Associações empresariais aplaudem iniciativa dos municípios e enumeram os aspetos positivos que o projeto pode trazer para a região, sobretudo ao nível do turismo, mas também do tecido empresarial
A Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) quer reabrir a discussão sobre a construção do aeroporto na Ota, tendo solicitado ao Governo que equacione a possibilidade de a infraestrutura ainda poder vir a ser construída a norte do rio Tejo.
“Este era um assunto que estava arrumado, mas com estes novos desenvolvimentos voltámos a colocar em cima da mesa a construção do novo aeroporto na Ota”, explicou à Gazeta o presidente da OesteCIM, referindo-se às polémicas entre Pedro Nuno Santos e António Costa e ao debate nacional que se tem gerado em torno da escolha da localização daquela infraestrutura.
Pedro Folgado recorda que a população que possa vir a ser servida pelo aeroporto “está mais a norte” e que “em termos económicos, o projeto a sul é muito mais dispendioso”, nomeadamente porque “obriga à construção de uma nova ponte”.
“As infraestruturas e as acessibilidades estão feitas a norte, pelo que se ainda há esta indefinição sobre a opção a sul, entre Montijo ou Alcochete, então queremos que coloquem a possibilidade de construção a norte, nomeadamente na Ota”, sublinha o presidente da Câmara de Alenquer.
O presidente da Óbidos.com – Associação Empresarial do Concelho de Óbidos, afina pelo mesmo diapasão. “A Ota é mais central e, obviamente, seria uma escolha muito vantajosa para o Oeste. Além disso, os principais acessos já existem, o que reduz o investimento”, considera Carlos Martinho, que não tem dúvidas sobre o “impacto muito positivo” que um aeroporto poderia representar a nível económico para a região.
“É pena o Governo só estar a pensar no Montijo e em Alcochete”, lamenta o dirigente associativo, que veria igualmente com bons olhos uma “segunda alternativa”, Monte Real.
“Aproveitando a Base Aérea, sem grandes investimentos, poderiam ser beneficiadas muitas cidades do Centro. Além disso, para os oestinos ficaria muito mais perto para aceder ao aeroporto do que ir para a margem sul”, refere Carlos Martinho.
Para o presidente da AIRO (Associação Empresarial da Região Oeste), um novo aeroporto “é um instrumento importante” para o desenvolvimento do tecido empresarial da região, mas “não será o único”, pelo que há outros aspetos a ter em linha de conta na gestão deste processo.
“Quanto mais próximo estiver o aeroporto do Oeste melhor e é evidente que não gostaria de ver o aeroporto na margem sul, porque isso poderia ser-nos prejudicial”, afirma Jorge Barosa. Porém, para o empresário o essencial é que a região seja capaz de reinvindicar “uma rede de infraestruturas, ferroviárias e rodoviárias, que permitam impulsionar a atividade económica”.
Na leitura do presidente da Associação Comercial das Caldas da Rainha e Oeste (ACCCRO), a região “deve unir-se e lutar pelo aeroporto na Ota”. Luís Gomes só consegue vislumbrar “vantagens” na opção na Ota.
“Os principais acessos estão feitos, há uma estrutura ferroviária, proximidade com Lisboa, há muito mais população na margem direita do que na margem esquerda do rio e, além disso, do ponto de vista turístico precisamos de uma infraestrutura que fique próxima de Lisboa e do Oeste e não num ‘deserto’ ou num ‘pântano’”, sustenta o empresário, sublinhando os “impactos significativos” que um aeroporto poderá ter para a economia da região, sobretudo para o comércio.
“A Ota está próxima da plataforma logística da Azambuja e, se queremos ter uma economia competitiva, que crie valor acrescentado, precisamos do transporte aéreo com fácil acesso”, declara Luís Gomes, que teme que a opção pela margem sul “venha a originar mais um negócio ruinoso para o país, com uma PPP para a construção de uma nova ponte sobre o rio Tejo”.
O certo é que a Portela está esgotada e que, este ano, os problemas se têm vindo a agudizar no Aeroporto Internacional de Lisboa, que já foi classificado o pior do mundo. “Temos recebido reclamações dos turistas, devido às greves e aos problemas com o SEF, que causam atrasos e adiamentos dos voos e isto dá uma imagem negativa do país. Isto é algo que tem de ser resolvido”, lamenta Carlos Martinho, da Obidos.com.
O líder da ACCCRO diz que a decisão cabe aos técnicos e ao Governo, mas que a opção da Ota seria positiva para o Oeste, “mas também para Lisboa e o Ribatejo”. “Acredito que a melhor solução passaria por dar um cariz mais interno ao Humberto Delgado, que poderia também servir as companhias ‘low cost’, o que tirava muito tráfego a Lisboa, deixando para a Ota a condição de aeroporto internacional”, advoga Luís Gomes, que tem, ainda, outra preocupação: “Falando apenas como caldense, temos um aeroporto a 86 kms e passar a ter o aeroporto a mais de 100 kms é algo de impensável, sobretudo porque precisamos tanto do turismo e sabemos do impacto que este setor tem no PIB local e regional”.
No entender do líder da Comunidade Intermunicipal do Oeste “o importante é que se decida” a localização e se avance com a obra. “Desde os anos 1960 que andamos a falar deste assunto. Qualquer que seja o local escolhido, há sempre vantagens e desvantagens, mas o poder político tem de decidir”, conclui o socialista Pedro Folgado. ■
O que defende o Oeste
Pedro Folgado
OesteCIM
O facto de haver mais população a norte do Tejo e de um projeto a sul obrigar à construção de uma ponte são motivos para avançar na Ota
Jorge Barosa
AIRO
Empresário avalisa a opção pela Ota, mas considera fundamental que a região consiga reivindicar investimentos na ferrovia e rodovia
Carlos Martinho
Obidos.com
Dirigente vê vantagens na Ota e discorda da opção a sul do Tejo, apontando como alternativa a abertura da Base Aérea de Monte Real
Luís Gomes
ACCCRO
Evitar que o aeroporto seja construído na margem
sul é essencial para a competitividade do turismo e do comércio na região Oeste































