Óbidos quer reduzir em 20% os problemas de saúde até 2030

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Gazeta das Caldas - Óbidos activo
A vereadora Margarida Reis apresentou o programa que pretende tornar a população mais activa

Com uma população mais envelhecida relativamente aos valores nacionais e uma das mais envelhecidas da região Oeste Norte, o município de Óbidos quer reduzir em 20% os principais problemas de saúde do concelho até 2030. Para isso irá implementar 16 medidas de bem-estar e saúde que visam dotar a população de estilos de vida mais saudáveis.
O programa Óbidos + Ativo foi apresentado a 6 de Março e a autarquia pretende concretizar grande parte das medidas ainda em 2018.

“Acho que temos condições para chegar a 2030 com menos de 20% dos principais problemas de saúde que temos no concelho”, disse o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, referindo-se a doenças cardiovasculares, diabetes e perturbações depressivas, que têm percentagens, respectivamente, na ordem dos 21,9%, 8,6% e 5,7%, num concelho com 11.600 habitantes.
O autarca falava na apresentação do programa Óbidos + Ativo que integra 16 medidas de incentivo à prática de actividade física e desenvolvimento desportivo, assim como a adopção de estilos de vida mais saudáveis.
As medidas a implementar passam pela disponibilização de consultas de nutrição, psicologia, orientação e prescrição para a prática de actividade física a toda a população, assim como de aconselhamento a pessoas ou famílias com patologias ou factores de risco, por exemplo, no caso da diabetes, doenças cardiovasculares ou obesidade. Haverá também conselhamento jovem e programas de incentivo à prática de estilos de vida saudáveis envolvendo associações, escolas, empresas locais e juntas de freguesia.
A saúde oral ganha espaço nas escolas, com a rastreios gratuítos para a comunidade escolar e utentes do Melhor Idade, formação sobre boas práticas de higiene oral e prestação de cuidados ao nível da prevenção, diagnóstico e tratamento a anomalias nos dentes e boca.
O objectivo deste programa é que o desporto seja para todos, estando prevista a criação do centro Desafia, que pretende tornar-se uma “referência local e nacional” ao nível do desporto e atividades físicas adaptadas, explicou, Margarida Reis, vereadora com o pelouro da saúde e bem-estar. Ainda no âmbito da inclusão, está prevista a criação de uma sala Snoezelen, que é uma sala multissensorial,  que tem por objectivo a estimulação sensorial e a diminuição dos níveis de ansiedade e de tensão.
Os mais idosos poderão frequentar a Academia Sénior de Saúde e Bem-Estar e desenvolver actividades fisicas ou participar em oficinas criativas, seminários, festas, convívios e passeios. Esta academia estará sediada em todas as freguesias do concelho.
As freguesias serão também visitadas por uma unidade móvel, que prestará cuidados de saúde diferenciados e integrados, dando assim resposta às necessidades de toda a população. Na viatura andarão um nutricionista, um higienista oral, um psicólogo e também um veterinário, para fazer o acompanhamento dos animais.
O programa inclui ainda a dinamização de actividades de natureza, rotas e trilhos para BTT, corrida e caminhadas, a criação de estruturas para a prática de desporto e a página na internet onde a população terá acesso a todas as informações sobre o programa e as actividades previstas. Margarida Reis realçou que este é um programa “feito a pensar na comunidade e transversal”, e que quer ter “todos os obidenses como parceiros”.
A implementação do Obidos + Ativo implica um investimento “pouco significativo”, assentando sobretudo “na gestão da eficiência de equipas que já existiam, nas escolas e noutras instituições, e que agora passarão a trabalhar em articulação”, explicou Humberto Marques. O autarca especificou ainda que a sala Snoezelen pode custar entre 16 a 30 mil euros e os aplicativos na ordem dos 12 mil euros, estando neste último caso prevista a articulação com as empresas do Parque Tecnológico.

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Perfil da saúde no concelho

As principais causas de morte da população abrangida pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Oeste Norte, entre 2012 e 2014, foram as doenças cardiovasculares (32%), tumores malignos (22%), doenças respiratórias (12%) e a diabetes, doenças endócrinas e metabólicas (7%). Os dados constam de um estudo elaborado pelo ACES Oeste Norte e que mostra que Óbidos apresenta 8,6% de diagnósticos activos de diabetes, de entre uma população em que 21,9% sofre de hipertensão arterial e 5,7 sofre de depressão.
O estudo refere também que, no que respeita à obesidade infantil, Óbidos está a consonância com a realidade nacional, em que uma em cada quatro crianças tem excesso de peso. Destas, 31% são raparigas e 25% são rapazes.
Quanto aos “estilos de vida dos alunos do ensino secundário”, um estudo realizado em 2016 e com uma amostra de 51 alunos, revela que 23,5% dos rapazes e 35,3% das raparigas já experimentaram tabaco, enquanto que 88,2% dos rapazes e 85,3% das raparigas já beberam álcool.
“Os hábitos tabágicos são um determinante de saúde que está associado ao desenvolvimento de diversas patologias sendo responsáveis por uma carga importante de mortalidade”, refere o estudo.
Fátima Pais, médica coordenadora da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Óbidos, do Aces Oeste Norte, explicou que o perfil de saúde é um documento elaborado pela unidade de saúde pública onde estão “demonstradas algumas consequências dos nossos comportamentos ao nível da saúde”. Em resposta ao presidente da Câmara sobre a possibilidade de redução em 20% dos problemas de saúde disse que “essa meta vai ficar registada”, garantindo que é importante “ir monitorizando estes indicadores ao longo dos próximos anos”.

 

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