As provas hípicas voltaram às Caldas na 5ª edição do Oeste Lusitano. Durante o passado fim-de-semana o Parque D. Carlos I transformou-se numa mini-cidade do cavalo e encheu-se de vida dos portões da Rainha aos da fábrica Bordallo Pinheiro. A organização estima que cerca de 90 mil pessoas visitaram o certame durante os três dias em que houve, para além de competições hípicas, dezenas de actividades culturais e desportivas.
É sexta-feira, 20 de Maio, e o final de tarde aproxima-se. Entramos no Parque D. Carlos pelos portões em frente à estátua da Rainha D. Leonor. Dirigimo-nos ao picadeiro Oeste Lusitano, situado no largo por cima dos campos de ténis. O picadeiro é rodeado por uma bancada, arbustos e bancas de venda.
Aqui decorreram provas oficiais de equitação de trabalho (ensino, maneabilidade e velocidade), provas de modelos e andamentos e ainda demonstrações equestres.
Perto do parque infantil uma enorme tenda alberga vários expositores e zonas de restauração e no corredor entre o picadeiro e a Casa dos Barcos há dezenas de cavalos em exposição, que levam centenas de pessoas a parar para fotografar, acariciar, ou apenas apreciar os animais.
É por aqui que encontramos José Marques e a sua família. “Numa comparação com o ano passado, a iniciativa está melhor estruturada e com melhor organização”, afirmou, elogiando a maior quantidade e diversidade de cavalos em exposição e o aumento de bancas com comes e bebes.
A filha tem gostado de passear por ali e de fazer festas aos cavalos. “Ao início tinha algum medo, mas já está com maior confiança”, disse, defendendo a importância do contacto entre humanos e animais.
Junto à Casa dos Barcos, à direita, o Sporting Clube das Caldas e a ACDR Sto. Onofre – Monte Olivett montaram as suas bancas de comes e bebes. Chegamos ao jardim do Museu Malhoa e encontramos um mercado com vinte bancas de produtos artesanais, como bijutarias, peças de madeira restauradas, artigos para bebés, cabaças decoradas e vestuário em pele.
Cláudia Silva é uma destas vendedoras. Alcobacense, funcionária pública de profissão, vende vários produtos para mães e filhas. Esta foi a primeira vez que participou no Oeste Lusitano. “O evento é grande e tem atraído muita gente. É muito dinâmico, temos sempre aqui actividades a acontecer, tal como em toda a feira”, notou. Ainda assim, criticou o facto de o mercado estar localizado fora do centro do evento.
No jardim realizam-se espectáculos e várias actividades físicas. Já perto do coreto há expositores de diversas entidades. A ilha do Lago foi também palco para diversos eventos, como passagem de modelos, performance de homens-estátua, yoga e actuação do rancho Os Azeitoneiros de Alvorninha.
Seguimos em direcção à Pala (telheiro junto ao chafariz) onde se encontra o espaço dedicado à cerâmica. Em representação dos 13 ceramistas, Carlos Enxuto, que há 28 anos trabalha neste ramo, conta à Gazeta das Caldas que se inspira na filha – que gosta de montar a cavalo – para criar peças relacionadas com o tema.
“O cavalo e a cerâmica estão ligados à história de fundação do Hospital Termal”, fez notar, antes de explicar que “a cerâmica está presente no Oeste Lusitano pelo 3º ano consecutivo”. No primeiro ano estava localizada no Céu de Vidro, mas Carlos Enxuto entende que a Pala “é um espaço mais aberto e mais amplo”. Apesar disso, este ano houve “menos gente a expôr”.
Junto ao telheiro existe um palco que recebeu concertos musicais, sessões de cozinha ao vivo e actividades físicas. Seguindo agora pelo Jardim das Rosas, que foi “invadido” pelas carrinhas de street food, chegamos ao Parque das Merendas, onde encontramos dezenas de boxes de cavalos, bancas de farturas, comes e bebes e um espaço de restaurante coberto.
