ontem & hoje

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A Foz do Arelho sempre foi, ao longo dos anos, considerada um destino de férias de excelência para muitos portugueses. Nesse âmbito, a zona retratada pelas fotos revela ser um marco incontornável dessa vertente da vila.
Em destaque nestas referências fotográficas estão as instalações do Inatel, que para além de ser a maior infra-estrutura hoteleira da Foz do Arelho, possui também um legado bastante enraizado na História da região e do País.
A origem desta infra-estrutura baseia-se na criação de uma coutada de caça pelo benfeitor da Vila da Foz do Arelho, Francisco de Almeida Grandella. Era neste espaço, que o ilustre comerciante e industrial privava com alguns dos mais importantes vultos do país no virar do século XX, entre eles o Rei D. Carlos I.
Posteriormente à sua morte, o espaço passou a ser uma colónia de férias designada Colónia de Férias Marechal Carmona. Durante o Estado Novo passou a fazer parte da FNAT (Fundação Nacional Alegria no Trabalho), e após o período da Revolução dos Cravos adquiriu a nomenclatura que perdura até hoje: INATEL.
Mas nem só do Inatel se faz o turismo na Foz do Arelho. A zona ribeirinha sempre foi local de funcionamento de diversos bares de apoio balnear, venda de marisco, bem como de concessões de barracas e de toldos.
No lado direito da imagem mais antiga, erguia-se a Taberna dos Robalos (propriedade de José Robalo). Posteriormente foi adquirida por José Violante e sua esposa, que a transformaram no Restaurante Marisol, o qual se mantém em funcionamento até aos dias de hoje.
Do lado esquerdo, a estrutura mais visível é uma casa de praia que pertencia a José Andrade Mendonça. Hoje em dia esta casa já não existe, mas prova que esta era, à data, uma zona procurada pelas elites da região.
Durante a época balnear, a zona em destaque fervilhava de vida! Esta zona era o ponto de encontro entre os pescadores e os mariscadores, que após a faina iniciavam a venda dos seus produtos aos turistas que passeavam pelas margens da Lagoa de Óbidos.
Posteriormente, foi também implementado junto a este local um parque de campismo que esteve em funcionamento até aos anos 80. Este atraiu muitos turistas pelo facto de estar junto à Lagoa, o que contribuiu, em larga escala, para a dinamização do turismo local.
Esta praia era também bastante utilizada por banhistas que ocupavam as barracas alugadas pelos diversos concessionários (cinco ou seis) que asseguravam um local com sombra a todos aqueles que viessem desfrutar de um dia de praia ao sol.
Em jeito de curiosidade, existiam nos anos 60 alguns mariscadores que aproveitavam o aumento de turistas, durante a época balnear, para realizarem travessias de barco na Lagoa de Óbidos. Destacavam-se pelo uso de boinas brancas, como se pode ver no mariscador que se encontra no canto inferior esquerdo da imagem mais antiga.
Ao longo dos anos houve uma evolução natural da zona: o parque surge agora modernizado, a área de comércio de produtos sazonais foi revitalizada, e apesar do parque de campismo ter sido recolocado noutra zona da vila, foi mantido um parque de merendas e mais recentemente, aproveitado como parque de auto-caravanas.
A Foz do Arelho, sendo uma pequena vila com menos de 1400 habitantes, tem tentado adaptar-se à evolução dos tempos e continua a despertar o entusiasmo dos turistas e dos veraneantes que a escolhem e visitam.
Esta zona ribeirinha continua a ser local de passagem de muitos desses turistas, apesar de ter perdido o encanto, o charme e a importância de outros tempos.
Para além das vicissitudes dos tempos modernos, a praia da Foz do Arelho tem sabido manter-se à tona de água, sobrevivido às mudanças da maré dos tempos e aguarda a sua visita.
Ofélia e Nuno Gomes

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