.
A dificuldade que os bombeiros têm actualmente em chegar às zonas florestais, completamente desordenadas, foi ainda salientada num encontro ao qual assistiram cerca de 20 pessoas e que contou com a presença de representantes da GNR e PSP. Quem também participou no colóquio foi a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza. Para o presidente do Núcleo Regional do Ribatejo e Estremadura da associação, Domingos Patacho, “a aposta numa educação ambiental é fundamental”, pois se não for pela prevenção “será muito difícil impedir a progressão dos incêndios”. O ambientalista salientou ainda a necessidade de optar por árvores mais resistentes ao fogo, como o sobreiro ou o carvalho.
O colóquio sobre incêndios florestais decorreu no âmbito das comemorações do Dia Internacional para a Redução de Catástrofes, que este ano foi assinalado em diversas bibliotecas de todo o país. Em Alcobaça, a Biblioteca Municipal acolheu durante o mês de Outubro várias exposições e palestras alusivas a este tema.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

- publicidade -