ontem & hoje

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Joaquim António Silva - 2012
Postal Ilustrado

Começou a 15 de Agosto de 1965 o meu primeiro contacto “a sério” com a Rua Dr. Miguel Bombarda – o meu pai abriu o estabelecimento comercial que ainda hoje existe, tinha eu 11 anos. Por isso e pelas recordações que naturalmente não tenho, socorri-me da preciosa ajuda do meu amigo Dr. Mário Gonçalves, para identificar os pontos notáveis desta rua, os desaparecidos e a sua eventual relação com os actuais. Quanto à toponímia, tive igualmente uma preciosa ajuda, desta feita da minha amiga, Dr.ª Isabel Xavier, de quem também utilizei excertos dum Catálogo de uma exposição de sua autoria sobre a República (em itálico). A ambos, expresso os meus sinceros agradecimentos.
Ao olharmos para as duas fotos, verificamos pelo rodapé da foto antiga, que esta se chamava “Rua Serpa Pinto”. Era este o seu nome, depois de já se ter chamado Rua da Avenida. Também se vê ao fundo a Avenida da Independência Nacional.
“A onda de nacionalismo que o Ultimato inglês de 1890 despoletou no país, grande impulsionadora do republicanismo em Portugal e principal responsável por uma mais sistemática organização do Partido Republicano, teve os seus ecos e deixou as suas marcas (também) nas Caldas da Rainha. Era presidente da Câmara Rodrigo Berquó que, longe de ser republicano, não deixou de aderir à onda de protestos nacionais e participou activamente na reconversão toponímica levada a efeito nessa ocasião.
Ao casal Galrão foi dado o nome de Avenida da Independência Nacional, que se considerava ameaçada pela cedência do rei face às exigências britânicas de abandono português do território entre Angola e Moçambique (mapa cor-de-rosa). Esta avenida ganhava nova importância, na medida em que dava acesso à estação do caminho-de-ferro, equipamento inaugurado três anos antes, em 1887, e que constituía elemento decisivo na conjuntura de expansão que a vila das Caldas então vivia.
Dentro da mesma lógica, deu-se à rua da Avenida, futura rua do Doutor Miguel Bombarda, o nome de rua Serpa Pinto, um dos elementos que se celebrizou por integrar as expedições promovidas em África nos finais do século XIX, por Portugal, numa tentativa de legitimação das pretensões acima referidas”.
A Rua Serpa Pinto passou a chamar-se Rua Doutor Miguel Bombarda (médico e chefe republicano) a 8 de Março de 1911, por ocasião também, dos baptismos da Praça 5 de Outubro e da Rua Almirante Cândido dos Reis.
Comparando agora ambas as fotos, podemos verificar que dentro do nosso campo visual restam apenas em comum parte dos dois imóveis, que à esquerda e à direita dão início à rua.
Na identificação das diversas actividades económicas e das pessoas de nomeada, que num passado mais ou menos distante povoaram a Rua Dr. Miguel Bombarda, não há (ou haverá por coincidência), uma relação temporal. Trata-se duma descrição aleatória no tempo.
Começando pela esquerda, o prédio tem hoje mais um piso. No rés-de-chão funcionou a loja do Sr. José Marques Henriques de mercearia e roupa, foi dividida e a parte da roupa mantem-se no ramo até aos dias de hoje.
Logo após e a fazer esquina com a actual Rua Coronel Andrada Mendonça, tínhamos o Hotel da Copa.
Na esquina após, morou o Dr. Ferrari, cirurgião no Hospital de Santo Isidoro (que em 1967 encerrou, mudando-se os serviços para o Hospital Sub-Regional).
Continuando “rua abaixo”, tivemos e/ ou temos:
Os Oliveiras.
A residência do Sr. Serrano, dos Móveis Serrano.
Os Móveis Pardal.
Por cima dos Móveis Pardal, a residência do Dr. Asdrúbal Calisto.
A Casa dos Espelhos.
A residência do Sr. João Montês.
O Grémio da Lavoura, mais tarde Cooperativa Agrícola, antes da Avenida da Independência Nacional.
Do lado direito da rua e no primeiro prédio, funcionou a Pensão Leiriense. O rés-de-chão está hoje completamente modificado e nele funcionam diversos estabelecimentos comerciais.
Após entre outros, tivemos:
A “Cerâmica Germano”, com entrada por um único portão.
A drogaria que eu identificava como … a do Jaime.
A padaria do “Gomes & Parada” mais tarde da Upacal.
A Vimar.
A Foto Pereira.
O Sr. Lucas Ramos dos transportes.
O Prédio onde funcionou o primeiro colégio particular caldense, primeiro com o nome de Colégio Caldense, depois Colégio Ramalho Ortigão, ainda nessas instalações.
Finalmente e antes da Avenida, os Bombeiros Voluntários, onde também treinávamos a “equipe especial de ginástica”, orientada pelo Prof. Silva Bastos.

Carlos Mendonça

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