Ordem do Trevo ajuda crianças carenciadas a “desembrulhar sorrisos”

A angariação de brinquedos novos destina-se a dezenas de crianças desfavorecidas apoiadas por esta associação

Jogos, brinquedos, livros, gorros ou cachecóis são apenas alguns dos objetos que podem ser deixados nas caixas identificadas pelo projeto Desembrulhar Sorrisos, da Ordem do Trevo, e que depois serão entregues às crianças desfavorecidas, permitindo-lhes ter um Natal mais feliz. A iniciativa, que se realiza há cerca de sete anos, é dinamizada pela associação de solidariedade com o apoio da comunidade, nomeadamente dos agrupamentos de escolas.
“Há crianças com muitos brinquedos, mas temos outras que não têm essa sorte e estamos cá para minimizar esses impactos e proporcionar-lhes um Natal um bocadinho mais quente e solidário”, resumiu o presidente da Ordem do Trevo, José Viegas, na apresentação da campanha, a 19 de novembro.
Os brinquedos colocados nas caixas são recolhidos e embrulhados, para serem distribuídos a 18 de dezembro, na Expoeste, ao conjunto das crianças carenciadas identificadas pela Ordem do Trevo, mas também outras indicadas pelas escolas parceiras. No mesmo dia é feita a distribuição dos cabazes às famílias apoiadas. A pandemia impede que se realize a festa, que tem sido hábito a associação fazer para entrega destes bens, tendo em conta que envolveria mais de 250 pessoas.
De acordo com José Viegas, a Ordem do Trevo ajuda atualmente 48 famílias, num total de cerca de 168 pessoas, das quais 74 são crianças. Estas famílias são apoiadas com alimentos através de cabazes alimentares e também em termos médicos, enquanto as crianças recebem apoio ao estudo e prática desportiva, de forma a fomentar a sua integração social.
Numa triagem feita recentemente, a associação deu-se com a existência de muitos casos de famílias que estabilizaram a sua vida, o que levou a baixarem o número de beneficiários para as 37 famílias. No entanto, desde há três semanas já receberam “mais de uma dezena de famílias a pedir ajuda e o número de crianças também aumentou”, passando de 52 para 74, explicou o responsável, dando como exemplo, um casal africano que chegou, há poucos dias, com cinco filhos.

Mais pedidos de apoio
“Aumentámos o número de famílias a quem damos apoio e temos a noção de que nas próximas semanas ainda aparecerão mais pedidos de ajuda”, referiu José Viegas, dando nota de que estão a chegar ao ponto limite, das 50 familias a apoiar, pelo que a Direção terá de reunir para decidir o que fazer no futuro.
As preocupações sociais foram também evidenciadas pela vereadora Conceição Henriques, realçando o trabalho feito pelas associações de solidariedade.
“Os últimos 10 anos ensinaram-nos que nenhum grupo social está livre de poder enfrentar uma situação de carência”, disse a autarca, referindo-se ao impacto das crises económica e pandémica, aliado às dificuldades de um mundo mais envelhecido e com menos capacidade de produção.
De acordo com a vereadora, estas organizações da sociedade civil prestam um serviço “notável” à comunidade e, sem elas, “haveria muitas franjas da sociedade que não seriam abrangidas”, desde logo porque as autoridades não estão em todos os locais e recorrer aos seus serviços é uma forma de exposição, por parte dos cidadãos, concretizou.
Conceição Henriques explicou que a Câmara das Caldas apoia o associativismo com fins sociais, mas também presta apoio social a famílias carenciadas, muitas vezes através do pagamento de rendas em atraso, de medicamentos e também de despesas com tratamento ou deslocações a famílias com crianças com problemas de saúde. Há ainda o problema das pessoas em situação de sem abrigo, ao qual a autarca está a dar especial atenção porque, não sendo novo, “tem-se vindo a agravar nos últimos tempos”, não só com pessoas a dormir na rua, mas também em prédios devolutos.
O Agrupamento de Escolas Raul Proença é outro dos parceiros da iniciativa, com os alunos mobilizados na entrega não só de brinquedos, mas também de bens alimentares. De acordo com o diretor do agrupamento, João Silva, têm angariado alimentos para os cabazes de Natal, mas também já estão a preparar um cabaz solidário para entregar na Páscoa.
Também presente, o presidente da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório, Pedro Brás, deixou a disponibilidade desta autarquia para ajudar a Ordem do Trevo, assim como ele próprio, enquanto empresário, para que a sua loja possa ser um ponto de recolha dos brinquedos.
A apresentação pública da campanha, que decorreu no Prontos Café e Cowork, contou com a atuação da banda Twin Motion. ■