Mais de 130 conjuntos em 16 provas hípicas
A zona do antigo parque de campismo Orbitur está transformada num espaço para largadas de vacas e a Parada transformou-se no picadeiro Bordallo Pinheiro. Aqui decorreram as provas hípicas organizadas pela Green Horse, que contaram com muito público a encher as bancadas nos dois dias de competição.
No total realizaram-se 16 provas nacionais e regionais, em que participaram 135 conjuntos (cavalo e cavaleiro), sendo o prémio monetário no valor de 5.900 euros. O Grande Prémio, a prova de obstáculos de 1,35m, foi ganha por Hugo Carvalho Ferreira que montou o cavalo Tsar D’Audouville.
Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas, elogiou “o sucesso do V Oeste Lusitano”, notando a diversidade do evento que, “tendo por base o cavalo, não se esgota aí”.
O autarca salientou o regresso das provas de hipismo às Caldas, no retomar de uma tradição antiga. “Já há muitos anos havia uma tradição de concursos hípicos oficiais nas Caldas da Rainha que chegaram a ter uma projecção enorme a nível nacional”, recordou, destacando o cavaleiro Henrique Calado, que foi recordista de salto em altura batendo o recorde nas Caldas (2,20m), na altura no Campo da Mata.
Tinta Ferreira sublinhou também que “os eventos de grande dimensão estão a regressar ao Parque D. Carlos I”, apontando a Feira dos Frutos (Agosto), da Feira da Criança e da Regata (organizada pela Gazeta em parceria com a União de Freguesias Nª Sra. Pópulo, Coto e S. Gregório).
Jorge Magalhães, da Associação de Criadores de Puro Sangue Lusitano do Oeste – entidade que organiza o certame – explicou que “a quinta edição trouxe dificuldades acrescidas porque não tínhamos espaço suficiente para a logística”. Por outro lado, a criação de uma prova de competição foi um grande desafio.
A grande moldura humana nas provas de equitação de trabalho e o aumento do número de cavalos no Parque também mereceram destaque por parte do responsável. “A primeira edição do Oeste Lusitano começou com 21 cavalos, mas hoje estiveram cá mais de 300”, notou.
Sem um método de contagem de visitantes preciso, Jorge Magalhães estimou que estiveram presentes cerca de 90.000.
Para o próximo ano, a organização pretende melhorar o parqueamento para os visitantes e participantes, as acessibilidades, o acesso a pontos de água e pontos eléctricos dentro e fora do Parque e as condições sanitárias (balneários e casas de banho).
Os horários dos programas raramente foram cumpridos
O evento custou cerca de 150.000 euros, contando com uma comparticipação da autarquia de 75.000 euros e apoio logístico.
Um vestido com páginas da Gazeta

“O papel ‘tá na moda! Qual é o teu?” foi a Prova de Aptidão Profissional (PAP) apresentada na Casa dos Barcos por Beatriz Tojal, aluna do curso técnico de Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.
Um vestido feito com páginas da Gazeta das Caldas: eis a proposta da aluna, que se inspirou na iniciativa “90 anos, 90 capas contam a História”, promovida por este jornal no âmbito do seu 90º aniversário (celebrado a 1 de Outubro). Nesta actividade, 90 alunos daquela escola desfilaram pela cidade com 90 primeiras páginas da Gazeta, uma por cada ano de vida do semanário. São precisamente as páginas que reportam este evento aquelas que dão forma ao peitilho do vestido.
“À primeira vista este projecto pode parecer apenas um trabalho de moda, mas a moda foi apenas a ferramenta utilizada para comunicar”, disse Beatriz Tojal, salientando que um jornal também pode ser reciclado e dar origem a diferentes obras de arte.
Costurado à mão, com a ajuda da mãe e das alunas do curso de Design de Moda, o vestido levou três semanas a ser concluído.
Céu Santos, directora do Agrupamento ESRBP, destacou este projecto como um exemplo de ligação da escola à comunidade. “São nestes momentos que vemos os nossos alunos crescer e a mostrar o valor do seu trabalho fora de portas”, disse.
