

Por onde começar…? – Poderia ser a pergunta colocada por quem é solicitado a fazer um comentário…
Talvez o melhor seja mesmo, recuar para aí uns 50 anos no tempo e ir até aos longínquos anos cinquenta do século passado, em que pela mão do meu saudoso pai, subia a íngreme ladeira ainda sem degraus, que nos “despejava” no terreiro fronteiro da Capela de Santo Antão.
Nesse tempo, os meus nove ou dez anitos, não eram obstáculo que evitasse algumas correrias com os outros colegas de brincadeira, para ver quem chegava primeiro lá a cima…
Lá chegados, a primeira coisa a fazer era entrar na Capela, para agradecer ao Santo a sua intercessão em favor da saúde do porquito, dos bezerritos, ou dos coelhos e galinhas e “acertar contas”, fazendo o pagamento da promessa e recebendo as fitas benzidas, que depois se penduravam nos currais ou se atavam ao pescoço dos animais.
Obrigação cumprida, era então tempo de procurar local onde já houvesse uma fogueira colectiva, ou na sua falta recolher alguns “gravetos” para acender uma exclusiva, até ao momento em que a mesma tivesse brasas suficientes, para a partir desse momento ser ela também colectivizada.
Nesse tempo, quem não tivesse ido “aviado” da sua “pinguita”, podia sempre atestar-se na “taberna do Eugénio”, com os barris montados em cima do carro de bois e os copos lavados num alguidar de barro e depois passados por água limpa, que isso da ASAE era coisa com que ainda nem se sonhava.
Quem não matava porco, tinha sempre a possibilidade de comprar uma ou mais chouriças na chamada “casa das Promessas”, local onde eram entregues algumas, pois a maior parte dos ofertantes mandava pesar a “oferta”, adquirindo de seguida o que acabava de entregar por ser de sua inteira confiança, mas havia sempre umas sobras, que o Joaquim “Pilau”, ou o Luís de Almeida, tinham o cuidado de guardar por debaixo do balcão, para os fregueses “conhecidos” que fossem aparecendo.
Nesse tempo, os vendedores que se encontravam no terreiro junto à Capela, comercializavam pinhões, nozes, castanha pilada, batata-doce assada ou crua, cavacas das Caldas, um outro vendedor de tremoços e pevides e não havia como hoje, os chineses e indianos vendedores de relógios, de rádios, de telemóveis e de outras tecnologias.
Os visitantes que subiam o morro faziam-no a pé, com mais ou menos facilidade para uns e desciam-no depois alguns, “empurrados” monte abaixo ao final do dia, que isto de descer com a “cabeça pesada” pelos vapores etílicos, tornava-se difícil para qualquer mortal menos avisado.
Nesse tempo, o terreiro não era invadido por jipes e tractores, em gritante falta de respeito por todos os que o continuam a faze-lo a pé.
Aqui e ali, num qualquer lugar do terreiro, ouvia-se uma concertina, uma flauta, um pífaro, uma gaita-de-beiços…e logo de imediato apareciam os cantadores ao desafio, e um ou outro bailarino menos envergonhado…
A uma hora determinada, decorria na Capela repleta de fiéis, a Missa de Festa em Memória de Santo Antão e depois durante a tarde, continuavam os romeiros e degustar os seus farnéis, em que invariavelmente a linguiça era a rainha da festa, acompanhada aqui ou ali também, por uns bons bocados de toucinho entremeado, do porco recentemente morto e desmanchado e do bom vinho da região.
Chovesse ou fizesse bom tempo, os agricultores não deixavam de ir pedir ou agradecer ao Santo a sua intercessão para a saúde dos seus animais domésticos, cuja venda ou abate, seria sempre uma ajuda preciosa no equilíbrio financeiro de qualquer família.
Havia muitos romeiros que vinham dos concelhos vizinhos e era ver como o “Comboio das Dez” ou “o Correio” (no tempo “em que havia comboios” na Linha do Oeste…), despejavam dezenas de pessoas que pressurosamente subiam a íngreme ladeira até ao cimo do monte.
Alguns anos mais tarde, a mando do saudoso Professor Albino, presidente da Câmara de Óbidos, foram montados os degraus ainda hoje existente, que vieram tornar mais fácil a difícil subida. O problema porém passou a ser outro, é que se os que desciam “pairando” antes se enfiavam pelos carrascos, depois passaram a fazer um ou outro “galito” na cabeça, que no dia seguinte lhes levantaria sérias dúvidas, por não se lembrarem certamente onde tinha acontecido “o desastre”.
Digamos que no fundo se mantém a tradição e nem vou dizer que a “rapaziada” de agora não tem a mesma pedalada de outrora, porque sempre agora como então, houve quem cumprisse melhor ou pior as tradições herdadas.
Da imagem em si…pouco há a dizer…: Óbidos a preto e branco ou a cores…continua a ser a “Mui Nobre e sempre Leal”…
Para terminar, um convite: se nunca foi ao Santo Antão, não falhe o próximo ano e …suba o monte
Maximino Alves Martins































Senhor Maximinio esqueceu-se de dizer que entre os anos 50 e 60 que a banda da socidade Recreativa Obidense ia la tocar,porque me lembro quando era puto acomphava essa banda ate’ la’ era uma grande alegria para a malta nova,como me lembro de alguns membros da banda,o senhor Apio Matias Ribeiro,o senhor Aires,o senhor Inacio dos Santos,o Antonio que vendia bilhetes da lotaria,e o senhor Candido outro mais,que o faziam por amor a’ musica. chama-se isso meus ricos velhos tempos,ou seja as boas mimorias. muito obrigado senhor Maximinio por mencionar,uma boa tradicao,de nossa terra. Placido.