ontem & hoje

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José Neto Pereira, 1951 (espólio PH – Património Histórico)

Sessenta e um anos medeiam entre o momento em que José Neto Pereira captou esta foto da praia da Foz do Arelho, nos idos de 1951, e a de Joaquim António da Silva, na semana passada.
Por mera coincidência a “aberta” parece estar no mesmo sitio, embora saibamos que durante este mais de meio século ela se deslocou várias vezes para norte e para sul, ao sabor dos humores das marés, e que chegou várias vezes a ficar fechada. Aliás até parece ser o caso na imagem de 1951, mas pode ser apenas porque, na maré baixa, não se avista bem o canal de comunicação com o mar.
O Bom Sucesso, ao longe, é que está bem diferente. As parte brancas não representam áreas desflorestadas para construir resorts, mas sim dunas. As árvores – pinheiros e eucaliptos – entretanto plantadas dar-lhe-ão, anos mais tarde, um ar mais verde, salpicado, porém, de inúmeras casas e aldeamentos que ali foram construídos.
No extremo oposto, do lado de cá, pouco mudou neste ângulo das fotografias. O Hotel do Facho é um símbolo perene da Foz do Arelho. A casa abaixo, aparece na actualidade acrescentada de mais uns anexos.

Joaquim António Silva (2012)

Por fim, a praia. Não se sabe o mês em que a foto foi feita. Poderia ter sido no início ou no fim da época balnear. Mas é certo que nesse tempo não havia as enchentes à praia que hoje se verificam. As barracas formavam-se paralelamente ao mar, enquanto hoje são perpendiculares (ficando melhor protegidas do vento). E dá para reparar que a maioria das pessoas está vestida porque isso de andar meio nu na praia é moda que só venceria anos mais tarde. Há registos de que, três ou quatro anos antes, a polícia fiscalizava zelosamente o tamanho dos fatos de banho da senhoras na praias da linha do Estoril. Talvez não fosse necessário na então provinciana Foz do Arelho onde só as refugiadas estrangeiras, que em 1951 já tinha partido, ousaram mostrar mais as pernas.
Pode ainda ver-se uma parte do velho bar “Tábuas”, que era uma das poucas atracções que havia nessa época, num tempo em que não existiam muitos apoios de praia e a maioria dos banhistas consumia o que os vendedores de sorvetes, refrigerantes e Bolas de Berlim vendiam ao calcorrear o areal.
E um último pormenor: a praia ainda não estava alcatroada nem existia “avenida do Mar”. Os carros estacionavam cá em cima, junto ao Facho. Veja-se a quantidade deles! Um espanto, comparado com os congestionamentos do actual Verão da Foz do Arelho.

C.C.

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