Óbidos foi o município anfitrião das comemorações do Dia das Colectividades

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Óbidos foi no passado dia 1 de Junho o epicentro das comemorações do Dia das Colectividades, que decorrem entre 15 de Maio e 15 de Junho em Portugal e no estrangeiro, envolvendo centenas de iniciativas.
Esta efeméride data de 1924, altura em que foi fundada a Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto, e em cada ano é escolhido um município para acolher a sessão comemorativa, tendo desta vez a escolha incidido sobre esta vila.
Em 2013 as comemorações associaram-se à campanha nacional da defesa da cultura, em especial da cultura popular que se produz nas colectividades. “Reconhecemos o valor intrínseco da cultura, enquanto actividade humana vale por si, pelo valor social que gera e pelo contributo para os seres humanos se sintam mais completos e, assim, realizados”, disse Augusto Flor, presidente da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto.
O responsável disse que a cultura é um bem essencial e indispensável para o desenvolvimento cognitivo, consciência social e para a realização pessoal e colectiva dos indivíduos.
A Confederação associou-se ao Movimento 1% para a Cultura, como forma de reclamar do Estado e da sociedade uma “postura e os meios correspondentes à importância social deste bem”. Este movimento exige que Estado destine em sede de Orçamento de Estado 1% para a Cultura, quando agora a Secretaria de Estado da Cultura administra apenas 0,01% do total do orçamento.
Augusto Flor deixou um apelo aos dirigentes associativos, a nível nacional, para que integrem os núcleos regionais deste movimento.
O presidente da confederação das colectividades reconheceu também que a sociedade portuguesa está a atravessar um momento particularmente difícil, que se reflecte também no movimento associativo popular. E exemplos disso mesmo são o aumento dos custos aos bens e serviços essenciais ao associativismo, resultado do aumento da carga fiscal e supressão das taxas intermédias, com reflexo na electricidade, combustíveis, ou IMI. Por outro lado, há um acentuar das acções inspectivas e das obrigações legais e fiscais, como é o caso da facturação electrónica, “sem ter em conta as características do nosso movimento, que pela sua natureza social, devia ser objecto de discriminação positiva”, defendeu.
Esta situação, que tende a agravar-se, tem “profundas e nefastas consequências” para o movimento associativo, levando a que muitos dos dirigentes deixem os seus cargos e, por outro lado, não hajam interessados em integrar os órgãos sociais das colectividades. Augusto Flor defendeu que esta situação só se resolve com a mudança de politicas e a “recuperação da nossa soberania politica, económica, social e cultural”.

Homenagem ao associativismo local

Presente na cerimónia, o vice-presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, destacou que o poder autárquico tem sido uma espécie de “muleta” das colectividades, mas que também ele tem sentido os cortes da administração central. “O poder local confronta-se hoje com cortes substanciais nos seus orçamentos e é confrontado com a escolha entre fazer o que é essencial ou não”, disse o autarca, acrescentando que em Óbidos a Cultural é um investimento fundamental.
O também candidato à Câmara de Óbidos disse mesmo desconhecer como era grande o desinvestimento deste governo numa área que considera estratégica para o desenvolvimento, dando conta que em Óbidos o investimento feito neste sector é da ordem dos 15%.
Em Óbidos estão actualmente activas no concelho 79 organizações, entre IPSS e associações. A Câmara criou recentemente o gabinete de apoio às colectividades, que tem por objectivo prestar-lhes apoio jurídicos e ajudá-las a descobrir “gavetas” financeiras para fazerem projectos.
No evento, que decorreu no auditório da Casa da Música foram também homenageadas diversas entidades, entre elas a Sociedade Filarmónica e Recreativa Gaeirense, a colectividade mais antiga do concelho (com 87 anos) em representação de todo o associativismo local. Também a Rádio Litoral Oeste  foi distinguida como o órgão de comunicação social pela confederação este ano.
A cerimónia foi pautada por momentos culturais dinamizados pelos “Os Gaiatos da Vila” (teatro), Cláudio Rodrigues (poesia) e pela Orquestra Ligeira da Sociedade Filarmónica e Recreativa Gaeirense. Durante a manhã, a Praça de Santa Maria foi palco de diversos jogos tradicionais.

Fátima Ferreira

fferreira@gazetadascaldas.pt

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