Celeste Tornada e Maria José Rocha foram duas professoras que também mereceram o agradecimento de Beatriz Tojal, a primeira pelo auxílio prestado no desenvolvimento desta PAP e a segunda pela ideia inicial de organizar um desfile com capas da Gazeta das Caldas.
“O ensino da equitação passava de pais para filhos”

José Júlio Silveira, Fernando Fonseca, Pedro Carmo Costa e Francisco Vaz Fontes foram os convidados do colóquio “A Equitação de Ontem, Hoje e Amanhã”, uma iniciativa da Gazeta das Caldas inserida no V Oeste Lusitano. O debate começou com números, apresentados pelo moderador Henrique Sales Henriques: o puro sangue lusitano é a raça de cavalos mais registada em Portugal (31.430), sendo que dos 152 cavalos registados nas Caldas 117 são lusitanos.
“Até 1967 não se utilizava a designação ‘lusitano’, mas sim ‘peninsular’” contou José Júlio, recordando que “antigamente o ensino da equitação passava de pais para filhos porque havia poucos professores”.
No tempo em que José Júlio começou a montar as estradas eram de terra batida e não existiam carros, sendo o cavalo o principal meio de transporte. “Nessa altura o homem parava em frente à taberna e o cavalo sabia esperar”, acrescentou o convidado.
Com 78 anos, Fernando Fonseca, responsável pela empresa Rações Fonseca, recordou que a Benedita (de onde é natural), sempre foi uma região de muitos cavalos. E deu o exemplo dos “ industriais de calçado que, a cavalo, se deslocavam aos grandes mercados de Santarém, Cartaxo e Caldas da Rainha para vender a sua mercadoria”.
Já o instrutor e mestre de equitação Pedro Carmo Costa salientou que “durante séculos a instrução da equitação foi voltada para o combate e só em meados do século XX a prática desportiva passou a ganhar relevância”.
O convidado mais novo, Francisco Vaz Fontes, 16 anos, tem o título de cavaleiro mais novo em Portugal a ganhar um grande prémio de um concurso A (1,45 metros) e sublinhou as qualidades de um bom cavaleiro: paciência, precisão, dedicação, disciplina e feeling.
Monte Olivett actuou por mais de três horas

Na sexta-feira, 20 de Maio, a noite esteve animada no picadeiro Oeste Lusitano com a Orquestra Monte Olivett, que apresentou o espectáculo Caldas a Cantar que fez uma viagem por todos os gostos musicais. Do jazz, ao rock, do fado às baladas portuguesas, o concerto de três horas contou com cinco convidados, além dos 19 músicos e dois cantores que compõem a orquestra.
O vasto e diversificado repertório incluiu 20 temas, tais como “Englishman in New York”, “Encosta-te a Mim”, “Pica do 7”, “Chuva” ou “Proud Mary”. Há seis meses a preparar este espectáculo, David Santos, maestro do Monte Olivett, destacou a estreia de oito temas e as milhares de pessoas que assistiram ao concerto. “Somos uma orquestra recente, em Agosto fazemos apenas três anos e há muita gente que ainda não nos conhece, por isso o palco do Oeste Lusitano foi uma excelente divulgação”, disse, salientando “o entusiasmo dos músicos ao saberem que iam preparar um espectáculo desta dimensão”.
Uma multidão no Oeste Equestre

Na noite de sábado uma multidão rodeou o picadeiro Oeste Lusitano (no largo por cima dos campos de ténis), aguardando ansiosamente pelo Oeste Equestre. O espectáculo trouxe momentos de coreografia que juntaram cavalos com fogo, dança e luz.
Uma bailarina dança em frente a um cavalo, seis cavaleiros com varas a arder fazem uma coreografia com fogo, uma bailarina faz dança vertical enquanto um cavaleiro a pé conduz o seu cavalo. Há malabares com fogo, danças sevilhanas e um cavalo iluminado por fios de luz que desfila pelo picadeiro. No final, uma valente salva de palmas para os artistas.
O espectáculo foi parecido com o da última edição, sendo, ano após ano, um dos pontos altos do Oeste Lusitano.








































