Óbidos invadida por artistas de rua

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As artes de ruas cativaram o interesse de muitos visitantes

Vieram da França, Itália, Polónia, Argentina e juntaram-se a portugueses para, todos juntos, dinamizarem o primeiro festival de artes de rua de Óbidos. O evento, que juntou mais de 20 artistas, incluiu artes como a música, estátuas vivas, malabarismo, clowning e marionetas.

Sábado, 16h00. Diogo Duro, que durante os próximos minutos se transforma no Pituco Palhaço, começa a dispor diversos objectos no chão, junto à Porta da Vila, e a chamar os transeuntes para assistir ao seu espectáculo. O receio inicial depressa se dissipa quando o palhaço começa a fazer as suas tropelias e uma pequena multidão junta-se em seu redor.
O comediante ambulante chama crianças e adultos para o ajudar no espectáculo e a resposta é pronta, com as brincadeiras a prosseguir perante o olhar atento e divertido dos que vieram para assistir ao festival e a curiosidade dos muitos turistas que chegam para visitar a vila.
Antes, no Jogo da Bola, a actriz polaca Ola Muchin utilizou os seus bonecos feitos de feltro manufacturado para criar um espectáculo onde o “famoso” ilusionista Osvaldo Drevno surpreende a plateia com os seus truques.
Mais acima, no Largo de S. Tiago, o músico francês Eric Tarantola dava largas à imaginação, repartindo a sua actuação com a interpretação de vários instrumentos, com diferentes estilos e influências. A música podia ser escutada também junto ao Padrão Camoneano, com os FFFF a possibilitar uma viagem pela América do Sul, África e Europa Central, terminando na Europa de Leste, ou na Porta da Vila, com o multi-instrumentalista Rodrik.
Já o chef Mica Paprika teve que atrasar a sua actuação na Praça de Santa Maria, até que terminasse o casamento que se realizava na igreja em frente. O espectáculo do excêntrico cozinheiro que não tem nenhum alimento mas cria todo um imaginário com os objectos de cozinha – denominado Praprika Gourmet – atraiu bastante público aquele espaço central da vila.
Micael Rosa, que se tornou no Mika Paprika há oito anos, já tinha trazido este espectáculo de magia, equilibrismo, manipulação de objectos e humor ao Festival do Chocolate com igual sucesso. O jovem português estudou artes circenses no Chapitô e depois foi para o Brasil fazer o seu estágio profissional. Voltou à Europa e começou a apresentar o seu trabalho nas ruas.
Considera que o público português “é tímido mas, ao mesmo tempo, tem toda a alegria e vontade de participar”. Já Óbidos é o “lugar perfeito” para um festival deste género porque é uma das vilas mais visitadas do país e os turistas já estão mais habituados às artes de rua.
Também Diogo Duro partilha da opinião que faz todo o sentido haver artes de rua em Óbidos, pois trata-se de uma vila pedonal e com imenso turismo. “As pessoas passeiam e ao mesmo tempo podem usufruir de propostas culturais”, disse à Gazeta das Caldas.
O actor profissional, que também já tem actuado nas Caldas da Rainha, reconhece que no estrangeiro a sua arte é mais bem acolhida. Em Portugal “depende das circunstâncias”, diz, acrescentando que no período de férias de Verão, em que as pessoas estão mais descansadas corre bem, mas que nas cidades as pessoas “não estão predispostas a parar um pouco e divertirem-se”.
Diogo Duro refere que em todo o país começam a surgir iniciativas desta natureza, mas que é preciso que também cheguem os respectivos apoios. Defende que o trabalho que fazem tem que ser valorizado, pois quem vai ao cinema, ao futebol ou ao teatro paga um bilhete, e essa atenção que também se deve dar a este tipo de espectáculo. “O chapéu é simbólico, mas é do chapéu que vivemos”, diz sobre o objecto que passam pelo público após cada actuação e que, algumas vezes, não traz mais do que cêntimos.
No entanto, em Óbidos os artistas ficaram satisfeitos com a adesão do público, assim como a organização, a cargo da Óbidos Criativa, com a direcção artística do Studio.us. A aposta em locais situados fora da Rua Direita, como é o caso do Miradouro do Jogo da Bola, revelou-se um sucesso, com espectáculos a terem largas dezenas de pessoas a assistir.
A organização pretende dar continuidade ao Óbidos Buskers Festival no próximo ano.

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